Defesa Encaminha ao MPOG Criação da Alada, Empresa Estatal do Setor Aeroespacial
Olá leitor!
Veja agora uma interessantíssima reportagem postada também
na edição nº 49 de Agosto do “Jornal do SindCT”,
esta destacando que o Ministério da Defesa (MD) encaminhou ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) a criação da “Empresa de Projetos
Aeroespaciais do Brasil S.A (Alada)’, empresa estatal do setor aeroespacial.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Defesa Encaminha Criação da Alada,
Empresa Estatal do
Setor Aeroespacial
Projeto Encontra-se Sob Análise do MPOG
Por Antonio Biondi
Jornal do SindCT
Edição nº 49
Agosto de 2016
Compreender e debater o projeto da Alada pode colaborar
para lançar luz sobre a questão que precede a própria criação da empresa: o que
se deseja do PNAE e como chegar a esse objetivo? Em meio ao cenário de
turbulência e indefinição política, o Ministério da Defesa (MD) atua em
Brasília pela criação de uma nova empresa estatal, a Alada - Empresa de
Projetos Aeroespaciais do Brasil S.A., voltada ao desenvolvimento de
iniciativas no âmbito do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
Anunciado pelo MD de modo mais assertivo no final de 2015
(quando o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff ainda não havia
sido iniciado), o projeto ganhou novo impulso nos últimos meses, a partir de
gestões da Defesa junto à Casa Civil do governo interino de Michel Temer. Em
novembro de 2015, por exemplo, o Programa “FAB Entrevista”, do canal da Força
Aérea Brasileira (FAB TV), entrevistou o comandante da Aeronáutica,
tenente-brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, que destacou a perspectiva de criação
da Alada.
O caminhar da iniciativa, atualmente sob análise do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), dialoga não somente com
as disputas mais gerais da política nacional, mas reflete, sobretudo, as
indefinições da política nacional para o setor. Compreender e debater melhor o
projeto da Alada pode colaborar, nesse sentido, para lançar luz sobre a
pergunta que precede a própria criação da empresa: o que o Brasil deseja do
PNAE e como pretende chegar a esse objetivo?
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Força Aérea
Brasileira, a Alada, que se vincularia ao MD por meio do Comando da Aeronáutica
(Comaer), “tem como objetivo principal atuar no âmbito de projetos e
tecnologias aeroespaciais sensíveis, atendendo a imperativos de segurança
nacional”. A empresa visa, nesse sentido, “ao desenvolvimento do mercado de
produtos de defesa, que envolve várias outras empresas e segmentos, que farão
parte também dessa cadeia produtiva, com a consequente geração de novos
empregos de alta qualificação”.
Questionado se a empresa estatal terá como objetivo
principal comercializar o foguete VSB-30 e se também se destinará à
comercialização de satélites, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
(CCS) declarou ao Jornal do SindCT que “a Alada poderá participar de projetos
inseridos no PNAE, em especial, no desenvolvimento de veículos lançadores de
satélites e microssatélites”.
Além dos itens citados acima, a Alada terá como objetivo
“estimular e apoiar técnica e financeiramente as atividades de pesquisa e de
desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do setor aeroespacial ou
setores afetos ao seu objeto social, inclusive pela prestação de serviços; em
busca da autossuficiência nacional nas áreas espacial e aeronáutica”. A criação
da empresa também passa pela expectativa de se “reverter a indesejável situação
atual, de forte dependência dos fornecedores estrangeiros, especialmente para
materiais que envolvem tecnologias sensíveis e sofrem restrições para
exportação”.
“Velhos Vícios”
Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da
Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e colunista da Folha de S. Paulo, afirmou, em
texto publicado em 23 de junho (“Caiu do Céu”), que a ideia da criação da
estatal aeroespacial pela Aeronáutica “reproduz os velhos vícios que condenaram
o programa espacial brasileiro ao atraso: um cheque em branco para uma
empreitada de resultado duvidoso e sem garantia de receitas, que ainda
incentiva a canibalização entre Aeronáutica, Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais, Telebras e outras”, que possuem anos de experiência e vasta
expertise em projetos no setor.
Por outro lado, empresas privadas como Avibras e Embraer
(esta, uma ex- -estatal privatizada na era FHC), por exemplo, que atuam na área
e são parceiras estratégicas do governo (dispondo de livre acesso a polpudos
recursos públicos), encontram-se entre os outros atores do setor espacial que
podem ser afetados pela perspectiva de criação da Alada.
A Embraer é sócia do governo federal na Visiona (ao lado
da Telebras), tendo como principal projeto nesse primeiro momento da empresa
mista a construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC).
Já a Avibras atua em uma série de projetos e iniciativas com o MD, entre as
quais o desenvolvimento do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1), e
recebe recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência federal
de fomento.
Ao nos depararmos com todas essas questões, impossível ao
leitor atento não indagar, por exemplo, qual a relação entre a criação da Alada
e o fracasso da parceria entre Brasil e Ucrânia na Alcantara Cyclone Space
(ACS), empresa binacional hoje em processo oficial de extinção.
Ou mesmo se há algum vínculo entre a ideia da Alada e a
“morte” do projeto Veículo Lançador de Satélites-1 (VLS- 1), anunciada no
início de 2016. Ou, ainda, se o projeto de criação da nova estatal tem algo a
ver com as dificuldades verificadas nos contratos sob responsabilidade da
Mectron-Odebrecht. E, a pergunta principal, mais uma vez a martelar: que modelo
será aplicado no setor aeroespacial brasileiro, afinal?
Quanto à capitalização inicial da empresa e ao
questionamento sobre quem responderá pela injeção inicial desses recursos, o
CCS informou que a Alada será uma empresa pública não dependente, com aporte de
capital inicial feito por integralização prevista na Lei Orçamentária Anual
(LOA) — ou seja, o montante inicial dessa capitalização deve ter origem em
recursos da União. A partir desse primeiro movimento, “com a implantação
escalonada de suas atividades, a Alada terá também como fonte de recursos os
potenciais contratos comerciais e convênios que venham a ser firmados com
outras instituições públicas e civis, nacionais e estrangeiras que demandem
seus produtos”.
Segundo o ministro interino da Defesa, Raul Jungmann, a
criação da Alada é “parte de um eixo muito mais amplo para trabalhar fontes
alternativas e novos modelos de financiamento” (que pode passar, ainda, pela
criação de uma outra empresa pública ligada à Aeronáutica). O Jornal do SindCT
perguntou à Aeronáutica, por fim, como será a gestão da empresa e se já estão
definidos os nomes de sua diretoria e conselho de administração. O CCS afirmou
que, quando forem definidos os quadros de diretores e do conselho de
administração, a Alada seguirá o preconizado na Lei 13.303/2016, conhecida como
“Lei de Responsabilidade das Estatais”.
Promulgada em 30 de junho de 2016, sob o governo interino
de Michel Temer, essa lei dispõe sobre o estatuto jurídico das empresas
públicas, das sociedades de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 49ª – Agosto de
2016
Comentário: Bom leitor, creio que esse assunto seja do
interesse de todos e acredito que nossos leitores deveriam expor suas opiniões sobre
esta nova iniciativa da FAB. O que vocês acham???
Bom, pelo que eu entendi,a Aeronáutica está dando um basta a toda essa essa falta de competência do PEB e procurando construir um caminho próprio. É sabido que os militares são muito mais organizados e competentes, além do patriotismo inegável. Se a Aeronáutica tiver o apoio necessário, eu acredito no sucesso da ALADA. Absolutamente.
ResponderExcluirALADA – Empresa de Projetos Aeroespaciais do Brasil S.A. - Estamos observando o andamento da tal (ALADA).
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