INPE Comemora 54 Anos

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na edição de setembro do “Jornal do SindCT” relatando a cerimônia recente pelos 54 anos de fundação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Duda Falcão

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INPE Comemora 54 Anos

Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 40
Setembro de 2015


Financiamento descontínuo ameaça os projetos do setor espacial, admitiu o ministro Aldo Rebelo, que descarta cortes orçamentários no MCTI. Ele voltou a enfatizar importância de uma nova Missão Espacial Completa (MECB). Durante a comemoração dos 54 anos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 4 de setembro, no Auditório do Laboratório de Integração e Teste (LIT), o ministro Aldo Rebelo ressaltou a importância de se criar uma nova Missão Espacial Completa Brasileira (MECB).

Declarou que é preciso valorizar mais os cientistas brasileiros, bem como os institutos de pesquisa, sendo necessário e urgente prover a recomposição do quadro de servidores da instituição para transferir o conhecimento aos mais jovens e dar continuidade ao desenvolvimento de pesquisas na área espacial.

“Deve ser buscado o estado da arte na área espacial e da defesa cibernética. Sem isso não seremos uma nação soberana, e só será democrática se for soberana”, disse. Leonel Perondi, diretor do INPE, narrou a história do instituto desde a sua criação, em 1961, e destacou sua importância nas frentes em que atua, as quais trazem, a seu ver, benefícios ao fomento científico, à tecnologia e à inovação e oferecem produtos e serviços de extrema utilidade aos governos e diretamente à população.

O discurso de Rebelo evidenciou que o Programa Espacial Brasileiro (PEB) enfrenta diversos problemas, em especial pelo investimento descontínuo, pelo baixo orçamento, se comparado à China ou à Índia, e pela falta de pessoal.

Em entrevista coletiva, Rebelo admitiu que é necessário regularizar os investimentos para que os projetos sejam implementados. Garantiu que não haverá cortes no orçamento do setor espacial para 2016, apesar das medidas de contingenciamento do governo federal: “Não se faz economia nesta área, se não se colherá prejuízo”.

Descontinuidade

O aniversário do INPE enseja reflexões sobre o PEB. É forte entre os pesquisadores a avaliação de que é necessário um Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) adequado à realidade. Hoje não existe um plano claro, objetivo, alinhado ao orçamento e exequível.

Boa parte das ações é realizada de modo desconexo. Na mesma linha, os servidores defendem que sejam criadas políticas de Estado (e não só de governo), para que o PEB não seja mudado a cada gestão presidencial ou ministerial.

De 2012 para cá já foram nomeados quatro ministros — e cada um imprimiu uma visão diferente. Por outro lado, os servidores não permitirão que seja destruído um instituto público com 54 anos de história. Vale lembrar que em 2012 houve uma tentativa de fragmentar as áreas do instituto e fundir INPE e AEB, Projeto devidamente derrotado pelos servidores.

Já em 2015 um grupo de pesquisadores designado pelo MCTI, ligado a “Organizações Sociais” (OS) e à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), visitou oficialmente o INPE com o intuito de convencer a direção e os gerentes de projetos a transferir a gestão do instituto para uma OS (Jornal do SindCT, edição 39).

Ou seja: privatização. Mas, de acordo com a secretária executiva do MCTI, Emília Curi, tal iniciativa não tem apoio do ministro Aldo Rebelo. Apesar dos reveses, o INPE também registrou avanços importantes nos últimos anos, como o lançamento, no final de 2014, do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-4), cujo cronograma foi antecipado em um ano em decorrência da falha, em dezembro de 2013, do lançador chinês Longa Marcha 4B, a qual inviabilizou a entrada em órbita do satélite CBERS-3. Os CBERS 3 e 4 passaram a contar com maior participação brasileira, de 30% para 50%. Houve progressos no desenvolvimento de importantes subsistemas, como a Câmera Mux, inteiramente projetada no Brasil pela empresa Opto Eletrônica.

O CBERS-4A está previsto para 2018 e já teve seu primeiro teste de interface de carga útil realizado entre os dias 24 e 27 de agosto, em Beijing. Participaram do teste servidores do INPE ligados ao projeto e membros da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST). No início de setembro, o INPE firmou parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para especificação conjunta de áreas temáticas apropriadas para pesquisa, cooperando para seleção de propostas de pesquisa a serem financiadas e também na avaliação dos projetos, que deverão ser desenvolvidos por pesquisadores associados a pequenas empresas. A verba inicial é de R$ 40 milhões.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 40ª - Setembro de 2015

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