Falha em Equipamento a Laser é Apontada como Causa do Segundo Fracasso de Pouso Lunar da Startup ispace Japonesa
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Crédito: ispace
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| Resilience, o segundo módulo lunar da empresa japonesa ispace, durante os preparativos pré-lançamento. |
No dia de ontem (24/06), o portal SpaceNews noticiou que a empresa japonesa ispace afirmou acreditar que sua segunda missão de pouso lunar falhou devido a problemas com um telémetro a laser utilizado para determinar a altitude durante a descida.
De acordo com a nota do portal, em uma coletiva de imprensa realizada no final do dia 23 de junho, executivos da empresa disseram que uma análise do pouso fracassado da espaçonave Resilience, ocorrido em 5 de junho, levou à conclusão de que o telémetro a laser da espaçonave sofreu algum tipo de falha de hardware que impediu a obtenção oportuna de dados sobre a altitude do módulo.
O telémetro a laser foi projetado para fornecer dados de altitude quando a espaçonave estivesse a pelo menos três quilômetros da superfície, acionando os motores para a queima final de pouso. No entanto, o equipamento só forneceu sua primeira medição de altitude quando a nave já estava a menos de 900 metros do solo.
O módulo então tentou uma desaceleração rápida, mas, a essa altura, viajava muito mais rápido do que o planejado: 66 metros por segundo contra os 44 metros por segundo esperados. A última telemetria recebida, a 192 metros de altitude, mostrou que ele ainda estava descendo a 42 metros por segundo.
Imagens do Orbitador de Reconhecimento Lunar da NASA, divulgadas em 20 de junho, mostram o provável local do impacto do Resilience, cerca de 282 metros ao sul e 236 metros a leste do local de pouso planejado. O impacto criou uma cratera de 16 metros de diâmetro.
Yoshitsugu Hitachi, vice-presidente executivo do Escritório de Engenharia do Japão na ispace, disse na coletiva que a empresa primeiro analisou se a causa foi hardware ou software. A telemetria não revelou problemas no software do módulo e também descartou falhas no sistema de propulsão.
A atenção então se voltou ao telémetro a laser. As análises não encontraram evidências de que o equipamento tenha sido instalado incorretamente, segundo ele, levando a ispace a concluir que o desempenho do dispositivo se degradou de alguma forma em relação aos testes anteriores ao voo.
Vários fatores podem ter causado essa degradação, incluindo condições da superfície lunar que reduziram a quantidade de luz do laser refletida de volta ao módulo, menor potência do laser, desempenho reduzido em velocidades mais altas ou efeitos do ambiente espacial, como vácuo ou radiação.
“Por enquanto, não conseguimos restringir mais as causas”, disse ele por meio de um intérprete, “nem determinar se a anomalia foi causada por um único fator ou por uma combinação de múltiplos fatores.”
Hitachi destacou que a causa do acidente do Resilience foi diferente da da primeira missão da empresa, em 2023, quando um problema de software fez o módulo acreditar que estava perto da superfície, quando na verdade estava a cinco quilômetros de altitude, permanecendo em voo até consumir todo o combustível e cair. Esse software funcionou bem no Resilience, segundo ele.
O primeiro módulo não teve problemas com seu telémetro a laser, mas o Resilience utilizou um modelo diferente porque o fornecedor original do equipamento não fabricava mais a versão usada na missão inicial.
Ryo Ujiie, diretor de tecnologia da ispace, afirmou que a empresa está tomando duas medidas principais para lidar com o problema que causou a queda do Resilience. A primeira é aprimorar o plano de testes do telémetro a laser e dos sensores relacionados, para entender melhor como eles funcionam em condições como alta velocidade de descida e baixa refletividade da superfície.
A segunda medida é considerar o uso de um telémetro a laser diferente, já que o modelo usado no Resilience não era comprovado em voo. A empresa também cogita complementar o telémetro com outros sensores, como LIDAR ou câmeras, para navegação relativa ao terreno.
Esse trabalho será apoiado por um novo comitê de revisão externa, que incluirá ex-engenheiros da NASA e da agência espacial japonesa JAXA. A ispace também planeja colaborar mais estreitamente com a JAXA em futuras missões, aproveitando sua expertise técnica.
Essas mudanças não afetarão o cronograma das próximas duas missões: a Missão 3, com um módulo construído pela ispace dos EUA para a Draper e voando uma missão da NASA, e a Missão 4, com um módulo construído no Japão. Ambas continuam previstas para lançamento em 2027. A ispace estima que haverá um custo adicional de cerca de 1,5 bilhão de ienes (US$ 10,3 milhões) nessas missões, com medidas como aquisição de um melhor telémetro a laser e testes mais rigorosos.
“Levamos isso muito a sério”, disse Takeshi Hakamada, CEO da ispace, sobre os fracassos das duas primeiras missões. “No entanto, o mais importante é continuar tentando. Falhas podem acontecer, mas seguimos aprimorando nossos sistemas.”
“Nosso principal objetivo hoje foi mostrar que a ispace, como desbravadora, já está avançando em direção à próxima missão”, acrescentou, prometendo reconquistar a confiança dos clientes e demais partes interessadas. “Estamos comprometidos em demonstrar que a ispace continuará a crescer, sem se deixar abalar por esse revés.”
Brazilian Space
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