MAPHEUS 11 sem o VSB-30

Olá leitora! Olá leitor!

Às 07:35h (GMT) de ontem (segunda-feira, 24/05/2021), o foguete de pesquisa MAPHEUS 11 do Centro Aeroespacial Alemão (DLR - Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt) foi lançado com sucesso do Centro Espacial Esrange, no norte da Suécia. O foguete atingiu uma altitude de 221 km e 5,5 minutos de microgravidade, onde foram realizados os três experimentos de física material a bordo, antes de reentrar na atmosfera terrestre.

Imagem do lançamento do Improved Malemute.
Fonte: SSC/DLR.

O detalhe dessa missão é que ela utilizou uma combinação de dois motores Improved Malemute , ao invés do já tradicional VSB-30, produto nacional brasileiro, desenvolvido em parceria com o DLR, que há anos vinha sendo usado preferencialmente para esse tipo de missão (veja aqui).

Em verdade, esse movimento já vem sendo ensaiado desde a missão Mapheus 7, quando cujo veículo de sondagem resultou de uma integração do motor S-31 do VSB-30 como primeiro estágio e do motor Improved Malemute como segundo estágio. Com essa configuração o DRL já obteve um resultado otimizado com relação ao desempenho x payload com massa inferior x custo.

O Improved Malemute é um veículo de sondagem de dois estágios da indústria aeroespacial dos Estados Unidos da América (EUA), veja aqui, com características gerais e de voo muito similares ao VSB-30, mas possui uma capacidade de carga nominal de payload menor. Enquanto o VSB-30 consegue levar até 400 kg, o  Improved Malemute na configuração em tela permite até 180 kg de carga paga, mantendo (nominalmente) tempos de voo em microgravidade de 6,0 e 5,5 minutos, respectivamente.

Imagem do Improved Malemute e do VSB-30, adaptada.
Fonte: MORABA / DRL.

Considerando o portfólio de veículos de sondagem oficialmente utilizados (ou em fase de projeto) pelo MORABA (Mobile Rocket Base) do DLR (veja aqui), a utilização do Improved Malemute para essa missão poderia ser uma simples questão de adequação ao tipo de payload, ao perfil e tempo de voo em ambiente de microgravidade e a massa total definida na missão, porém, a informação trazida pela Empresa de Serviços Espaciais da Suécia (SSC - Swedish Space Corporation), veja aqui, destaca a economia no custo da missão usando o referido veículo. 

Apesar de não termos conseguido ainda as informações sobre os custos da missão e dos veículos para fins de comparação, será que o preço do VSB-30, agora transferido para a iniciativa privada, aumentou tão significativamente, mesmo com o câmbio favorável, de modo a não ser mais atrativo para esse nicho de mercado?

Vamos aguardar mais informações, pois o VSB-30 é o principal produto espacial de exportação do Brasil uma potencial perda de espaço nesse nicho do mercado internacional não seria nada interessante para o País.

Cabe lembrar que a transferência do produto desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) para a indústria foi motivada justamente para escalar e otimizar o processo de produção do VSB-30, o que diminuiria os custos por unidade, tornando-o um produto de mercado tão competitivo em termos de preço, quanto em termos da qualidade técnica e confiabilidade (já certificadas) que o referido veículo de sondagem possui.

Brazilian Space

Última atualização em 27/05/2021 às 9:30h.

Comentários

  1. Acho até que a questão é essa. Enquanto estava na mão do Estado os "parceiros" não se importavam. Quando se torna um produto competitivo, e um competidor de alta tecnologia, no privado, os "parceiros" não gostam. Crie-se o mercado aqui. O Estado contratando a empresa e fomentando tecnologias e pesquisas.

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    1. O problema não é esse. Foguetes de sondagem quase sempre, só se justifica o custo com propulsão sólida ou fazendo reuso dos estágios. Tudo indica que o DLR não tem o menor interesse em desenvolver motores sólidos... Agora, se eles a opção de comprar o mesmo porte de veículo ao mesmo preço de empresas Canadenses/NorteAmericanas mais tradicionais, por que acha que eles comprariam aqui do Brasil??? O que sempre reforço é que o Brasil não exporta tecnologias espaciais não por falta de tecnologia ou mesmo herança de voo, mas sim principalmente pelos preços NÃO COMPETITIVOS...

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    2. Prezado, Professor Oswaldo, agradeço o esclarecimento.
      Nesse caso não é melhor que a empresa, Avibrás, forneça produtos competitivos? O Estado não deveria fomentar essas encomendas, para ganho em escala, e redução de custos? Não sei se estou falando alguma bobagem, dado ser uma empresa tradicional, sendo que outras soluções seriam melhores.

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    3. Oi Gustavo. Então, a Avibras vem recebendo recursos a fundo perdido a muitas décadas, além de receber em 2008, R$ 17 Milhões para converter as munições do astros no FTB e FTI, e alguns anos depois outros R$ 60 Milhões para os motores S50, além de outros milhões em recursos para um "re-desenvolvimento" de propelente sólido, além de uma planta de HTPB nova (onde o próprio governo permitiu a venda da planta da petroflex que já existia e fornecia ao DCTA e a Avibras, alguns anos antes)... Também é importante avaliarmos que a parte mais cara, o P&D do VSB30 e o desenvolvimento de fornecedores foi todo feito pelo IAE e cedido gratuitamente a Avibras, com a promessa que sairia mais barato que o IAE gerenciar a fabricação... Mesmo com tudo isso, o preço do veículo subiu tanto que ficou menos competitivo que fornecedores US e Canadenses... então sinceramente não creio que o problema seja falta de mais subsidios.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Afinal, de contas, por que mesmo foi que o "astronauta" plantador de feijão entrou no governo? Eu tinha esperança que, pelo menos, a área espacial fosse beneficiada com ele no MCT&I....

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  4. Lembrando que, pelo cronograma atualizado do VLM segundo o IAE, o primeiro teste do motor S50 deveria ter sido realizado em Maio. E claro, sem nenhuma surpresa, não ocorreu.

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