Cientistas Chineses Propõem Missão com Enxame de Cubesats Para Sobrevoar o Asteroide Apophis
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Crédito: Yun Jiang, Jianghui Ji, Jiangchuan Huang, Simone Marchi, Yuan Li e Wing-Huen Ip (CC BY 4.0)
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| Foto do asteroide 4179 Toutatis tirada pela espaçonave Chang’e-2 da China durante uma missão de sobrevoo em 2012. |
No dia de hoje (26/06), o portal SpaceNews noticiou que a China poderá lançar uma missão envolvendo múltiplos sobrevoos do asteroide Apophis com um enxame de cubesats quando o corpo rochoso se aproximar da Terra em 2029.
De acordo com a nota do portal, Cientistas de várias universidades chinesas, incluindo Beihang, Tsinghua e Universidade Sun Yat-sen, estão propondo uma missão de resposta rápida para aproveitar uma rara oportunidade apresentada pelo asteroide 99942 Apophis, com o objetivo de avançar na ciência planetária e na defesa planetária.
A proposta da missão chamada Apophis Recon Swarm (ARS) apresenta um design flexível, consistindo em múltiplos cubesats lançados juntos ou como cargas secundárias em outras missões, para realizarem diversos sobrevoos do Apophis.
A missão busca medir a massa do asteroide, morfologia da superfície, estado de rotação e estrutura interna. A proposta inclui o uso de cubesats com cargas úteis semelhantes ou variadas, realizando imagens multiespectrais, mapeamento estereoscópico da superfície e medição por micro-ondas para uma avaliação precisa do campo gravitacional.
A série de sobrevoos e os dados subsequentes poderiam fornecer restrições cruciais para os estudos da estrutura interna do Apophis e informar estratégias de defesa planetária, segundo a proposta.
A China está desenvolvendo sua primeira missão de defesa planetária, com lançamento previsto por volta de 2027. Também lançou, no fim de maio, a missão de retorno de amostras de um asteroide próximo à Terra, Tianwen-2. Em 2012, realizou um sobrevoo do asteroide Toutatis usando sua sonda Chang’e-2 em uma missão estendida.
“Apophis apresenta uma oportunidade rara para testar vários conceitos em defesa planetária, como a necessidade, viabilidade e os desafios técnicos de implementar missões de reconhecimento de resposta rápida”, afirmaram os autores da proposta da missão ARS.
A missão também poderá ser colaborativa, com os autores observando que contribuições de parceiros internacionais poderiam aumentar os retornos científicos.
Patrick Michel, pesquisador sênior do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), que participou do workshop “Apophis T-4 Years” realizado em Tóquio em abril, disse ao SpaceNews que a equipe chinesa estava interessada em discutir e coordenar seus esforços com parceiros internacionais.
A China realizou sua própria sessão especial sobre o próximo sobrevoo do Apophis durante a Segunda Conferência Internacional de Ciências do Espaço Profundo (ICDSS 2025), realizada na cidade de Hefei. Os dois eventos ocorreram ao mesmo tempo, mas pesquisadores chineses e colegas internacionais se conectaram por videoconferência para discutir possíveis colaborações. Michel afirmou que a proposta chinesa ainda não obteve financiamento, mas que o apoio internacional seria bem-vindo.
A ARS é uma entre várias missões propostas globalmente para aproveitar a aproximação do Apophis com a Terra, oferecendo uma chance única de estudar um novo corpo celeste e observar, em tempo real, os efeitos de maré de uma aproximação tão próxima.
A Agência Espacial Europeia (ESA) está desenvolvendo sua missão Ramses — baseada na espaçonave Hera, já lançada, para dar continuidade ao teste de desvio de asteroide DART da NASA — com Michel como cientista-chefe. A missão fará um levantamento antes e depois da forma, superfície, órbita, rotação e orientação do asteroide para determinar como a gravidade da Terra afetou o Apophis. Uma decisão final sobre o financiamento será tomada em uma reunião ministerial ainda este ano.
A espaçonave principal da missão de retorno de amostras de asteroide OSIRIS-REx, renomeada OSIRIS-APEX, deverá se encontrar com o Apophis logo após sua aproximação da Terra, embora uma proposta orçamentária do governo Trump de 30 de maio proponha encerrar essa missão estendida. O workshop T-4, por sua vez, recomendou à NASA o redirecionamento dos pequenos satélites gêmeos Janus para visitar o Apophis.
A agência espacial japonesa JAXA lançará sua missão adiada DESTINY+, destinada a outro asteroide próximo à Terra, Phaethon, em 2028. O adiamento no cronograma permitirá que a espaçonave faça um sobrevoo do Apophis antes que ele alcance a Terra.
O Apophis tem cerca de 340 metros de diâmetro e é classificado como um asteroide do tipo S, provavelmente composto de rocha e metal. Foi descoberto em 2004, e cálculos iniciais indicavam uma chance de 2,7% de impacto com a Terra em 2029, gerando preocupação. Posteriormente, isso foi refinado para risco zero, e ele não representa ameaça por pelo menos 100 anos.
Calcula-se que o Apophis se aproximará até 30.600 quilômetros da Terra na sexta-feira, 13 de abril de 2029, passando dentro da órbita dos satélites geoestacionários. O sobrevoo será visível a olho nu na Europa, África e partes da Ásia. O asteroide leva o nome do deus egípcio do caos e da escuridão, Apep (Apophis, em grego).
Brazilian Space
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