Crise na Ciência e Tecnologia: Muito Além da Redução Orçamentária
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado na edição de Março do ”Jornal
do SindCT“, tendo como destaque a atual crise na C&T Brasileira.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Crise na Ciência e Tecnologia:
Muito Além da Redução Orçamentária
Por Fernanda Soares
Jornal do SindCT
Edição nº 65
Março de 2018
Mal inicia um novo ano, o Orçamento Anual para o
Ministério da Ciência, Tecnologia Inovação e Comunicações sofre mais um corte.
Um contingenciamento de 10%, foi anunciado pelo governo no início de fevereiro.
Entidades nacionais representativas da comunidade científica, tecnológica e
acadêmica e dos sistemas estaduais de CT&I alertam que as consequências
serão "catastróficas para toda a estrutura de pesquisa no país".
O diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas –
CBPF, Ronald Shellard, afirma: “a situação é muito mais alarmante e precária do
que a de 2017, pois andamos ainda mais no limite. As atividades do CBPF não são
de natureza que permita reduzir atividades durante um certo período e depois
retomá-las, como no caso da construção de uma estrada (mas mesmo aí, a
paralisação de obras custa mais caro do que terminá-las, como pode-se ver na
estrada Rio-Petrópolis). A situação é tal, que pode degenerar bastante rápido
num colapso das atividades da instituição. E um colapso, nesta situação, é um
retrocesso brutal. Você não constrói um CBPF da noite para o dia (aliás, isto
aplica-se, também, aos outros institutos).”
No INPE, o corte no orçamento em 2017 afetou o
aprimoramento do supercomputador Tupã e a integração dos satélites Amazonia-1 e
CBERS-4A, que, somente ao final do ano, tiveram os recursos integralmente
disponibilizados pela AEB. Em 2018, o projeto mais afetado será o Amazônia-1,
que sofrerá atraso no seu lançamento, programado para o segundo semestre de
2019, caso não haja nova redução orçamentária.
Em entrevista para o Jornal do SindCT, Ricardo Galvão,
diretor do INPE, afirmou que o corte no orçamento da C&T é “extremamente
prejudicial para o país, não só com relação ao desenvolvimento científico e
tecnológico, de forma soberana, mas também para auxiliar na sua própria
recuperação econômica”. Além da questão orçamentária, “a questão de pessoal
continua crítica. Não temos o efetivo mínimo necessário para realizar todas
nossas atividades. Isto vai implicar em atrasos e redução de metas.”
No Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG, a situação é tão
devastadora que a instituição pode ficar sem dinheiro para pagar a energia
elétrica e serviços básicos (limpeza e segurança). “Nosso orçamento para 2018
está cerca de R$ 2 milhões deficitário e, caso persista, sem aumento do teto,
teremos que fechar as portas a partir de setembro deste ano”, afirma Nilson
Gabas, diretor do MPEG.
No CEMADEN, a situação mais crítica é relacionada ao
quadro de funcionários. Regina Alvalá, coordenadora de Relações Institucionais
do CEMADEN informa que o instituto “não conta com quadro de servidores
públicos em número suficiente para atender completamente a missão do Centro. O
quadro de pessoal é 40% inferior ao projetado, enquanto o número de municípios
monitorados foi multiplicado por 4.”
A preocupação com o quadro de funcionários é
compartilhada por Gabas: “esta é uma questão que aflige o gestor na mesma
proporção que a questão orçamentária. Apesar da possibilidade de termos 304
servidores contratados através de concurso público, segundo a planilha oficial
do MPOG, temos atualmente apenas 223 servidores, dos quais 52 em regime de
abono permanência ou com possibilidade de solicitar o abono, em 2018. Ou seja,
até o final de 2018, deveremos ter aproximadamente 170 servidores para manter
funcionando uma instituição que deveria ter 304. É uma missão absolutamente
impossível.”
Inversão de Prioridades
No encontro com pesquisadores e jornalistas científicos
“É o fim? Um debate sobre os rumos da ciência no Brasil e inspirações de
Berlim”, realizado no dia 1º de fevereiro, p ara debater sobre o cenário atual
e as perspectivas da ciência no Brasil, Paulo Artaxo, professor do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo –
IAG-USP avalia que a crise na Ciência e Tecnologia vai muito além da falta de
recursos.
Em entrevista para a revista Sputinik, o presidente da
SBPC, Ildeu de Castro Moreira, critica as ações do governo. “O Brasil nos
últimos anos deu tantas isenções fiscais injustificadas para bancos e
indústrias, e para ciência e tecnologia há uma redução drástica. O valor que
temos hoje para investimento e custeio no ministério é um terço do que tínhamos
há seis ou sete anos."
A inversão de prioridades do governo também é comentada
pelo presidente do SindCT, Ivanil Elisiário Barbosa. Ao observar o gráfico do
orçamento da União, Ivanil declara: “Mais da metade do orçamento é destinado
para o pagamento de dívida pública. Se houvesse uma auditoria ou renegociação
das dívidas, diminuindo o valor do serviço e aumentando o prazo do pagamento
(como muitos países fizeram), teríamos mais dinheiro para investir no país e
não precisaríamos nem da Emenda Constitucional 95, que nos deixará num situação
ainda pior em poucos anos”.
“A constante redução de orçamento para CT&I exibe uma
rigorosa falta de visão sobre o futuro do país e tem como consequência uma
pauperização do país. Os efeitos já são bem visíveis e têm consequências
bastante impactantes. Alguém acha que a presente crise de febre amarela se deve
a um capricho de mosquitos transmissores? Ou está associada aos cortes de
recursos para prevenção e monitoramento dos vetores?”, analisa Shellard.
“C&T são a base para qualquer modelo de
desenvolvimento, e apesar das inúmeras fontes de recurso disponíveis (pré-sal,
FNDCT, etc), estamos abrindo mão do nosso futuro, tal como inúmeros outros
exemplos de países, inclusive da América Latina”, conclui Gabas.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 65ª – Março de 2018
Comentário: Pois é, não há como negar que a situação da ciência
no país é calamitosa no momento, mas na realidade ela nunca foi a ideal,
passando por momentos razoáveis como no segundo Governo do humorista LULA
(talvez a melhor da história), ruim no governo da debianta da DILMA e
culminando nesta situação calamitosa no Governo TEMER, só citando os últimos três
governos. Porém tudo é uma mistura de proporcionalidade e vontade politica e
enquanto governos Populistas de Merda estiverem no poder, sejam de esquerda,
direita, centro e do escambau a quatro, essa ciranda permanecerá com a Ciência,
bem como com a educação de qualidade baseada na CIDADANIA, já que se pode
esperar tudo de Populistas de Merda, menos cagar no prato onde comem.
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