A Astronomia e a Educação Científica no Brasil
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado hoje (04/07) no site do jornal “Diário do Vale” destacando a astronomia e a educação científica no Brasil.
Duda Falcão
ESPAÇO ABERTO
A Astronomia e a Educação Científica no Brasil
Publicado em 04/07/2010, às 10h44
Neste início de inverno, a estrela mais brilhante do céu é um planeta. Vênus pode ser visto todo dia, no cair da tarde, como um ponto de luz muito brilhante, quando o colorido do poente começa a ser substituído pelo azul escuro.
A única estrela mais brilhante do que Vênus, foi feita pela mão do homem. É a Estação Espacial Internacional, que deslizou silenciosa pelo céu de Pinheiral na semana passada, por volta das 18h10 de sexta feira. Não fomos privilegiados lá na cidade onde moro. A passagem da ISS pode ser vista de todas as cidades da nossa região, mas pouca gente prestou atenção ou entendeu o que era aquela estrela enorme, movendo-se do horizonte leste para o oeste.
Ver a ISS, a olho nu, do quintal da minha casa, me fez pensar nos estudantes das escolas de segundo grau. Todo ano, no mês de maio, eles ficam muito interessados na ciência das estrelas e das naves espaciais.
O motivo é a Olimpíada Brasileira de Astronomia, que dá como prêmio uma viagem aos Estados Unidos, para conhecer as instalações da agência espacial americana Nasa, em Cabo Canaveral. As professoras do CIEPs de Pinheiral sempre me convidam para dar uma palestra para seus alunos e responder a perguntas.
Procuro explicar para eles que a Astronomia, a ciência dos astros, e a Astronáutica, a ciência das viagens espaciais, são dois universos muito amplos e exigem um interesse contínuo para dominá-las. Não adianta achar que uma consulta à internet ou uma palestra, vão capacitar alguém a vencer uma competição a nível nacional como a Olimpíada.
Este ano quem ganhou foi uma jovem de 22 anos, Ana Luíza Santos, aluna de uma escola em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Ela é casada e vai viajar com o marido para conhecer Cabo Canaveral e o Museu Aeroespacial Smithsonian, em Washington. Aposto como ela estudou o ano inteiro para isso.
Para o Começo
A Olimpíada de Matemática é mais antiga e como a competição de Astronomia, visa atrair o interesse dos jovens para as ciências. Uma tarefa ingrata num país onde a cultura e o estudo são desprezados e exigem muita dedicação. Meu sobrinho ainda está no primeiro grau e veio me contar outro dia sobre uma aula que teve na escola.
A professora falou no programa espacial e no desastre com a nave Colúmbia em 2003. "Ela falou na Estação Espacial Internacional?" perguntei e a resposta foi negativa. Como alguém pode dar uma aula de astronáutica, sem mencionar a maior obra de engenharia já realizada no espaço?
A professora do meu sobrinho não fez o trabalho de casa e não se informou devidamente sobre o assunto. Mas não se pode esperar muito delas. Tenho uma amiga que é professora do primeiro grau e ganha um salário mínimo. Como alguém pode esperar que uma pessoa que ganha uma miséria tenha tempo para se atualizar, se manter informada, e o mais importante: como ela vai motivar seus alunos para o estudo e a cultura?
Pense numa criança ou num adolescente crescendo no mundo de hoje. Ele assiste aos programas de esporte e sabe que os jogadores de futebol, esses que estão na Copa do Mundo, ganham salários milionários. Enquanto isso, a professora dele sobrevive com 500 reais por mês. Vocês acham que ele vai se interessar pela leitura ou pelo estudo? Claro que não, ele vai querer jogar bola, que é uma coisa que dá dinheiro no Brasil, ao contrário da cultura.
E o resultado disso é um país que não consegue desenvolver tecnologia própria em vários campos e vive esperando que os estrangeiros cedam para nós, aquilo que conseguiram com muito esforço e investimento. Incluindo um pesado investimento em educação.
Uma vez, quando era repórter no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de conhecer o adido cultural da Coréia do Sul. Ele me contou como seu país se preparou durante duas décadas para enfrentar a competição da indústria japonesa. Os coreanos do sul perceberam que não era suficiente formar uma massa crítica de engenheiros. Era preciso formar cientistas que são os criadores de novas tecnologias.
A Coréia investiu em educação, formou centenas de professores de ciências, deu-lhes salários dignos e material didático adequado. Hoje, a Coréia do Sul é um dos tigres asiáticos e seus produtos competem de igual para igual com o que é feito no Japão.
Já o Brasil está esperando que a França repasse a tecnologia dos supersônicos Rafale e não conseguiu desenvolver um foguete lançador de satélites, coisa que o Irã e a Índia já têm, há uma década.
A Olimpíada Brasileira de Astronomia e a de Matemática são iniciativas importantes, mas precisamos de muito mais para entrar de vez no século 21.
Fonte: Site do jornal Diário do Vale
Comentário: Interessante artigo que descreve os problemas vividos pela educação científica e de qualidade no Brasil. Infelizmente o texto não foi assinado pelo seu autor, apesar da foto que acompanha o artigo não nos ser estranha, ainda estamos sem saber a sua origem. O artigo faz uma descrição com simplicidade e propriedade dos problemas vividos pela educação enaltecendo as olimpíadas de Astronomia, Astronáutica e de Matemática, que tem contribuído muito para um maior envolvimento de nossas crianças e jovens com as ciências, mas deixa claro que precisamos mudar muita coisa na condução da educação neste país se quisermos entrar de vez com o pé direito no século 21. Parabéns ao autor (seja ele quem for), o blog concorda em gênero, número e grau com suas observações.
Ai Duda, eu dou o nome deste grande brasileiro, um dos MAIORES escritores de ficção-científica do Brasil, JORGE LUIZ CALIFE. Foi Calife quem sugeriu a Arthur C. Clarke uma seqüência para 2001: Uma Odisséia no Espaço, inclusive fora creditado por Clarke em 2010: Uma Odisseia no Espaço 2.
ResponderExcluirEntrevista bacana dele :
http://www.cranik.com/entrevista124.html
Olá Ricardo!
ResponderExcluirValeu amigo por esclarecer que era o autor do texto. Já quanto a entrevista do mesmo é muito interessante e lhe confesso que não o conhecia.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Ele escreveu um livro muito bacana sobre exploração espacial: "Como os Astronautas vão ao Banheiro."
ResponderExcluirhttp://www.planetanews.com/produto/L/34793/como-os-astronautas-vao-ao-banheiro--e-outras-questoes-perdidas-no----jorge-luiz-calife.html
Rapaz!
ResponderExcluirEu acho que já vi esse livro na biblioteca de meu pai. Vou dar uma olhada.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)