Farra em Dubai (II)

Olá, Leitora! Olá, Leitor!

Ainda impactados e indignados com a falta de compromisso com a coisa pública e o mal-uso de recursos que poderiam estar sendo aplicados no desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro (PEB), conforme apresentado na matéria anterior (Farra em Dubai), continuamos acompanhando e confirmando o nosso prognóstico que a Farra em Dubai, promovida pelo alto escalão do PEB, continua crescendo, infelizmente.

Crédito: Capital Digital (Adaptado)

Essa excursão oficial está sendo justificada pelos seus promotores para que todos possam participar dos eventos “Expo Dubai 2020”, “Space for Women” e no “72º Congresso Internacional de Astronáutica (IAC)”, que acontecerão na bela e caríssima Dubai, dos dias 15 a 22 de outubro próximos.

Ainda para justificar essa delegação, maior do que muitas comitivas presidencial nacionais, foi divulgado que os gestores brasileiros irão submeter a candidatura do Brasil para sediar o Congresso Internacional de Astronáutica (IAC) de 2024.

Justificativas à parte, nas nossas apurações, bem como na matéria inicial da Capital Digital, tivemos a indicação que o número de membros da Farra em Dubai ainda iria aumentar e que todo tipo de manobra para dificultar a detecção das informações sobre essa esbórnia com os recurso públicos iria ser perpetrada, tal como a utilização de recursos de convênios (PNUD) para pagar os custos de viagens de outros apaniguados e ainda o fatiamento das publicações das autorizações para a viagem de membros do governo.

Não demorou muito, esses informes se confirmaram e, mais uma vez a Capital Digital foi mais ágil na coleta e processamento das informações, as quais encontram-se nas seguintes publicações: "Cresce a lista de aspones de Marcos Pontes em Dubai"; e "AEB contrata consultor para fazer o trabalho de 10 aspones durante os eventos de Dubai".

Aumentando a Farra

Na matéria "Cresce a lista de aspones de Marcos Pontes em Dubai", confirma-se aquilo que já sabíamos e já havíamos anunciado na nossa matéria anterior, que a lista de pessoas que iriam para Dubai ainda iria crescer. Assim, além dos nomes listados pela Capital Digital (os quais já estavam em nossas apurações), tivemos a adição de mais dois nomes ligados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) / Agência Espacial Brasileira (AEB), os quais podem não ser os últimos ainda, conforme lista atualizada abaixo:

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

- MARCOS CESAR PONTES - Ministro

- CARLOS ROGÉRIO ANTUNES DA SILVA – Diretor do Departamento de Articulação e Comunicação; 

- ODJAIR NASCIMENTO BAENA – Assessor; 

- PAULO CESAR REZENDE DE CARVALHO ALVIM – Secretário de Empreendedorismo e Inovação; 

- SERGIO FREITAS DE ALMEIDA – Secretário-Executivo;

- CHRISTIANE GONÇALVES CORRÊA – Secretária de Articulação e Promoção da Ciência;

- RICARDO CESAR MANGRICH – Assessor Especial do Ministro;

- LUCILEN FRANCIANE CORREA BARBOSA - Chefe da Assessoria do Cerimonia (Recém adicionada); e

- NEILA ROCHA - Assessora Técnica (Recém adicionada)

Subtotal = 08 Pessoas

Agência Espacial Brasileira (AEB) 

- CARLOS AUGUSTO TEIXEIRA DE MOURA – Presidente; 

- LETÍCIA VILANI MOROSINO – Chefe de Gabinete; 

- JOÃO SÉRGIO BESERRA DE LIMA – Analista em Ciência e Tecnologia; 

- ALUÍSIO VIVEIROS CAMARGO – Diretor de Planejamento, Orçamento e Administração; 

- PRISCILLA NOGUEIRA CAVALCANTE PACHECO – Assessora Técnica da Diretoria de Planejamento, Orçamento e Administração; 

- DANIELA FERREIRA MIRANDA – Chefe da Assessoria de Cooperação Internacional;

- ANDRÉ LUÍS BARRETO PAES – Chefe da Assessoria de Ralações Institucionais e Comunicação;

- HERBERT KIMURA – Diretor de Inteligência Estratégica e Novos Negócios;

- LÚCIA HELENA MICHELS FREITAS – Assessora Técnica da Diretoria de Inteligência Estratégica e Novos Negócios; e 

- CRISTIANO AUGUSTO TREIN – Diretor de Governança do Setor Espacial

Subtotal = 10 Pessoas

Total = 18 Pessoas 


Lei dos Rendimentos Decrescentes às Avessas


A lei dos rendimentos decrescentes (lei das proporções variáveis ou lei da produtividade marginal decrescente) é uma teoria econômica que demonstra que a adição de um novo recurso a um determinado processo produtivo não necessariamente implica no aumento proporcional ao acréscimo realizado.

Ao contrário disso, segundo a referida lei, quando se adiciona mais recursos a um mesmo processo, acreditando que isso ira aumentar a produtividade (o resultado), o que vai acontecer é que a produtividade vai decair, enquanto o custo marginal da operação aumenta.

Assim, se os gestores do PEB estão acreditando que mandar mais pessoas vai aumentar o resultado esperado, fatalmente o tiro sairá pela culatra, pelo menos no custo da operação.

No entanto, não satisfeitos em levar essa excursão, o que, no mundo normal, se imaginaria ocorrer para dividir os trabalhos (que devem ser hercúleos dada a quantidade de pessoas), a AEB ainda contratou um Consultor(a) com um Salário de R$ 30.000,00 reais e vai levar esse Consultor(a), com tudo pago pelo convênio do PNUD (como havíamos  anunciado na nossa matéria anterior) para produzir um relatório contendo informações detalhadas de tudo o que for discutido durante os dias 21 e 22 de outubro no evento “Space4Women Expert Meeting”, fato esse confirmado pela  Capital Digital na matéria "AEB contrata consultor para fazer o trabalho de 10 aspones durante os eventos de Dubai".

Será que os organizadores do “Space4Women Expert Meeting” não vão disponibilizar os anais ou resumos das reuniões, como sempre ocorre em eventos desse porte? Será que a AEB e o MCTI não tem dentre os seus quadros pessoas capazes de produzir um relatório como esses? Aonde estarão os representantes da AEB e do MCTI que não poderão acompanhar o evento e registrar de próprio punho os pontos mais interessantes para esses órgãos e para o Brasil?

Logo, o consultor vai fazer o serviço que deveria ser dos já bem pagos e bem contemplados com benesses gestores / assessores da AEB e do MCTI. Ou seja, 1 fazendo o trabalho de 18, tudo pago com os parcos recursos do nosso PEB.

É a lei dos rendimentos decrescentes às avessas! 


Uma despedida em alto estilo ou uma busca por um legado a qualquer preço?


Bem Leitora e Leitor, saindo um pouco da seara da gestão pública do PEB e entrando na questão política, essa viagem pode ser nada mais nada menos que: uma despedida em alto estilo ou uma busca por um legado a qualquer preço ou mesmo ambos.

Explico.

Todos sabem que a indicação do Marcos Pontes para o ministério foi recebida com muita alegria e expectativas pela comunidade espacial brasileira. Vimos isso e podemos testemunhar nesse sentido, pois o I Congresso Aeroespacial Brasileiro  (I CAB), realizado em Foz do Iguaçu - PR em novembro de 2018, teve como principal participante (o então indicado a ministro) Marcos Pontes.

Era claro naquele evento que todos os participantes imaginavam que com o Marcos Pontes à frente do MCTIC, hoje MCTI, este iria fazer uma devassa no que estava de errado na gestão do PEB, que iria trazer novos ares, novos nomes e novas práticas de conduta e trabalho para os entes do PEB... Sentia-se essa expectativa e vibração no ar.

Tanto era essa a expectativa de mudanças, que a comunidade espacial elaborou, aprovou em assembleia geral do congresso e entregou em mãos ao futuro ministro as suas sugestões e anseios, materializadas na emblemática e histórica "Carta de Foz do Iguaçu" (veja aqui).

Passados alguns meses da gestão, vimos os cargos de mais alta posição no PEB sendo ocupado por pessoas totalmente despreparadas e inexpressivas na comunidade espacial. Vimos a AEB sendo entregue a um grupo que nunca ocupou cargos relevantes (nem na iniciativa privada, nem na administração pública), que, de mais importante nos seus currículos tem a sua passagem pela Alcantara Cyclone Space (ACS)... Pensem ai!

Com 100 dias de gestão, sem nenhum programa ou objetivos claros definidos pela administração do PEB, fizemos uma análise desse período considerando os itens da Carta de Foz do Iguaçu, cujo resultado pode ser visto aqui.

Com base nisso, basta estender a avaliação para 1000 dias de gestão, completadas a pouco, para se ter um balanço (sem factoides) do que se fez.

Vimos um ministério mais empenhado em validar Anitta do que com o PEB, o patinho feio das ciências e tecnologias nacionais.

E se perguntarmos a qualquer pessoa que conheça do PEB, qual o legado da atual gestão? O que essa gestão deixará (de concreto e palpável) para o futuro, além das farras na AEB e em Dubai?  

Considerando o atual cenário político eleitoral, existe um potencial cenário de risco do atual governo não se reeleger, o que não pode ser desprezado, por diversos motivos que fogem aos objetivos do BS, que é um canal técnico e de gestão e não político / ideológico.

Então Leitor e Leitora, essa viagem para Dubai pode representar para a atual gestão do PEB o único legado concreto que deixará para a posteridade no setor espacial, se a candidatura do Brasil para o IAC/2024 for a escolhida.

Além disso, temos a informação segura que o Marcos Pontes pretende deixar o MCTI em janeiro de 2022 para se candidatar a Deputado Federal por São Paulo, apesar do período de desincompatibilização ter seu prazo máximo em 02 de Abril de 2022 para gestores públicos.

Então, além dessa viagem representar a busca por algo tangível para a posteridade para o setor espacial (a sede do IAC/2024 no Brasil), também pode ser uma despedida (em alto estilo) das benesses do poder para todos do ciclo de indicados mais próximos do ministro, que com a saída do Ministro poderão perder seus preciosos cargos.

Vejamos os próximos capítulos!

Brazilian Space

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