NASA Divulga Novas Informações Sobre Sua Proposta Orçamentária Para o Ano Fiscal de 2026 e Ela Cancela Dezenas de Missões Científicas e Demite Milhares
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Crédito: NASA/CXC & J. Vaughan
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| O Observatório de Raios-X Chandra da NASA seria encerrado na proposta orçamentária da agência para o ano fiscal de 2026. |
No dia de ontem (30/05), o portal SpaceNews noticiou que a NASA divulgou mais informações sobre sua proposta orçamentária para o ano fiscal de 2026 em 30 de maio, detalhando novos investimentos em exploração espacial à custa do cancelamento de dezenas de missões científicas e da demissão de milhares de funcionários.
De acordo com a nota do portal, os documentos fornecem mais detalhes sobre a proposta orçamentária de alto nível divulgada anteriormente pelo Escritório de Gestão e Orçamento (OMB, na sigla em inglês) da Casa Branca em seu orçamento preliminar, apresentado quatro semanas antes. A NASA publicou os documentos orçamentários em seu site tarde de uma sexta-feira, sem alarde e sem a tradicional coletiva de imprensa com a liderança da agência.
Esse orçamento de alto nível de US$ 18,8 bilhões representaria uma redução de cerca de 25% em relação aos quase US$ 24,9 bilhões recebidos no ano fiscal de 2025. Trata-se do maior corte anual já proposto para a NASA, o que levaria o orçamento da agência a níveis semelhantes aos de 1961, quando ajustado pela inflação.
Com os cortes no orçamento virão também cortes de pessoal. Uma tabela no documento orçamentário mostra que a NASA possui 17.391 servidores civis financiados diretamente no ano fiscal de 2025, mas esse número cairia para 11.853 sob a proposta para 2026 — uma redução de um terço.
O documento não entra em detalhes sobre os cortes, fazendo apenas referências vagas a "impactos na força de trabalho" e "esforços de reestruturação da equipe".
Dezenas de Missões Canceladas
Os documentos confirmam cortes profundos nos programas científicos da NASA. A agência está propondo US$ 3,9 bilhões para toda a ciência da NASA em 2026, uma redução de 47% em relação ao que foi recebido em 2025.
Essas reduções decorrem principalmente do cancelamento de muitas missões científicas ainda em desenvolvimento ou em operações estendidas após o cumprimento de seus objetivos principais. Casey Dreier, chefe de política espacial da Planetary Society, afirmou em entrevista que mais de 40 projetos científicos — incluindo missões independentes e contribuições para outras missões — foram totalmente eliminados no orçamento.
“É basicamente o que esperávamos”, disse ele, com base nos números divulgados anteriormente.
Esses cortes incluem o programa Mars Sample Return (MSR), destacado para cancelamento no orçamento preliminar, e o Landsat Next, um futuro programa de observação da Terra, também mencionado no orçamento preliminar. Em vez disso, a NASA pretende reestruturar o Landsat Next de maneiras não especificadas por meio de um programa separado, o Sustainable Land Imaging.
Na área de ciência da Terra, o orçamento propõe o cancelamento de missões da linha Earth System Observatory, recomendadas pelo mais recente levantamento decenal, com exceção da GRACE-Continuity, a mais recente em uma série de missões para monitoramento do campo gravitacional do planeta. Algumas missões estendidas também seriam afetadas, como os Satélites CYGNSS, usados para estudar ciclones tropicais, além de algumas missões menores da classe “venture” em desenvolvimento.
Além do MSR, o orçamento propõe encerrar o financiamento das missões Mars Odyssey e MAVEN, atualmente em órbita de Marte. Também cancelaria o apoio da NASA à missão do rover europeu Rosalind Franklin, para a qual a NASA se comprometeu a fornecer propulsores, unidades de aquecimento por radioisótopos e um veículo lançador.
Outras missões de ciência planetária propostas para cancelamento incluem DAVINCI e VERITAS, duas missões de classe Discovery para Vênus, selecionadas há quatro anos. A NASA também encerraria sua participação na missão EnVision da ESA para Vênus. O orçamento também encerra várias missões em operação estendida, como Juno, New Horizons e OSIRIS-APEX (a espaçonave OSIRIS-REx reaproveitada, agora a caminho do asteroide Apophis).
Na área de astrofísica, a NASA continuará o desenvolvimento do Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, ao contrário do que indicava um documento do OMB em abril. No entanto, está propondo US$ 156,6 milhões para o Roman, menos da metade dos US$ 376,5 milhões originalmente planejados no orçamento de 2025.
“A NASA está avaliando ativamente estratégias para reduzir custos e identificar oportunidades de otimização do cronograma para permitir o andamento da missão com esse nível reduzido de financiamento”, afirmou o documento orçamentário. Dreier, da Planetary Society, observou que não está claro se ainda há margem para economias, já que o telescópio está em estágio avançado de desenvolvimento e com lançamento previsto para o final de 2026.
O orçamento encerraria muitas missões astrofísicas em andamento, incluindo o Observatório de Raios-X Chandra e o Fermi. Cancelaria o Programa Astrophysics Probe, que estudava conceitos para um telescópio espacial de bilhões de dólares, bem como missões menores da Classe Explorer em desenvolvimento, como o Compton Spectrometer and Imager e o Ultraviolet Explorer.
A proposta orçamentária para a heliosfera também encerraria o financiamento de várias missões em andamento, como o Magnetospheric Multiscale, e reduziria o financiamento de outras. A divisão de ciências biológicas e físicas da NASA veria seu orçamento cortado em mais de dois terços — de US$ 87 milhões para US$ 25 milhões — “para apoiar prioridades maiores dentro da agência”.
Dreier disse que ficou surpreso com a inclusão de algumas missões, como MAVEN, Juno e New Horizons, dado o alto desempenho científico dessas missões e, no caso do MAVEN, sua importância para as comunicações em Marte. Ele também observou que o orçamento encerraria efetivamente a produção de plutônio-238, necessário para missões no sistema solar exterior, bem como unidades de aquecimento em outras espaçonaves.
Novas Iniciativas de Exploração
Os cortes profundos na ciência da NASA, bem como nas operações espaciais, tecnologia espacial e outras áreas, contrastam com novas iniciativas na área de exploração. Como revelado no orçamento preliminar, a NASA busca cancelar o Gateway lunar e encerrar o Space Launch System (SLS) e a Espaçonave Orion após a Missão Artemis 3.
O orçamento, em vez disso, inclui US$ 864 milhões para um novo programa chamado Infraestrutura e Transporte Comercial da Lua a Marte (M2M). Esse valor seria usado para desenvolver um sistema comercial para substituir o SLS/Orion, além de iniciar o trabalho em um traje espacial adequado para uso na superfície de Marte. O programa também financiaria satélites retransmissores lunares e marcianos e abrigaria o programa Commercial Lunar Payload Services, atualmente sob a Diretoria de Missões Científicas da NASA.
O orçamento como um todo oferece mais de US$ 1 bilhão para projetos relacionados à exploração humana de Marte. Esse montante inclui US$ 200 milhões para uma missão de demonstração de entrada, descida e pouso de um lander marciano de classe humana, e outros US$ 200 milhões para entregas comerciais de cargas úteis a Marte. No entanto, os documentos orçamentários fornecem poucos detalhes sobre essas novas iniciativas.
Reações
Dreier disse que a Planetary Society tem observado uma forte reação às reduções propostas no orçamento preliminar e espera que o orçamento detalhado amplifique essas preocupações.
“Há definitivamente uma grande preocupação em relação ao impacto sobre a força de trabalho”, afirmou.
Esse orçamento será enviado ao Congresso, onde até mesmo membros republicanos devem se opor aos cortes. Dreier disse ter ouvido de escritórios republicanos no Capitólio que o orçamento está “morto ao chegar”.
“Ninguém está ansioso para cortar a ciência da NASA. Ninguém está por aí dizendo abertamente que isso é uma boa ideia”, disse ele.
A Aerospace Industries Association (AIA) também criticou os cortes em um comunicado publicado no final do dia 30 de maio. “O orçamento proposto fica aquém, impondo cortes drásticos a programas críticos que podem comprometer nossa liderança espacial”, disse Eric Fanning, presidente e CEO da AIA.
A organização recomendou que a NASA receba um financiamento total de US$ 25,6 bilhões ou mais em 2026.
Brazilian Space
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