O 'Módulo Resilience' da Startup Japonesa 'Ispace' Está Pronto Para Sua Tentativa de Pouso Lunar na Tarde de Amanhã (05), às 16h17, no Horário de Brasília
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Crédito: ispace
No dia de hoje (04/06), o portal SpaceNews noticiou que, como já havíamos informado, a empresa japonesa ispace está prestes a fazer sua segunda tentativa de pousar na Lua amanhã (05/06), enquanto mira em módulos lunares maiores e mais ambiciosos no futuro.
De acordo a nota do portal, a empresa, com sede em Tóquio, revisou ligeiramente o horário de pouso do módulo Resilience em um comunicado no final do dia 3 de junho. O pouso, na região de Mare Frigoris, no hemisfério norte do lado visível da Lua, agora está agendado para as 15h17 no horário da Costa Leste dos EUA (16h17 no horário de Brasília) do dia 5 de junho, sete minutos antes do horário anunciado anteriormente.
A alteração no horário do pouso, segundo a ispace, ocorreu após engenheiros revisarem as manobras realizadas em 28 de maio para reduzir a órbita da espaçonave para 100 quilômetros. “A revisão da órbita, do desempenho da espaçonave e da sequência de pouso resultou na atualização do horário”, afirmou a empresa.
O Resilience foi lançado em janeiro no mesmo foguete Falcon 9 que levou o módulo lunar Blue Ghost 1, da Firefly Aerospace. Enquanto o Blue Ghost conseguiu pousar com sucesso na Lua em 2 de março, o Resilience seguiu uma trajetória mais longa e de baixa energia, chegando a 1,1 milhão de quilômetros da Terra antes de retornar e entrar em órbita lunar em 6 de maio.
Esta é a segunda tentativa da ispace de pousar na Lua. O primeiro módulo da empresa, de design semelhante ao Resilience, caiu durante uma tentativa de pouso em abril de 2023. A empresa concluiu que um problema de software fez com que a espaçonave acreditasse estar na superfície, quando ainda estava a cinco quilômetros de altitude.
“Desde então, usamos essa experiência como motivação para seguir em frente com determinação”, disse Takeshi Hakamada, fundador e CEO da ispace, em comunicado de 4 de junho. “Estamos agora no início de nossa próxima tentativa de fazer história.”
Crédito: The Moonhouse
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| O rover Tenacious, da ispace, vai implantar a Moonhouse, uma pequena casa-modelo desenvolvida por um grupo liderado pelo artista sueco Mikael Genberg. |
Cargas Úteis
O módulo de pouso carrega diversas cargas úteis de empresas japonesas e de uma universidade de Taiwan, incluindo um eletrólito de água, um experimento de produção de alimentos e um estudo sobre radiação no espaço profundo. Também leva uma “placa comemorativa de liga metálica” da Bandai Namco Research Inc., braço de pesquisa da empresa de entretenimento japonesa Bandai Namco. Segundo relatórios financeiros da ispace, as cargas comerciais no módulo somam contratos no valor de US$ 16 milhões.
Além dessas cargas, o Resilience transporta um pequeno rover, o Tenacious, desenvolvido pela subsidiária europeia da ispace. Ele está equipado com câmeras e uma pá para coletar regolito lunar. Essa amostra será vendida à NASA por US$ 5.000, conforme acordo anunciado em 2020, como parte do esforço da agência para estabelecer precedentes sobre direitos de recursos espaciais.
O Tenacious também leva um projeto artístico chamado Moonhouse, desenvolvido por um grupo liderado pelo artista sueco Mikael Genberg. A Moonhouse é uma maquete de uma típica casa sueca, com dimensões de 12 x 10 x 8 centímetros e peso de 100 gramas. O rover irá implantar a casa na superfície lunar, preferencialmente em um local onde ela possa ser fotografada com a Terra ao fundo.
“Tudo na cultura se resume a uma coisa: tentamos comunicar e re-comunicar o que significa ser humano, o que é a vida”, disse Genberg sobre o projeto durante uma coletiva no dia 4 de junho. Colocar uma casa típica na Lua oferece uma nova perspectiva sobre essa questão, argumentou. “O que realmente criaria essa perspectiva seria uma casa vermelha na superfície da Lua.”
A Moonhouse foi produzida com tecnologias de impressão 3D em alumínio e usa uma tinta vermelha personalizada resistente ao ambiente espacial. A empresa que participou do projeto havia avisado que não seria possível imprimir a casa conforme o design original, mas descobriu que era, sim, viável. “Nesse sentido, sentimos que talvez tenhamos impulsionado a tecnologia um pouco mais adiante”, disse Genberg.
Assim que a equipe encontrar um local apropriado para a Moonhouse, o rover irá até lá e disparará um mecanismo para liberar a casa, que cairá oito centímetros até a superfície. Isso exigiu testes extensivos em uma instalação da Agência Espacial Europeia, com um terreno simulado da Lua. “Estamos tão preocupados com esses últimos oito centímetros quanto a ispace está com seu pouso”, disse Emil Vinterhav, chefe técnico do projeto.
Genberg preferiu não divulgar o custo total do projeto Moonhouse, incluindo o envio à Lua, dizendo apenas que foi comparável ao de “uma casa muito boa com uma boa piscina” na Terra.
“Essa casa é, talvez, um símbolo para o futuro da vida”, disse ele, argumentando que, para a vida continuar, ela precisa se expandir além da Terra. Ele então citou um comentário de um político sueco aposentado: “Talvez uma casa na Lua seja exatamente o que o mundo precisa agora.”
Finanças e Planos Futuros
Enquanto o Resilience se prepara para o pouso, a ispace está trabalhando ativamente em mais dois módulos lunares. A subsidiária americana da empresa está construindo o módulo Apex 1.0 para a chamada Missão 3, uma missão do programa CLPS (Commercial Lunar Payload Services) da NASA liderada pela Draper. Essa missão está agora programada para 2027, após uma mudança nos motores do módulo anunciada em 9 de maio, que adiou o lançamento originalmente previsto para 2026.
No Japão, a ispace está construindo um módulo separado para a Missão 4, também prevista para 2027. Esse módulo terá um novo design, chamado Série 3, e conta com US$ 80 milhões em apoio financeiro do governo japonês. A missão também colocará em órbita um satélite financiado pelo Fundo de Estratégia Espacial da JAXA para buscar gelo e metais sob a superfície lunar. A empresa afirmou que espera ter um “papel central” no desenvolvimento desse satélite.
Em uma apresentação de resultados financeiros em 9 de maio, a ispace traçou um plano para mais missões com módulos construídos nos EUA e Japão, prevendo mais três missões entre 2028 e 2029. Isso dependerá, em parte, da capacidade da ispace dos EUA de vencer licitações do CLPS em parceria com outras empresas. Em abril, a ispace dos EUA anunciou um acordo com a Redwire — uma das empresas do contrato CLPS — para buscar futuras missões juntas.
Para o ano fiscal encerrado em março de 2025, a ispace registrou receita líquida de 4,74 bilhões de ienes (US$ 32,9 milhões) e prejuízo líquido de 11,9 bilhões de ienes. Para o ano fiscal atual, a empresa projeta receita líquida de 6,2 bilhões de ienes e prejuízo de 8,3 bilhões de ienes. A empresa está cobrindo esses prejuízos com empréstimos, incluindo um de US$ 35 milhões do Mizuho Bank, anunciado em 14 de maio, e outro de US$ 70 milhões do Sumitomo Mitsui Banking Corporation, anunciado em 22 de maio.
“Nossa meta é construir a economia cislunar, em que a Lua e a Terra estejam conectadas econômica e socialmente. Vemos o sucesso do pouso lunar como apenas um passo em direção a esse objetivo”, disse Hakamada em seu comunicado de 4 de junho, referindo-se ao pouso do Resilience. “Acreditamos que essas missões abrem a porta do espaço para mais pessoas.”
Brazilian Space
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