Astrônomos Brasileiros Terão Acesso a Telescópio Que Mapeará Metade do Céu
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo postado dia (21/12) no site da “Agência
FAPESP” destacando que Astrônomos Brasileiros terão acesso a telescópio que mapeará metade do céu.
Duda Falcão
Notícias
Astrônomos
Brasileiros Terão Acesso a
Telescópio Que Mapeará Metade do Céu
Telescópio Que Mapeará Metade do Céu
Elton Alisson
Agência FAPESP
05 de janeiro
de 2016
Os astrônomos
brasileiros terão acesso ao Large Synoptic Survey Telescope (LSST), em
construção em Cerro Pachón, no Chile, previsto para entrar em operação em 2022,
com o qual se pretende fazer um mapeamento de quase a metade do céu por um
período de dez anos.
O ingresso do
Brasil no projeto foi assegurado por meio de um acordo firmado entre a Rede
ANSP (Academic Network
at São Paulo), apoiada pela FAPESP, a Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa (RNP), o Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) e o
Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) com o consórcio norte-americano que
financia o projeto.
O memorando de
entendimento assinado pelas instituições permitirá que astrônomos dos Estados
Unidos e de outros países tenham acesso aos dados obtidos pelo telescópio por
meio de uma rede de fibra óptica, operada pela ANSP e RNP, que interliga São
Paulo, Miami e Santiago, no Chile, por meio de cabos submarinos com mais de 20
mil quilômetros de extensão.
Essa
contribuição da ANSP e da RNP foi reconhecida pelo Conselho de Administração do
LSST como contrapartida para a participação de dez pesquisadores sêniores e
quatro jovens pesquisadores a eles associados – totalizando 50 pesquisadores –,
que terão acesso irrestrito aos dados obtidos pelo telescópio.
Pelos termos
do acordo, o LNA e o LIneA serão responsáveis por organizar o processo de
seleção desse grupo de pesquisadores brasileiros, denominado Brazilian
Participation Group (BPG-LSST).
“É importante
que a participação brasileira no LSST se dê em nível nacional. Por isso, o LNA,
que assinou o memorando de entendimento juntamente com o LIneA, a ANSP e a RNP,
tem um papel fundamental na interface do LSST com a comunidade astronômica
brasileira, no sentido de elencar pesquisadores e os projetos que utilizarão os
dados do telescópio”, disse Marcos Perez Diaz, professor do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo
(IAG-USP) e presidente da Sociedade Astronômica Brasileira, à Agência FAPESP.
De acordo com
Diaz, o LSST irá operar de forma diferente dos observatórios astronômicos em
funcionamento no mundo, nos quais os astrônomos participantes dispõem de uma
quantidade estabelecida de tempo para fazer observações de uma determinada área
do céu prevista no seu projeto de pesquisa.
No caso do
LSST, o telescópio irá realizar o monitoramento contínuo de sua área planejada
de observação e os pesquisadores participantes selecionarão os dados de seu
interesse.
A frequência
de observação do telescópio permitirá a obtenção de imagens repetidas de cada
fração do céu visível a cada poucas noites, em várias bandas ou segmentos do
espectro eletromagnético. E continuará operando nesse modo por dez anos com o
objetivo de obter catálogos astronômicos que combinam informação angular,
espectral e temporal em alta profundidade.
Para isso, o
telescópio, com 8,4 metros de diâmetro e orçado em R$ 1 milhão, será composto
por três espelhos com um campo de visão de quase 10 graus quadrados, podendo
inspecionar o céu inteiro em apenas três noites.
As imagens
serão capturadas por uma câmera digital com 3,2 milhões de pixels, que
será a maior em operação no mundo quando estiver pronta. Cada exposição da
câmera cobrirá uma área correspondente a 40 vezes o tamanho da Lua cheia.
A estimativa é
que a cada noite o telescópio gere 30 terabytes (TB) de dados, os quais serão
transmitidos para diferentes centros para redução e análise, inclusive no
Brasil.
Ao final de
dez anos de observações, o levantamento poderá gerar um volume de 200 petabytes
(PB) de imagens e dados que possibilitarão aos astrônomos obter respostas para
algumas questões prementes sobre a estrutura e a evolução do Universo, como a
distribuição da matéria escura e como suas propriedades afetam a formação de
estrelas, galáxias e estruturas maiores.
Para gerenciar
a transferência, o processamento, o armazenamento, a análise e a exploração
científica desse volume de dados gerados de forma ininterrupta, será preciso
novas soluções de comunicação em rede, processamento de alto desempenho e
desenho de banco de dados, em que os pesquisadores brasileiros poderão
participar do desenvolvimento, estimou Diaz.
“É fundamental
que o Brasil entre efetivamente agora no projeto LSST e comece a desenvolver
uma infraestrutura para se preparar para analisar, fazer a interpretação e a redução
do volume de dados sem precedentes que serão gerados pelo telescópio”, avaliou.
Nova Banda
Pelo acordo, a
ANSP e a RNP disponibilizarão de uma conexão entre Santiago e São Paulo com
velocidade de 80 gigabits por segundo (Gbps) em 2019.
A velocidade
de comunicação da rede de fibra óptica operada pela ANSP e a RNP, interligando
São Paulo e Miami, é de 40 Gbps, dos quais são usados hoje menos de 20 Gbps.
“O fato de
estar usando menos da metade da velocidade da rede hoje é bom porque se
perdermos, por exemplo, 10 gigabits pelo rompimento de um cabo ou algum
problema técnico, ainda temos 30 gigabits por segundo de velocidade
assegurada”, explicou Luis Fernandez Lopez, coordenador-geral da Rede ANSP.
Para atender à
demanda de velocidade de conexão do LSST, contudo, não serão necessários novos
investimentos na ampliação da velocidade da rede acadêmica, além dos já
programados para os próximos anos.
“Planejamos
aumentar a velocidade da rede nos próximos anos, podendo chegar a 400 gigabits
por segundo”, disse Lopez.
Por meio do
acordo com o LSST, a ANSP e a RNP também irão administrar uma nova rede de
fibra óptica entre Santos, no litoral paulista, e Boca Raton, em Miami, obtida
do governo americano pelo consórcio que administra o telescópio.
A operação da
nova rede possibilitará à ANSP testar novos protocolos de comunicação que ainda
não são usados comercialmente, mas que podem ter aplicações e ser do interesse
de astrônomos, astrofísicos, físicos de altas energias e outros cientistas que
necessitam de protocolos de comunicação especiais.
“Essa nova
rede possibilitará colocarmos nossa própria tecnologia e passar qualquer sinal
que os cientistas de São Paulo necessitem”, afirmou Lopez.
A Rede ANSP
foi criada em 1989, pela FAPESP, com o objetivo de conectar pesquisadores do
Estado de São Paulo dentro do próprio estado, com os de outros estados
brasileiros e com outros países.
Inicialmente,
a rede acadêmica paulista conectou grupos de pesquisadores da área de Física de
Altas Energias das Universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp)
e Estadual de Campinas (Unicamp), além do Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(IPT), com o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab) em Chicago, nos
Estados Unidos.
Hoje, a Rede
ANSP conecta sete universidades públicas paulistas e mais de 40 instituições de
pesquisa situadas em São Paulo à rede mundial de computadores. E viabiliza
grandes projetos de pesquisa colaborativos em áreas como Genômica,
Biodiversidade, Astronomia, Física de Altas Energias e Fotônica, entre diversas
outras.
“Todos os
astrônomos que recebem dados de telescópios e radiotelescópios situados no
Chile, por exemplo, usam a Rede ANSP”, disse Lopez.
Fonte: Site da Agência FAPESP
Comentários
Postar um comentário