Centro de Lançamento Barreira do Inferno completa 50 anos
Olá leitor!
Trago agora para você uma interessante pequena reportagem publicada
na edição de nº 2 (Jul-Ago-Set de 2015) da Revista CREA-RN, editada pelo
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio Grande do Norte,
tendo como destaque os 50 anos de atividades espaciais do Centro de Lançamento
da Barreira do Inferno (CLBI).
Duda Falcão
PROJETO ESPECIAL
Centro de Lançamento Barreira
do Inferno completa 50 anos
Instituição irá implantar novo centro para desenvolver e
apoiar a disseminação da cultura espacial e científica
Erta Souza,
Assessora de comunicação do CREA-RN
Revista CREA-RN
ANO 3 - Nº 2
Jul-Ago-Set de 2015
No dia 12 de outubro o Centro de Lançamento da Barreira
do Inferno (CLBI) completou 50 anos. E para comemorar o aniversário de meio
século, a instituição vai receber da Agência Espacial Brasileira (AEB) o Centro
Vocacional Tecnológico Espacial (CVT). O Centro tem como objetivo desenvolver e
apoiar a disseminação da cultura espacial e científica, bem como a atividade de
pesquisa e o desenvolvimento tecnológico do Brasil.
Para implantar o Centro – primeiro de seu tipo no país -
serão investidos R$ 3 milhões, sendo R$ 1 milhão em equipamentos. O centro vai
funcionar dentro do CLBI em contêineres e estruturas modulares. A previsão é de
que o CVT seja inaugurado em janeiro de 2016 com uma jornada espacial e
lançamento de foguete. O Centro tem o apoio do Programa Nacional de Atividades
Espaciais (PNAE).
O diretor do CLBI, coronel -aviador Maurício Lima de
Alcântara, explica que o Centro é voltado para os alunos do ensino fundamental
e médio. “Com o espaço vamos intensificar e fortalecer esse contato com as
instituições de ensino”, garante. O coronel Alcântara acrescenta que a média diária
de visita ao CLBI é de quatro escolas. “Algumas agendam com antecedência aí
temos como nos programar para recebê-los no setor de lançamento. Outras que vêm
sem avisar vão até o museu”, diz.
O Centro Vocacional Tecnológico
Espacial (CVT) apoia a disseminação
da cultura espacial e científica bem
como a pesquisa e desenvolvimento
tecnológico e vai funcionar dentro
do CLBI em contêiners.
Outro projeto que faz os olhos do coronel brilharem é a
Plataforma Hipersônica de Lançamento Orbital (Philo). O projeto, que será
executado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), só deve funcionar
efetivamente em sua totalidade daqui a seis anos, pois necessita de suporte
financeiro. Os primeiros passos, contudo, já estão sendo dados.
O Instituto de Estudos Avançados (IEAV) do Departamento
de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) vai doar para o CLBI um acelerador
que pode fazer lançamentos de cápsulas pequenas com aproximadamente 15
centímetros de diâmetro com uma velocidade cinco vezes superior a velocidade do
som. Também faz parte do projeto a criação pela UFRN de um mestrado
profissional e, em seguida, um curso de graduação em engenharia espacial.
Segundo o coronel Alcântara, o RN apresenta um grande potencial de crescimento,
por isso a ideia de criar esse projeto da Philo.
Inaugurada em 1965, a Barreira do Inferno – primeira base
aérea de foguetes da América do Sul - faz lançamentos de foguetes básicos. A
finalidade é fazer medições na atmosfera, analisar a variação de temperatura,
composição e energia da camada ionosfera.
O CLBI faz ainda, desde 1977, o rastreio de foguetes
lançados da Guiana Francesa. Com essa última atividade o CLBI arrecada R$ 1
milhão de euros por ano para os cofres da União.
Adepto de parcerias com o intuito de ampliar o
desenvolvimento do CLBI, o coronel Alcântara lembra com carinho da relação com
o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (CREA-RN).
“Nossa aproximação começou devido às dúvidas que tínhamos
e solucionávamos com a ajuda do CREA. Depois disso, realizamos o curso
‘Introdução à Tecnologia de Foguetes’ e a parceria com o CREA foi decisiva”,
conta. E completa: “espero que aconteça mais vezes, inclusive com outros
órgãos. O CLBI é composto por um efetivo de 452 pessoas entre civis e
militares. Desse total, cerca de 140 estão envolvidos diretamente no lançamento
de foguetes. O trabalho realizado por esses homens e mulheres tem gerado
grandes frutos. Em 2014, o Centro foi contemplado com os prêmios Qualidade
Brasil e o Quality, entregues pela primeira vez a uma unidade da Força Aérea
Brasileira.
Prestes a encerrar sua gestão à frente do CLBI, o coronel
Alcântara teve a honra de receber pelo Centro ainda mais dois prêmios em 2015.
Os prêmios Empresa Brasileira e o Quality Mercosul, ambos internacionais em
âmbito latino-americano. No início de novembro o CLBI recebeu o certificado
gestão integrada. O Centro é a primeira organização militar do Brasil a ser
certificada com o ISO 9001, OSAS 14000 e OSAS 18000. O coronel afirma que os
prêmios são consequência do trabalho em prol da qualidade da Barreira do
Inferno.
“Nosso trabalho foi direcionado a três áreas: gestão
ambiental, saúde ocupacional e segurança do trabalho”, disse. Sobre o período
de seis anos no CLBI, sendo dois como diretor, o coronel afirmou: “é uma
oportunidade excelente gerir uma unidade como o CLBI e aplicar tudo de bom que
acumulei durante a carreira militar”, concluiu
VOCÊ SABIA?
* O local da base é vizinho ao campo dunar do bairro de
Ponta Negra, região denominada por pescadores como “Barreira do Inferno”
porque, ao amanhecer, os reflexos do sol tornam as falésias do local vermelhas
como fogo.
* A Barreira do Inferno foi escolhida como base de
lançamento de foguetes pois era próxima ao equador magnético, aproveitava o
suporte logístico já existente na região, tinha baixo índice pluviométrico;
grande área de impacto representado pelo oceano e condições de ventos
predominantemente favoráveis.
* A faixa de praia da base, por estar protegida do acesso
do público externo, tornou-se uma importante área de reprodução de tartarugas
marinhas, sob a supervisão do Projeto Tamar.
* Em 15 dezembro de 1965, a Barreira do Inferno lançou
seu primeiro foguete, o Nike Apache, um foguete de sondagem de fabricação
americana.
* Na Barreira do Inferno já foram lançados mais de 400
foguetes, desde os pequenos foguetes de sondagem meteorológica do tipo Loki,
até veículos de alta performance da classe Castor-Lance, de quatro estágios.
* Dois experimentos envolvendo o INPE, a NASA e o CLBI
podem ser destacados: 1) Projeto Exametnet de estudo da atmosfera em altitudes
de 30 a 60 km que teve 207 lançamentos entre 1966 e 1978; 2) Projeto Ozônio de
estudo da camada de ozônio, com um total de 81 lançamentos, entre 1978 e 1990.
* Quanto custa e qual o alcance de foguete com três
metros de comprimento? Mais de R$ 50 mil e chega a 30 Km de distância. Um
modelo maior, com sete metros e meio, chega a R$ 250 mil e atinge uma distância
de 70 Km.
5º Fórum de Pesquisa e 12º Simpósio Brasileiro de
Automação Inteligente
* Evento de divulgação científico-tecnológico e de
pesquisa relacionados às atividades do Centro de Lançamento da Barreira do
Inferno, abrangeu diversas áreas do conhecimento.
* A 5ª edição do Fórum de Pesquisa e Inovação do CLBI foi
realizada em conjunto com o 12º Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente.
* O Fórum proporcionou discussão, troca de conhecimento e
inteiração entre os participantes que relataram suas experiências no sentido de
amadurecimento dos estudos.
* Segundo o diretor, coronel - aviador Maurício Lima de
Alcântara, estas atividades de lançamento são importantes para o Centro: “O
lançamento foi um sucesso. Os parâmetros foram alcançados e estamos mantendo
nossas equipes e equipamentos operacionais.”
* O evento incluiu o acompanhamento do lançamento de um
Foguete de Treinamento Intermediário (FTI) na plataforma do CLBI que teve seu
apogeu de 58 km.
* Cerca de 500 pessoas participaram do fórum e do
simpósio, entre eles professores, acadêmicos e pesquisadores em geral.
Fonte: Revista “CREA-RN” - ANO 3 - Nº 2 - Jul-Ago-Set de 2015
Comentário: Bom leitor esta matéria e interessante não só por
trazer maiores informações à Sociedade Brasileira sobre as atividades do CLBI, o
seu reconhecimento nacional e internacional através dos prêmios conquistados,
informações sobre o importante Projeto do CVT Espacial e sobre o fantástico Projeto
PHiLO, bem como também por mostrar que, apesar de todo descaso governamental, o
CLBI continua realizando sua função dentro do possível e com galhardia. Quero
aqui como brasileiro agradecer ao Coronel - Aviador Maurício Lima de
Alcântara, pela sua gestão a frente desta instituição, mas ao mesmo tempo não
posso deixar de lembrar que o prazo de seis anos para o funcionamento em sua
totalidade do Projeto PHiLO, divulgado pelo Cel. Alcântara nesta reportagem, só
pode ser atribuído a incerteza quanto ao apoio político, financeiro e logístico ao projeto por parte deste desgoverno e do próximo, ou
seja, é apenas um prazo jogado ao vento e não deve ser levado muito a sério.
Num país de verdade o prazo talvez nem chegasse em um ano e meio. E assim vamos
levando, construindo uma Fantasia cada vez maior, quando na realidade todos
deveriam estar unidos em prol de realizar de verdade um programa espacial, mas
na verdade não é isto que acontece, infelizmente.
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