A Piada Espacial Brasileira (AEB) e o Caso do 14-Bis Invertido

Caros leitores e leitoras do BS!

 

Sinceramente, eu preferia não precisar escrever esta nota — muito menos perder meu precioso tempo com o que se tornou a lamentável caricatura de uma agência espacial de verdade: a outrora promissora, hoje decadente, Agência Espacial Brasileira (AEB). Infelizmente, essa instituição se transformou numa verdadeira Piada Espacial, marcada por uma incompetência profunda e, em muitos casos, deliberada — o que costumo chamar de incompetência dirigida. Não surpreende então, caros amantes do espaço, que o governo atual tenham colocado convenientemente à frente desse órgão uma figura sem qualquer liderança no cargo, um verdadeiro banana.

 

Pois então, diante da ampla repercussão nas redes sociais sobre a tentativa desse pífio órgão de homenagear Santos do Dumont pelo aniversário de 152 anos, quando que a AEB publicou um card no dia 20/07 em suas rede sociais com a imagem do avião 14-BIS invertida (veja abaixo) — e da disposição do Prof. Rui Botelho, editor-chefe do BS, em abordar o tema na próxima edição da nossa coluna Espaço Semanal, no canal do BS no YouTube, decidi então trazer aqui alguns comentários sobre este assunto.

 

É importante lembrar aos entusiastas do BS que nossa crítica à condução da AEB não é nova. Desde sua criação, em 1994, como uma excelente e necessária iniciativa, a agência foi progressivamente minada por gestões desastrosas, oportunistas e muitas vezes movidas por interesses alheios à ciência e à soberania nacional. O resultado é o que vemos hoje: uma instituição irrelevante, desrespeitada e, infelizmente, ridicularizada — o que torna episódios como esse do 14-BIS apenas mais um entre muitos.

 

Sejamos justos: erros acontecem, até mesmo em instituições sérias e bem estruturadas de países desenvolvidos. O ser humano não é infalível. Mas a frequência com que equívocos grotescos ocorrem na AEB revela algo muito mais grave — a ausência completa de compromisso, competência e profissionalismo. Neste caso, a correção (errata - veja abaixo) só veio após a avalanche de críticas nas redes sociais. Sem essa pressão pública, o erro certamente teria passado convenientemente despercebido por aqueles que deveriam zelar pela memória de nossos heróis e pela imagem da agência.

 

"Ah, Duda, foi só um erro de imagem", dirão alguns. Sim, foi um erro. Mas é apenas mais um em uma longa lista de absurdos: nomes trocados, raças de cosmonautas confundidas (reveja aqui), imagens de planetas equivocadas (reveja aqui)... tudo isso vindo de um órgão que deveria ser referência em precisão, ciência e educação. E o que dizer do seu setor de comunicação? Uma vergonha à parte.

 

É triste observar o que foi feito com a boa ideia que deu origem à AEB. Hoje, a agência atravessa um claro ponto de ruptura institucional. Sem perspectivas reais de mudança — nem a médio, tampouco a longo prazo —, talvez o melhor caminho seja, de fato, repensar completamente o modelo. Retornar à estrutura dos anos 1980, incorporando o que há de mais dinâmico e inovador na iniciativa privada, especialmente nas startups e no ecossistema do New Space, pode ser não apenas uma alternativa viável, mas uma saída necessária para salvar o que resta do setor espacial brasileiro.

 

A grande questão é: isso realmente vai acontecer? A resposta é simples — não, não vai. Trata-se de pura utopia, uma fantasia criada pela cabeça de um brasileiro sonhador. Diante desse cenário, o Programa Espacial Brasileiro (PEB), sob a condução governamental, está fadado ao fracasso. Os exemplos falam por si: iniciativas desastrosas como a ALADA e a distorção da Lei Geral do Espaço apenas evidenciam o descompasso entre discurso e realidade. Portanto entusiastas do BS, por mais que se tente dourar a pílula, é preciso encarar os fatos "Mister M" — no Brasil, o setor espacial continua pífio e sem qualquer perspectiva real de mudança.

 

Brazilian Space

 

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