Segundo Aponta Novo Estudo, Megaconstelações de Satélites Ameaçam a Recuperação da Camada de Ozônio
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No dia de ontem (03/07), o Blog do Astrônomo noticiou que segundo um novo estudo publicado na Geophysical Research Letters em 12 de junho passado, nos próximos 30 anos, o óxido de alumínio, substância oriunda da reentrada de satélites na atmosfera, poderá elevar-se em 650%, criando assim uma ação nociva na camada de ozônio.
De acordo com a nota do blog, as concentrações de óxidos de alumínio na atmosfera da Terra, prejudiciais à camada de ozônio, podem aumentar em 650% nas próximas décadas devido ao aumento de satélites extintos que queimam durante a reentrada, determinou um novo estudo.
O artigo foi publicado na Geophysical Research Letters em 12 de junho. A pesquisa foi conduzida por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia (USC), em Los Angeles, e é a primeira a modelar a geração desses poluentes na atmosfera e estimar a evolução de suas concentrações com base na proliferação prevista de satélites.
À medida que megaconstelações, com centenas ou milhares de satélites individuais trabalhando em conjunto, continuam a atrair empresas privadas, isso pode ser altamente prejudicial à essa camada protetora do nosso planeta. Os autores do estudo dizem que o aumento das concentrações de poluentes emitidos pela reentrada de satélites pode causar uma destruição “potencialmente significativa” da camada de ozônio, impedindo sua recuperação lenta e constante.
Na década de 1980, abriu-se um buraco nessa camada acima da Antártida pela utilização de gases ricos em cloro e flúor em refrigerantes e aerossóis. No entanto, o problema está diminuindo, graças ao Protocolo de Montreal, de 1987, que proibiu essas substâncias a partir de 1989.
Nos últimos anos, cientistas expressaram preocupações com o número crescente de satélites queimando na atmosfera da Terra. Suas estruturas são feitas de alumínio, o que dá origem a óxidos de alumínio na reentrada – que destroem a camada de ozônio quando incinerados
“Este estudo usou simulação de dinâmica molecular em escala atômica para quantificar a quantidade de óxido de alumínio gerado para a reentrada de um satélite modelo e, em seguida, usou o número de reentrada de satélites planejadas para megaconstelações de satélites para prever a quantidade de óxido de alumínio que será gerada no futuro”, disse Joseph Wang, professor de Astronáutica e Engenharia Aeroespacial e Mecânica da USC e autor do estudo, ao site Space.com.
Toneladas Os pesquisadores descobriram que em 2022, cerca de 332 toneladas de satélites antigos queimaram na atmosfera, gerando 17 toneladas de partículas de óxido de alumínio no processo. Entre 2016 e 2022, as concentrações destes óxidos na atmosfera aumentaram oito vezes e continuarão a aumentar ainda mais com o número crescente de satélites lançados e “reentrados”.
Segundo a Agência Espacial Europeia, cerca de 12.540 satélites orbitam atualmente a Terra, dos quais cerca de 9.800 estão operacionais. Até ao final da década, esse número poderá aumentar dez vezes devido aos planos de empresas privadas para megaconstelações com dezenas de milhares de satélites de transmissão de Internet na órbita baixa. Por exemplo, a Starlink, da SpaceX, possui atualmente mais de 6 mil naves espaciais, e a empresa tem planos de implantar até 40 mil no total. Empresas como OneWeb, Amazon e os projetos chineses G60 e Guowang estão desenvolvendo suas próprias megaconstelações.
Leia mais: “China planeja constelação com 10 mil satélites”, 28/05/2024
Se todos esses planos se concretizarem, até 3.200 toneladas de estruturas de satélites poderão queimar na atmosfera todos os anos até 2030. Como resultado, 630 toneladas de óxidos de alumínio poderiam ser liberadas na alta atmosfera por ano, estimou a pesquisa, levando a um aumento de até 650% nas concentrações dessas partículas em comparação aos os níveis naturais.
Décadas Wang disse que leva até 30 anos para que as partículas, que primeiro se acumulam a uma altitude de cerca de 85 km, onde a maior parte do material do satélite se vaporiza, atinjam as altitudes onde reside a camada de ozônio. Só então os óxidos começariam a afetá-la. Os pesquisadores não estudaram detalhadamente o impacto na camada, mas enfatizaram que os efeitos poderiam ser “significativos”.
A maior parte do ozônio protetor do planeta está concentrada na estratosfera, entre 15 e 30 km de altitude. O ozônio absorve a radiação ultravioleta prejudicial, protegendo os organismos vivos na superfície do planeta contra danos.
Ao contrário das substâncias tradicionais que destroem a camada, o óxido de alumínio desencadeia processos de destruição sem serem consumidas nas reações, disseram os pesquisadores. As concentrações destas substâncias permanecem estáveis, permitindo que os óxidos continuem sua ação nociva até que desçam naturalmente para altitudes abaixo da camada de ozônio. No entanto, isso também pode levar até 30 anos, disse Wang.
Embora muito mais material de meteoritos do que satélites artificiais entre na atmosfera todos os anos, essa rochas espaciais naturais não possuem alumínio e não representam risco para a camada de ozônio. Os pesquisadores disseram que são necessárias mais pesquisas para compreender completamente os riscos que as megaconstelações representam para o nosso planeta.
“A química e a física destes subprodutos da reentrada, à medida que arrefecem e se depositam na atmosfera, incluindo as reações químicas com o ozônio, não são objeto deste estudo e não são completamente compreendidos pela comunidade”, disse ao Space.com José Pedro Ferreira, pesquisador da USC e oprincipal autor do estudo. “Por isso, quaisquer conclusões relacionadas aos impactos ambientais são prematuras. Essas incógnitas conhecidas devem funcionar como um incentivo para dedicar mais recursos a esta linha de pesquisa, que atualmente está sendo desenvolvida pelo nosso grupo na USC.”
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