Olá, entusiastas!
Apresentamos abaixo uma apuração realizada pelo Brazilian Space sobre problemas na prestação de contas da Akaer, sobre os recursos do VLN-Akr, perante a Finep.
O BS continua averiguando e procurando mais informações para trazer ao seiu público.
Brazilian Space
Problemas na Prestação de Contas à Finep Podem Ameaçar o Projeto do VLN-Akr
Informações indicam que a prestação de contas da Akaer teria valores a descoberto da ordem de mais de R$ 25 milhões
por Rui Botelho e
Duda Falcão
17/06/2025 22:00h
O Brazilian Space conduziu uma apuração sobre supostas irregularidades financeiras de grande vulto no projeto do Veículo Lançador de Nanossatélite (VLN-Akr). Essa apuração que, começou há mais de dois meses, aponta que a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) teria identificado um sério problema na prestação de contas da empresa Akaer, líder do arranjo de empresas responsáveis pelo VLN-Akr.
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| Concepção artística do VLN-Akr |
A questão central que emerge é que a Akaer não conseguiu comprovar a aplicação e/ou o repasse aos coexecutores de, pelo menos, R$ 25 milhões de reais de um total de R$ 41 milhões que teriam sido transferidos pela Finep para o projeto do VLN-Akr até o momento. É fundamental ressaltar que esta matéria se fundamenta em informações e relatos obtidos pelo Brazilian Space, ainda não oficialmente confirmadas por auditorias ou declarações públicas da Finaciadora ou da Akaer.
Se confirmada, a irregularidade pode ter consequências severas, impactando não apenas o projeto VLN-Akr, mas também a Akaer e as demais empresas parceiras que compõem o arranjo empresarial: Acrux, BRENG e Emsisti Sistemas.
O Projeto VLN-Akr: Uma Relevante Opção para a Soberania Espacial Brasileira
O Veículo Lançador de Nanossatélites (VLN-Akr) representa uma importante e estratégica alternativa na busca pela capacidade independente de lançamento de satélites nacionais, um passo crucial para a autonomia tecnológica do país nesse segmento. O projeto visa transportar nanossatélites com uma carga útil mínima de cinco quilos para a órbita equatorial e até polar, com lançamento a partir do território brasileiro. O design do foguete é baseado em três estágios sólidos, utilizando, a princípio, motores derivados do VSB-30, o primeiro foguete brasileiro certificado como operacional. As inovações empregadas buscam otimizar custos e posicionar o VLN-Akr como uma solução competitiva e sustentável no mercado global de lançadores, cujo projeto original vem da família Montenegro de nano e microlançadores idealizada pela Acrux, há mais de 8 anos (veja aqui e aqui).
O VLN-Akr é um esforço colaborativo que se insere no modelo de subvenção econômica à inovação público-privada, um formato considerado essencial para o avanço de programas espaciais nacionais frente às grandes potências globais. O financiamento provém da Finep, através do Edital 17/2022 (veja aqui), com a Akaer atuando como líder do arranjo empresarial. Em 2023, a Financiadora de Estudos e Projetos selecionou os projetos do VLN-AKR (liderando pela Akaer) e do MLBR (liderado pela CENIC) para o desenvolvimento de veículos lançadores de pequenos satélites, destinando entre R$ 185 a 190 milhões para cada projeto, a serem executados em um prazo de três anos, tendo o contrato sido assinados, por ambos arranjos, em 13 de dezembro de 2023, conforme matéria do BS à época (veja aqui). Especificamente, o consórcio liderado pela Akaer foi contemplado com R$ 185,34 milhões, um dos maiores contratos de subvenção econômica para inovação no Brasil. O consórcio responsável pelo desenvolvimento do VLN-Akr é composto pela Akaer, Acrux Aerospace Technology, BRENG e Emsisti Sistemas. A Akaer é explicitamente responsável pela gestão financeira do empreendimento. Em setembro de 2024, a Acrux, EMSISTI e BRENG receberam a visita da AKAER no Maranhão, um evento que, na época, foi interpretado como um sinal de que "preocupações anteriores sobre a AKAER potencialmente causar problemas com a Acrux e a EMSISTI são aliviadas, pelo menos por enquanto". No entanto, a emergência dos atuais informes, que datam de mais de dois meses antes de 12 de junho de 2025 (ou seja, a partir de abril de 2025), contradiz essa percepção anterior. Essa cronologia sugere que, após um período de aparente estabilidade, novas e mais graves preocupações financeiras surgiram, indicando uma situação dinâmica e potencialmente deteriorante dentro do consórcio. A EMSISTI, em conjunto com seus parceiros, também realizou uma visita técnica ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para iniciar as tratativas operacionais e preparar as equipes para as próximas etapas do desenvolvimento e lançamento do VLN-AKR.
O projeto tem avançado em suas fases de desenvolvimento. Em 25 de fevereiro de 2025, ocorreu a Revisão de Requisitos de Sistemas (SRR), com a participação de representantes da Agência Espacial Brasileira (AEB), Finep e das empresas do consórcio Akaer. A próxima etapa crucial, a Revisão Preliminar de Projeto (PDR), estava prevista para maio de 2025.O Problema em Detalhes: Pelo menos R$ 25 Milhões Sob Questionamento
Desde a semana de 12 de junho, o Brazilian Space têm se dedicado à apuração de informações que indicam que a Financiadora de Estudos e Projetos teria identificado um sério problema na prestação de contas da Akaer. É importante notar que esta não é a primeira vez que informações nesse sentido chegam ao conhecimento do BS, com relatos similares chegando ao nosso conhecimento, há mais de dois meses, com um montante inicial, à descoberto, da ordem de R$ 20 milhões. A persistência desses informes ao longo do tempo, combinadas com denúncias em março deste ano de que a Akaer não vinha recolhendo o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e outras obrigações legais de parte da sua força de trabalho (veja vídeo e postagem do BS), sugere que as alegadas questões financeiras não são um evento isolado, mas sim um problema maior que indica uma possível vulnerabilidade sistêmica na gestão financeira da Akaer.
A situação específica aponta que a Akaer não conseguiu comprovar a aplicação e/ou o repasse aos coexecutores de, pelo menos, R$ 25 milhões de reais do total de R$ 41 milhões que teriam sido repassados pela Finep para o projeto VLN-Akr até o momento. No entanto, ao que tudo indica, o valor a descoberto pode ser maior que os R$ 25 milhões. Segundo outras informações coletadas, a Akaer estaria 'mal das pernas' há um bom tempo e que se continuar assim "a empresa quebra em ate dois anos.
É relevante contextualizar que o financiamento total aprovado para o consórcio liderado pela Akaer para o desenvolvimento do VLN-Akr é de R$ 185,34 milhões, a serem desembolsados ao longo de três anos. Os R$ 41 milhões mencionados na denúncia seriam, portanto, uma parte desse montante total já transferida, o que torna a suposta falha na prestação de contas ainda mais preocupante, dado o volume total de recursos públicos envolvidos.
O investimento público substancial neste projeto sublinha a sua importância estratégica nacional. Qualquer má gestão financeira não apenas compromete a viabilidade técnica do projeto, mas também corrói a confiança pública nessas parcerias críticas e no programa espacial nacional como um todo, afetando a capacidade do Brasil de alcançar sua autonomia tecnológica a longo prazo.
Ainda sem respostas
Soubemos ainda que na manhã de segunda-feira (16/06/2025), ocorreu uma reunião na Finep para definir uma solução para o problema, o Brazilian Space entrou em contato com a Financiadora de Estudos e Projetos e Akaer, por telefone e por e-mail, mas, até o pesente momento, não obeteve respostas. No caso da Finep, entramos em contato por telefone com a Gerência de Comunicação e fomos orientados a enviar e-mail para a gestora do setor, o que fizemos prontamente. Com a Akaer, tentamos contato telefônico no número do site oficial da empresa (dentro do horário de 8h às 17h), mas, apesar de sermos atendido pela central telefônica automatizada, nossa ligação não era completada e caia sem conseguirmos falar com ninguém. Por esse motivo, enviamos uma mensagem via formulário da página de contato da empresa (https://www.akaer.com.br/contato).
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| Contatos com a Finep |

Tentativas / Contatos com a Akaer.
Além disso, enviamos e-mails para as empresas Acrux, BRENG e Emsisti, também solicitando esclarecimentos e o posicionamento das mesmas sobre a questão, mas, do mesmo modo, ainda não houve retorno das mesmas.
Enquanto pronunciamentos oficiais e as respostas aos nossos contatos não são apresentados, o Brazilian Space segue apurando o fato e em prontidão para trazer mais informações.
(1) Se você quiser conhecer mais o histórico do VLN e do projeto publicado pelo Brazilian Space, acesse clicando aqui.
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