Empresas do Setor Espacial Enfrentam Dificuldades
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria publicada na edição de nº 46
de Março-Abril de 2016 do “Jornal do SindCT”, destacando que Empresas do Setor Espacial Brasileiro enfrentam dificuldades.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Falta de maturidade tecnológica exige maior apoio
governamental
Empresas do Setor Espacial
Enfrentam Dificuldades
Indústria ainda é frágil e depende em grande medida de
encomendas
feitas pelo governo. Falta de planejamento e descontinuidade de
projetos colocam empresas em risco.
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Março-Abril de 2016
Os ziguezagues do Programa Espacial Brasileiro, e o
decorrente subfinanciamento do setor espacial, estão afetando as empresas que
atuam no setor e que dependem, em grande medida, das encomendas que lhes são
feitas pelo governo. É o caso da empresa Opto Eletrônica, de São Carlos, que
produziu a elogiada Câmera Mux para os CBERS-3 e 4, mas corre o risco de
tornar-se subsidiária de uma empresa europeia, porque a baixa demanda brasileira
de encomendas tornou inviável manter toda a estrutura e funcionários.
Muitos servidores do INPE e também do DCTA questionam as
empresas da área espacial por ficarem muito dependentes do governo para lhes
prover contratos. Dizem que deveriam buscar seus próprios meios, que seria
fazer o seu desenvolvimento para vender ao mercado interno e fora dele. Mas as
empresas são unânimes em dizer que é necessário um estímulo inicial por parte
do Estado, e explicam suas razões.
“Hoje não temos maturidade tecnológica suficiente. Para
que consigamos vender nossos produtos com valor tecnológico agregado,
necessariamente, precisamos buscar uma qualificação em voo. Já participei de
concorrência internacional e consegui oferecer o melhor preço. Ou seja: somos
competitivos. Porém, apenas por uma única especificação nossa empresa ficou de
fora, que é justamente a experiência em voo bem sucedida”, explica Jadir
Nogueira Gonçalves, presidente da empresa Fibraforte, de São José dos Campos.
Ele conta que concorreu com um propulsor de 5 Newtons, o mesmo que vai na Plataforma
Multimissão para o satélite Amazonia-1 (PMM- -AMZ-1), que ainda está bem longe
de ser lançada.
Quando se fala em tecnologias espaciais, o termo evoca
uma série de tecnologias relacionadas a setores que possuem viés estratégico,
como é o caso da área de comunicação de voz e dados civil e militar, GPS,
monitoramento da Amazônia e das fronteiras e muitos outros. Hoje, praticamente,
só se utilizam satélites estrangeiros no Brasil. O CBERS-4, que foi lançado no
final de 2014, tem um papel importante e é uma tecnologia praticamente dominada
em 100% pelo Brasil, mas atende apenas uma das demandas: a observação da Terra.
Portanto, no momento atual, o Brasil está muito a descoberto em termos de
autossuficiência.
“Moribundo”
“Eu, enquanto empresa, me sinto como um moribundo, as
pessoas passam, olham e dizem: ‘nossa, ele não morreu ainda’. Todo mundo já fez
diagnóstico sobre essa situação toda das empresas e do Programa Espacial, mas
até agora não houve nenhuma solução. O governo está a meio passo de se enfiar
num buraco fundo. Ou seja, tudo o que já foi feito está prestes a ser perdido,
infelizmente”, lamenta Francisco Dias, diretor da empresa Cenic.
“O desenvolvimento tecnológico não é algo que se decide
hoje e acontece amanhã. Por essa razão, tem que ser uma política de Estado,
contínua, planejada, com orçamento previsto para vários anos e, sobretudo,
baseado em projetos. É isso que temos cobrado do governo de forma veemente”,
ressalta Gino Genaro, servidor do INPE e diretor do SindCT.
“Acredito que a área espacial pode ser tão promissora
quanto a da aeronáutica, com uma cadeia produtiva que tem potencial de gerar
emprego e renda aos brasileiros, além de divisas para o País, resultantes da
exportação de produtos com alta tecnologia agregada”, afirma Leonel Perondi,
diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Há quem defenda o lançamento de no mínimo dois satélites
por ano, porque seria uma forma de estimular as empresas fornecedoras e
qualificar mão de obra. Para Jadir, a tese está correta: “Seria um mínimo para
que o parque industrial brasileiro se desenvolvesse e, por consequência,
trouxesse os resultados esperados para o País”. Porém, em 2016, o setor
espacial perdeu quase metade de seu orçamento.
Fonte: Jornal do SindCT -
Edição 46ª – Março-Abril de 2016
Acho essa uma visão bastante estreita e focada em benefício próprio apenas. Como já escrevi antes, as indústrias devem servir ao PEB e não o contrário. Obviamente são necessários mais recursos, mas boa parte da situação atual é devida a empresas que sobrecarregam os preços de qualquer contrato que lhes é proposto. Nossas empresas do setor não tem condição de competir no mercado internacional não por falta de tecnologia ou competência, mas sim por filosofia de preços abusivos. Citando FIBRAFORTE, a mesma empurra para o INPE a ideia de propulsores fabricados com liga de Nióbio revestidos por cerâmica, muito interessante academicamente falando, assim como para receber Recursos de P&D via FINEP e FAPESP, porém é sabidamente comercialmente invíavel, se comparado ao mesmo produto fabricado com simples chapas de IN718 no exterior, e que facilmente poderia ser feito no BR. Por que o INPE tem de pagar essa aventura? E a CENIC, que usa até hj uma bobinadeira filamentar cedida pelo próprio IAE, equipamento público, e vende os envelopes do S44 a preços no mínimo 10x mais caros que no exterior, será que essa é a melhor opção para o IAE?
ResponderExcluirAmbas as empresas possuem pessoal, equipamentos e know-how mais que suficiente para entrarem em dezenas de outros nichos de mercado TAMBÉM, com larga vantagem estratégica, suficiente para manter suas equipes e expertize, por que insistir em manter a saúde financeira da empresa baseado apenas em editais de P&D e contratos exclusivos com o governo???