IAE Inicia Integração de Experimentos Para Operação Rio Verde
Olá leitor!
Segue abaixo agora a nota postada hoje (24/10) no site do
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), destacando que o instituto já deu
início a integração de experimentos para a “Operação Rio Verde”.
Duda Falcão
IAE Inicia Integração de
Experimentos
Para Operação Rio Verde
Publicado: 24 Agosto 2016
Última atualização em 24 Agosto 2016
A Operação Rio Verde, prevista para ocorrer em novembro
de 2016, visa cumprir a etapa final da 2a Chamada do 4o Anúncio de
Oportunidades (AO) do Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira
(AEB), que financiou o desenvolvimento de cinco experimentos desenvolvidos pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). O sexto experimento foi desenvolvido com a
colaboração do IAE, enquanto os dois últimos foram integralmente desenvolvidos
pelo IAE.
Entre os dias 15 e 18 de agosto foram realizados com
sucesso os testes de recebimento das cablagens de voo e o primeiro teste de
sistema integrado, em que foram ligados simultaneamente os oito experimentos
que irão ao espaço a bordo o foguete brasileiro VSB-30. Os testes foram
realizados nas dependências do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE),
localizado em São José dos Campos, SP. O IAE é a organização responsável pelo
desenvolvimento do foguete, que será lançado a partir do Centro de Lançamento
de Alcântara (CLA), localizado no Estado do Maranhão durante a Operação Rio
Verde.
O Programa Microgravidade
O Programa Microgravidade foi criado em 27 de outubro de
1998 pela AEB com o objetivo colocar ambientes de microgravidade à disposição
da comunidade técnico-científica brasileira, provendo meios de acesso, e
suporte técnico e orçamentário para a viabilização de experimentos nesses
ambientes. O gerenciamento das atividades é de responsabilidade da AEB e conta
com a colaboração do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e da comunidade
acadêmica nacional pertencente aos cursos de engenharia aeroespacial.
Os Experimentos
Os experimentos são alojados no interior da carga-útil,
conforme ilustrado na figura abaixo. A carga-útil compreende a parte superior
do foguete VSB-30. Após consumirem 1.550 kg de propelente nos 42 segundos
inicias de voo os dois motores-foguetes do VSB-30 são descartados caindo no
mar. A carga-útil, contudo, continua seu movimento ascendente atingindo uma
altura máxima de 250 km. A altitude de 100 km é considerada o limite superior
da atmosfera terrestre. Acima dessa altitude considera-se o vácuo do espaço. A
ausência de forças propulsivas, combinada à ausência de atrito com a atmosfera
e à eliminação da rotação do veículo em torno de quaisquer dos seus eixos, faz
com que sejam estabelecidas a condição de microgravidade no interior da
carga-útil. Nessa condição, qualquer objeto solto no interior da carga-útil
flutuará. Para o caso do VSB-30 essa condição é estabelecida aos 80 segundos de
voo, quando a carga-útil encontra-se a 110 km de altitude, tendo a duração de 6
minutos. Ao reentrar na atmosfera terrestre a carga-útil é desacelerada por
atrito e, posteriormente, são acionados os paraquedas com intuito de reduzir a
velocidade de impacto com o mar.
Helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB) fazem o
resgate da carga-útil no mar. Em solo, os experimentos são retirados da
carga-útil e entregues aos pesquisadores que os desenvolveram. Na operação Rio
Verde o VSB-30 levará ao espaço oito experimentos. São eles:
1. MPM-A: Novas tecnologias de meios porosos para
dispositivos com mudança de fase, desenvolvidos pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Os minitubos de calor fazem uso do calor latente de
fusão e do efeito capilar para transportar energia de uma fonte quente para uma
fria. Esses dispositivos podem ser utilizados para o controle térmico tanto de
equipamentos eletrônicos no espaço como em terra;
2. MPM-B: Novas tecnologias de meios porosos para
dispositivos com mudança de fase, desenvolvidos pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Tem a mesma finalidade do MPM-A, mas enquanto o fluido
de trabalho do experimento MPM-A é o metanol, o MPM-B utiliza o fluido refrigerante
denominado HFE7100;
3. VGP2: Os efeitos da microgravidade real no sistema
vegetal cana de açúcar, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN). Trata-se de um experimento biológico que tem por objetivo avaliar
os efeitos na microgravidade sobre o DNA da cana de açúcar;
4. E-MEMS: Sistema para determinação de atitude de
veículos espaciais, desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
O objetivo deste experimento é fazer uso de sensores comerciais para
determinação de atitude de sistemas espaciais;
5. SLEM: Solidificação de ligas eutéticas em microgravidade, desenvolvido pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Este experimento contempla o
desenvolvimento, construção e qualificação de um forno elétrico com capacidade
de fundir (300 oC) amostras de 3 materiais distintos. Ao atingir o ambiente de
microgravidade, o forno é desligado e ocorre a solidificação das ligas;
6. GPS: Modelos de GPS (Sistema de Posicionamento Global)
para aplicações em veículos espaciais de alta dinâmica, desenvolvido pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com a colaboração do
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Esse equipamento fornece a latitude,
longitude e altitude da carga-útil durante todas as fases do voo do foguete;
7. SMA: Sensor Mecânico Acelerométrico, desenvolvido pelo
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Servirá para ativação de linhas de
ignição, após submetida a uma aceleração entre 4 e 6 vezes a aceleração da
gravidade. Com esse dispositivo, ainda em fase de qualificação, objetiva-se
elevar a segurança do veículo, evitando-se, por exemplo, que sistemas
pirotécnicos sejam acionados, intempestivamente.
8. CCA: Circuito de Comutação e Atuação, desenvolvido
pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Modelo de desenvolvimento do
sequenciador de eventos pirotécnicos e comutação de energia funcional.
Etapas Anteriores
Os experimentos MPM-A, MPM-B, VGP2, E-MEMS e SLEM foram
selecionados pela Agência Espacial Brasileira em abril de 2013. Em setembro do
mesmo ano foi realizado no IAE o Seminário de Nivelamento, por meio do qual os
pesquisadores da UFSC, UFRN, UEL e INPE e os técnicos do IAE trocaram valiosas
informações, que permitiram o envio ao IAE do Projeto Preliminar (final de
2013) e Projeto Detalhado (final de 2014) de cada projeto. Em abril de 2014 os
pesquisadores visitaram o CLA para conhecerem suas instalações. Entre março e
maio deste ano os experimentos foram entregues ao IAE onde foram testados
individualmente em condições similares às de voo.
Próximas Etapas
Além dos experimentos, a carga-útil é composta dos
subsistemas de recuperação (paraquedas) telemetria e controle, que serão
integrados em outubro. Uma vez integrada a carga-útil completa (experimentos,
sistema de recuperação e sistema de controle) será submetida a um novo teste de
sistema integrado, balanceamento da carga útil, a ensaios para determinação das
propriedades de massa e testes adicionais de vibração, que visam simular as
vibrações presentes durante o voo real. Durante esses testes, também realizados
nas dependências do IAE, todos os experimentos e demais sistemas eletrônicos
são ligados e os seus funcionamentos verificados. Findos os testes, a
carga-útil integrada é transportada para Alcântara a bordo de avião cargueiro
da Força Aérea Brasileira. No CLA ocorre a integração da carga-útil aos dois
motores que compõem o VSB-30. A partir da integração do foguete à Plataforma de
Lançamento o monitoramento e controle dos experimentos ocorrem através dos
umbilicais, conjunto de cabos elétricos e conectores que ligam o foguete à
Casamata, local blindado onde ficam abrigados os operadores do centro de
lançamento e os responsáveis pela operação dos experimentos e do veículo.
Concluída a contagem regressiva, o foguete deixa a Plataforma de Lançamento,
automaticamente desconectando-se dos umbilicais. Durante os dez minutos de voo
os experimentadores recebem informações dos seus experimentos por meio de ondas
eletromagnéticas enviadas pelo sistema de telemetria do foguete. Essas
informações são também gravadas pelos sistemas de aquisição de dados de cada
experimento, sendo acessadas após a recuperação da carga-útil.
Apresentação
O sistema integrado foi apresentado à Alta Direção do
DCTA, Ten Brig Egito, Diretor e Maj Brig Fernando, Vice-Diretor, em visita
realizada no dia 16 de agosto, onde o Diretor do IAE, Brig Otero e o
Coordenador dos experimentos, Dr. Bezerra, esclareceram às autoridades todos os
pontos supracitados e tiraram dúvidas, juntamente com a equipe técnica que os
acompanhava
Fonte: Site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
Comentário: Que bom, mais uma notícia
boa, estamos nos aproximados da realização de mais uma etapa deste “Programa
Microgravidade” da AEB, programa este que nunca funcionou dentro de seus prazos
estabelecidos, bem diferente dos projetos europeus de microgravidade atendidos
por este mesmo Foguete VSB-30. Vamos torcer para que essa seja uma missão exitosa. Leitor, atenção,
fique atento para alguns desses experimentos que estarão abordo.
Excelente notícia. Acredito que a capacidade científica e tecnológica do país é muito maior hoje, que anos atrás, devido ao aumento do número dos cursos de Engenharia aeroespacial no Brasil. Aliado à diminuição do tamanho dos satélites e consequentemente dos foguetes, as possibilidades de êxito do país em satelizar um engenho, aumentam muito. Pela presença de jovens nas fotos, parece que está havendo renovação de recursos humanos, o que é muito positivo.
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