ACS Recebe Área para Instalar Sítio de Lançamento


Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada no jornal “O Estado do Maranhão” de hoje (01/07), destacando que a empresa binacional Alcântara Cyclo Space (ACS) receberá hoje da Aeronáutica o termo de entrega da área no CLA onde será construído o Complexo de Lançamento do Cyclone-4.

Duda Falcão


Alcântara Cyclone Space Recebe Área

para Instalar Sítios de Lançamentos


Empresa binacional recebe hoje o termo de entrega

de área no Centro de Lançamento de Alcântara;

obras devem ser iniciadas até setembro deste ano


O Estado do Maranhão

01/07/2010


Área do CLA abrigará a empresa binacional

Alcântara Cyclone Space


O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e a empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS) assinam hoje, às 10h, no Salão Nobre do CLA, o termo de entrega da área que será utilizada pela ACS para a construção das instalações físicas e também dos sítios para lançamentos em parcerias internacionais. O primeiro lançamento previsto será do foguete ucraniano Cyclone 4.

As obras devem ser iniciadas até o mês de setembro e só foram autorizadas em maio, após a liberação da licença ambiental do IBAMA, que garante a instalação de uma base de lançamento e área de armazenamento temporário de componentes de propelentes. A licença prévia tem validade de oito meses, e o consórcio Alcântara Cyclone Space, formado pelo Brasil e a Ucrânia, precisa cumprir 11 condicionantes estabelecidas pelo IBAMA.

A assinatura do termo que permite a liberação do início das obras da ACS no CLA simboliza o fim de um impasse protagonizado pela empresa e comunidades quilombolas do município de Alcântara, o que atrasou em um ano o início das atividades da Alcântara Cyclone Space.

Pelo calendário inicial, o primeiro lançamento deveria acontecer em julho deste ano, mas a empresa teve que adiar os planos e realizar algumas mudanças no projeto. Inicialmente, a ACS deveria ocupar uma área em que hoje residem três comunidades quilombolas, mas recuou diante de problemas sociais. Por causa disso, em maio de 2008 o ministro da Defesa, Nelson Jobim, autorizou a construção de sítios para o projeto Cyclone dentro da área já ocupada pelo CLA. O ofício foi assinado após uma decisão da Justiça Federal, que impedia a ACS de continuar realizando prospecções no solo da área das comunidades.

No entanto, apesar da transferência, o início da obra só seria possível com a licença ambiental, que foi elaborada e apresentada pelas comunidades no fim do ano passado. O capital da Alcântara Cyclone Space é de US$ 105 milhões. Brasil e Ucrânia participam, cada um, com 50% deste investimento. A parte brasileira tem como participantes os ministérios da C&T, Fazenda e Planejamento, além da Agência Espacial Brasileira (AEB).

A parte ucraniana é representada pela Fundação de Propriedades do Estado e por duas empresas estatais, a Yuzhnoye e a Dneprotiazhmash. O foguete Ciclone-4 está sendo construído a partir do Ciclone-3, que foi usado pela Rússia para colocar em órbita vários tipos de satélites.


Fonte: Jornal O Estado do Maranhão - pág. 08 - 01/07/2010

Comentário: Um dia triste para o país, venceu a política, a incompetencia, a falta de visão de como se construir uma nação de verdade. Enquanto muitos comemoram essa notícia o blog BRAZILIAN SPACE lamenta profundamente que uma boa idéia como esta esteja sendo jogada pela janela através dessa mal engenhada empresa pública, que se baseia no uso comercial de um foguete altamente tóxico, caminhando de encontro ao atual momento vivido pela sociedade humana, o que certamente será fatal para suas pretensões de mercado. Não bastasse a incompetência gerencial do senhor Roberto Amaral, além do provável rombo que essa empresa gerará no erário publico com a sua liquidação, terá ainda como legado a contaminação ambiental como um de seus souvenis. Estão enganados aqueles que pensam que os problemas da ACS se encerraram, na realidade estão só começando e atingirá seu auge quando entidades como o Greenpeace, ongs nacionais e internacionais e as próprias comunidades quilombolas começarem a notar algo de estranho com o meio ambiente local. Caros nativos, espero que vocês não venham a precisar mais do que uma simples sombrinha ou de um quarda-chuva para se protegerem da estranha chuva que começará a cair na região, entre outras coisas. É lamentável que algo assim esteja acontecendo em meu país e mais lamentável ainda observar como a política partidária pode ser prejudicial aos interesses do povo brasileiro e mais ainda, aos interesses da raça humana como um todo. Deus nos ajude. Aproveito para agradecer uma vez mais ao leitor Edvaldo Coqueiro pelo envio desta matéria.

Comentários

  1. Prezado Duda,

    O que me deixa triste é ver claramente a falta de foco no projeto espacial brasileiro.
    São tantas parcerias, isso nos leva a difusão dos valores orçamentários, em vez de dirigir todos os esforços para a capacitação dos lançadores com recursos próprios, nos vemos claramente a incapacidade de gestão do governo no programa espacial brasileiro.

    Acho eu na minha humilde opinião que a gestão deveria ser focada no VLS.E na tecnologia de satélites e ponto final.Depois disso alcançado e que partiriamos para missões com maior grau tecnologico e conteúdo cientifico.

    sds

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  2. Olá Benito!

    Realmente existe falta de foco no programa, mais a idéia da criação de uma empresa binacional é uma boa idéia e necessária no momento para o país. Não discuto isso, já que não haverá nos próximos 10 anos foguetes brasileiros para colocar em órbita os satélites já programados e colocá-los por outros meios, custa muito caro. O problema é que essa empresa foi criada com o sócio errado, com a tecnologia errada, com a concepção acionária errada (deveria ser de capital misto) e sob uma direção incompetente motivada por compensação política partidária. O problema dos recursos é só mudar a prioridade, pois os mesmos existem. Se pudemos investir seis bilhões de dólares em cinco submarinos, fora outros tantos bilhões em aviões de caça, helicópteros e no PROANTAR, podemos perfeitamente investir 700 milhões de dólares anualmente no PEB. Esse valor atenderia perfeitamente as ambições sejam elas de foguetes nacionais, satélites e sondas espaciais, como o Projeto ASTER.

    Forte abraço


    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. Prezado Duda,

    Não discordo de vossa senhoria, porém insisto que há mais de 40 anos o brasil investi em lançadores e tecnologia espacial, eu era uma criança e já ouvia e acompanhava as atividades do sonda 1,2,3 4 na barreira do inferno.Portanto acho um insulto ao povo brasileiro essa incompetencia generalizada, não gosto de ferir os brios de ninguem, porém convenhamos é muito tempo.

    sds

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  4. E você não está errado Benito, é realmente frustrante. A não ser que são quase 50 anos (completa agora em 2011). Tenho 46 anos e acompanho o PEB desde 1971, quando descobrir no livro anual da BARSA de 1968 que o Brasil tinha um programa espacial. Realmente houve incompetência e falta de interesse político pelo programa de 1961 até agora, mas não dos valorosos servidores e pesquisadores que militaram e militam no programa. Sem eles o mesmo não existiria e alguns deles chegaram a dar a vida pelo que acreditavam. Porém temos de enfrentar a verdade dos fatos, ou seja, os satélites programados pelo PEB são cargas úteis de 800 kgs ou mais e os foguetes atualmente em desenvolvimento pelo IAE (VLM-1 e VLS-1) não comportam esse peso. Existe o VLS ALFA para cargas de até 800 kgs que esta sendo desenvolvido com os russos, mais ainda é uma promessa que não se tem a certeza que sairá do papel. Precisávamos de um foguete que comportasse cargas de 2000 kgs (tipo o futuro satélite CBERS-3) e sendo assim a criação de uma parceria como essa da ACS é uma boa idéia, mas infelizmente foi mal conduzida desde o seu inicio e suas chances de sobrevivência num mercado altamente competitivo como o mercado de lançamento de satélites são diminutas.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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