MCTI Não Endossa Tentativas de Transferir Gestão do INPE Para “Organização Social”
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de setembro do “Jornal do
SindCT” destacando que o
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) não endossa tentativas de transferir gestão do
INPE para a tal “Organização Social”.
Duda Falcão
NOSSA
PAUTA
MCTI Não Endossa Tentativas
de Transferir
Gestão do INPE Para “Organização Social”
Emília Curi, Secretária
executiva, nega apoio à privatização
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 40
Setembro de 2015
“Número 2” do
MCTI diz que custos do modelo o tornam inapropriado no presente momento. Ela
atribui ao interesse isolado de pesquisadores as iniciativas em curso. E
informa que o ministro não apoia o modelo. Durante reunião entre o Fórum de
C&T e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a secretária
executiva da pasta, Emília Curi, declarou que este não é momento para criação
de “Organização Social” (OS), porque implica um custo elevado para fazer todas
as adaptações e o governo está determinado a cortar gastos; que o ministro Aldo
Rebelo, particularmente, considera que OS não é o melhor caminho; e que toda e
qualquer movimentação destinada a transferir a gestão de órgãos públicos para
OS reflete apenas iniciativas isoladas de alguns pesquisadores.
Tais iniciativas
citadas por Emília estão relacionadas, no entanto, às duas portarias do MCTI
que criam comissões encarregadas, em tese, de elaborar um diagnóstico dos
órgãos vinculados à pasta. O que seria admissível, não fosse o fato de quase
todos os membros das comissões atuarem em alguma OS.
Entre eles
sobressaem-se Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que criou a primeira OS do MCTI
e é um grande defensor do modelo, e Helena Nader, presidente da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), instituição que faz defesa apaixonada
deste modelo de gestão. A reportagem conversou com diversos gerentes de
projetos que receberam a comissão presidida por Cerqueira Leite no INPE e no CEMADEN.
Todos avaliam
que a finalidade real da visita foi mesmo fazer campanha para transferir para
“Organizações Sociais” a gestão desses órgãos. “Apresentamos tudo do INPE.
Ficou até bonito. Cada área mostrou a sua parte. Mas eles não queriam saber de
indicadores ou informações de projetos. A cada palavra, jogavam a questão da
OS. Ficou claro para todos nós qual era o objetivo deles, e certamente não era
fazer diagnóstico”, disse um deles.
Alto Custo
Esse mesmo
gerente de projeto explica que tal modelo não se sustenta por muito tempo
devido ao alto custo. “Ficaria muito mais caro para o governo, porque tem que
adequar tudo, repor quadros, pagar salários de mercado para não arriscar perder
ninguém, além de muitos outros itens.
Se o governo
está com dificuldade em pagar como está, por que com OS teria? Hoje há alguns
bons exemplos de OS, porque temos no MCTI seis. E se tivermos 15? E se o
governo brasileiro resolvesse fazer mais 300? Qual será a prioritária na hora
de receber as verbas?”, questiona. “A estabilidade dos funcionários públicos
não é um privilégio”, prossegue o servidor do INPE. “É um mecanismo que foi
criado há muitos anos para que ele possa realmente defender o Estado, porque
mesmo que ele fique contra a chefia ao defender algum princípio, dificilmente
será demitido.
Por essa razão,
política de Estado tem que ser feita por pessoas do Estado”. Apesar de o MCTI
rejeitar o modelo das “Organizações Sociais”, a Agência Espacial Brasileira
(AEB) defende uma posição bem diferente. “A AEB entende ser essa (OS) uma
alternativa prevista no marco legal do MCTI, que já possui diversas
Organizações Sociais a ele vinculadas. Trata-se, como se sabe, de iniciativa
que visa aprimorar a gestão de organizações públicas, e que poderia
eventualmente trazer melhorias para a gestão do Programa Espacial Brasileiro.
No entanto, um
exame mais aprofundado sobre os eventuais impactos no PEB não ocorreu até a
presente data”, declarou ao Jornal do SindCT, em nota, seu coordenador de
projetos, Petrônio Noronha.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 40ª - Setembro de 2015
Comentário: Bom leitor parece-me que a criação dessas “OS”
poderá realmente melhorar a situação, mas não resolverá a situação. Não creio
que seja essa a solução e sim um paliativo para burlar legalmente as
dificuldades impostas principalmente pela legislação vigente. É claro que alguns ajustes precisam ser feitos
no modelo atual, mas não com paliativos e sim atacando de verdade os problemas
existentes. O governo precisa se comprometer fornecendo os recursos financeiros,
humanos, e de infraestrutura necessários, gerando demanda de projetos, adequando
à legislação vigente, estimulando a formação de profissionais e o interesse
pelas ciências espaciais no setor educacional em todos os níveis, estabelecendo
uma verdadeira política industrial para o setor, estabelecendo metas e prazos,
transformando o PEB em um programa de estado, colocando as pessoas certas nos
cargos certos de gestão administrativa e de gestão de execução e por fim,
cobrando resultados, tudo isto pode ser descrito em uma única palavra, ou seja,
COMPROMISSO. Feito isso e mais algumas pequenas mudanças na área de gestão de
execução nos órgãos executores, como por exemplo: A direção do IAE não pode
continuar mudando de mãos de dois em dois anos e não precisa ser
necessariamente de um militar, poderia ser também ocupada por um civil ou não,
desde que tenha compromisso, esteja motivado para fazer a diferença e que seja dinâmico,
sendo militar ou não. Já no caso da gestão administrativa, mais especificamente
na Gestão da AEB, que sejam escolhidos profissionais realmente e unicamente
comprometidos em conduzir o PEB com eficiência e visão, deixando a política
para os políticos, mas estando presente cobrando e mostrando a esses
energúmenos as escolhas corretas para o setor. Se isso tivesse sido feito
leitor desde o governo SARNEY o que hoje é enxergado por parte da comunidade
como uma solução (as OS), nem seria cogitado e o Brasil certamente estaria
entre os países do Clube Espacial. Utopia? Da forma como a política é conduzida
neste país pode até ser, mas em minha opinião só se resolve um problema
atacando-do-o pela raiz e não criando paliativos.
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