A EMBRAPA Enviará Sementes Para a Estação Espacial Internacional (ISS) no Dia de Hoje (01/08) Para Serem Analisadas em Ambiente de Microgravidade

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Foto: Jaguar Space/Ivan Castro Guatemala 
Carga útil com as sementes dos países participantes.

O lançamento da Missão NASA Crew-11, inicialmente previsto para quinta-feira (31/07), foi adiado para esta sexta-feira (01/08) devido a condições climáticas desfavoráveis. A missão partirá às 12h43 (horário de Brasília), a bordo da Cápsula Dragon, da SpaceX, no Foguete Falcon 9, a partir do Kennedy Space Center, na Flórida (EUA). Além da nova tripulação, a bordo estará uma carga especial: sementes de morango, orquídeas e grama, que serão estudadas por cientistas brasileiros.
 
O Brasil participa do projeto por meio da Rede Space Farming Brazil, que selecionou quatro espécies em colaboração com pesquisadores da Embrapa e da Universidade da Flórida. As sementes, fornecidas pela instituição americana, permanecerão na Estação Espacial Internacional (ISS) por sete dias e retornarão à Terra com a missão anterior, a Crew-10.
 
O experimento integra a carga útil "World Seeds", organizada pela empresa americana Jaguar Space. A iniciativa reúne sementes de 11 países de cinco continentes, com o objetivo de estudar os efeitos do ambiente espacial no desenvolvimento vegetal.
 
Primeira Missão da Space Farming Brazil
 
Esta é a primeira vez que a Rede Space Farming Brazil envia um experimento à Estação Espacial Internacional. A iniciativa representa um marco para o país, contribuindo para o avanço da ciência brasileira em estudos espaciais e no envio de cargas úteis biológicas ao espaço. A ISS funciona como um laboratório orbital, permitindo pesquisas impossíveis em condições terrestres.
 
A convite da Jaguar Space — sem custos para o Brasil —, a Rede Space Farming Brazil teve a oportunidade de enviar sementes para a missão. Devido ao espaço físico reduzido destinado ao experimento (um tubo com 8 cm de altura e 1,2 cm de diâmetro), não foi possível enviar mudas de batata-doce e sementes de grão-de-bico, conforme planejado inicialmente.
 
Segundo a pesquisadora Alessandra Fávero, da Embrapa Pecuária Sudeste e coordenadora da Rede, a Universidade da Flórida disponibilizou material do seu banco genético aos pesquisadores brasileiros, viabilizando a participação. Foram selecionadas espécies de pequeno porte e de interesse estratégico para o Brasil: grama-batatais (Paspalum notatum), morango (Fragaria x ananassa) e duas orquídeas nativas (Epidendrum nocturnum e Dendrophylax porrectum).
 
O Que Será Estudado
 
Durante o período em que estiverem na ISS, as sementes serão expostas à microgravidade, ambiente que pode provocar mutações genéticas com potencial para gerar características desejáveis, como maior resistência ou produtividade. Ao retornarem à Terra, as amostras serão analisadas por pesquisadores da Rede para avaliar os efeitos da exposição espacial.
 
No caso da grama-batatais, o objetivo é investigar a possibilidade de surgirem variantes que não floresçam nem produzam sementes. Essa característica é desejável em áreas como aeroportos, pois reduz a necessidade de poda frequente e diminui a atração de aves, aumentando a segurança das operações de voo.
 
O estudo com morango busca avaliar o impacto da microgravidade nas sementes, especialmente diante da dependência brasileira de mudas importadas de alta qualidade. Hoje, os custos de produção de morango podem ultrapassar R$ 240 mil por hectare, com as mudas representando até um terço desse valor. Além disso, as mudas nacionais enfrentam desafios fitossanitários que limitam a expansão da cultura no país.
 
Já as sementes das orquídeas Epidendrum nocturnum e Dendrophylax porrectum permitirão observar possíveis alterações morfológicas causadas pela exposição ao ambiente espacial, com ênfase em mudanças nas flores.
 
Sobre a Missão Jaguar Space
 
A Missão Jaguar Space tem como foco estudar como o ambiente espacial afeta sementes antes da germinação, especialmente em relação à ativação genética e às vias metabólicas. O objetivo é gerar conhecimento que possa beneficiar tanto a agricultura terrestre quanto as futuras missões espaciais.
 
A hipótese é que a microgravidade induza novas rotas moleculares nas plantas, com impactos relevantes em termos de crescimento, resistência ao estresse e adaptação a ecossistemas diversos.
 
Além do Brasil, participam da missão países como Argentina, Armênia, Costa Rica, Egito, Guatemala, Índia, Maldivas, Nigéria e Paquistão. O experimento tem valor estratégico para a segurança alimentar e o avanço da agricultura em ambientes extremos.
 
Instituições Envolvidas
 
A missão conta com a colaboração de diversas instituições internacionais, entre elas:
 
* Agência Espacial Argentina (CONAE)
 
* Embrapa (Brasil)
 
* University of Florida (EUA)
 
* Universidad de Costa Rica
 
* Protoplanet (Índia)
 
* Organização de Pesquisa Espacial das Maldivas (MSRO)
 
* SENACYT e ICTA (Guatemala)
 
* Agência Espacial Nigeriana (NASRDA)
 
* The Karman Project
 
* SETI Institute
 
* Deep Space Initiative
 
* Space in Africa
 
Space Farming Brazil
 
Criada oficialmente em 2023, após a assinatura de um protocolo entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB), a Rede Space Farming Brazil atua como um ecossistema de inovação voltado à agricultura em ambientes extremos. Atualmente, reúne 56 pesquisadores de 22 instituições, entre universidades, centros de pesquisa e organizações espaciais, tanto no Brasil quanto no exterior.
 
A SpaceX fará a transmissão ao vivo do lançamento em seu site oficial, com início aproximadamente uma hora antes da decolagem.
 
Caso os nossos entusiastas queiram conferir como será essa tentativa de lançamento dessa Missão da Cápsula Dragon da SpaceX  indico o link abaixo do Canal AstroAnimatorVFX, do nosso jovem e talentoso amigo Christiano Brandão.
 

Brazilian Space
 
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