O Instituto ICE-CSIC da Espanha Lidera Estudo Pioneiro Sobre a Viabilidade da Mineração de Asteroides
Caros entusiastas da atividades espaciais!
Credito: Space Daily
No dia de ontem (11/12), o portal Space Daily noticiou que o Instituto de Ciências do Espaço (ICE-CSIC) da Espanha, está liderando estudo pioneiro sobre a viabilidade da mineração de asteroides.
De acordo com a nota do portal, ainda há muito a ser descoberto sobre a composição química de pequenos asteroides. Seu potencial para abrigar metais valiosos, materiais do início do Sistema Solar e a possibilidade de obter um registro geoquímico de seus corpos parentais fazem deles candidatos promissores para o uso futuro de recursos espaciais. Uma equipe liderada pelo Instituto de Ciências do Espaço (ICE-CSIC) analisou amostras de asteroides do tipo C, corpos menores ricos em carbono do Sistema Solar, progenitores dos condritos carbonáceos. As conclusões, publicadas no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, apoiam a ideia de que esses asteroides podem servir como fontes cruciais de material e ajudar a identificar seus corpos parentais, além de auxiliar no planejamento de futuras missões e no desenvolvimento de novas tecnologias para exploração de recursos.
De forma natural, condritos carbonáceos caem do céu, embora representem apenas 5% das quedas de meteoritos. No entanto, muitos são tão frágeis que se fragmentam e nunca são recuperados. Portanto, são geralmente raros e encontrados principalmente em regiões desérticas, como o Saara ou a Antártida. “O interesse científico em cada um desses meteoritos é que eles amostram pequenos asteroides não diferenciados e fornecem informações valiosas sobre a composição química e a história evolutiva dos corpos dos quais se originam”, explica Josep M. Trigo-Rodriguez, primeiro autor do estudo e astrofísico do ICE-CSIC, vinculado ao Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha (IEEC).
A Composição Física e Química dos Asteroides
A equipe científica do ICE-CSIC selecionou, caracterizou e forneceu as amostras de asteroides, que foram analisadas por espectrometria de massa na Universidade de Castilla-La Mancha pelo professor Jacinto Alonso-Azcarate. Isso permitiu determinar com precisão as abundâncias químicas das seis classes mais comuns de condritos carbonáceos, estimulando o debate na comunidade científica sobre a viabilidade de sua futura extração.
O grupo de pesquisa Asteroides, Cometas e Meteoritos do ICE-CSIC investiga as propriedades físico-químicas dos materiais que compõem as superfícies de asteroides e cometas, e fez inúmeras contribuições nesse campo na última década. “No ICE-CSIC e no IEEC, somos especializados em desenvolver experimentos para compreender melhor as propriedades desses asteroides e como os processos físicos que ocorrem no espaço afetam sua natureza e mineralogia”, afirma Trigo-Rodriguez, que lidera o grupo.
Além disso, há mais de uma década ele participa da seleção e solicitação à NASA dos diversos condritos carbonáceos analisados neste estudo, bem como da elaboração de vários experimentos com eles, já que o ICE-CSIC é o repositório internacional da coleção de meteoritos antárticos da NASA. “O trabalho agora publicado é a culminação desse esforço coletivo”, acrescenta.
“Estudar e selecionar esses tipos de meteoritos em nossa sala limpa, usando outras técnicas analíticas, é fascinante, especialmente devido à diversidade de minerais e elementos químicos que contêm. No entanto, a maioria dos asteroides tem abundâncias relativamente pequenas de elementos preciosos, e portanto o objetivo do nosso estudo foi entender até que ponto sua extração seria viável”, comenta Pau Grebol Tomas, pesquisador de doutorado do ICE-CSIC.
“Embora a maioria dos pequenos asteroides tenha superfícies cobertas por material fragmentado chamado regolito — o que facilitaria o retorno de pequenas quantidades de amostras — desenvolver sistemas de coleta em grande escala para obter benefícios claros é algo bem diferente. Em qualquer caso, merece ser explorado porque a busca por recursos no espaço pode ajudar a minimizar o impacto das atividades mineradoras nos ecossistemas terrestres”, aponta Jordi Ibanez-Insa, pesquisador do Geociências Barcelona (GEO3BCN-CSIC) e coautor do estudo.
O Futuro da Exploração e Extração de Recursos em Pequenos Asteroides
Dada a diversidade presente no cinturão principal de asteroides, é crucial definir quais tipos de recursos podem ser encontrados lá. Segundo Trigo-Rodriguez: “Eles são objetos pequenos e bastante heterogêneos, fortemente influenciados por sua história evolutiva, especialmente colisões e aproximações ao Sol. Se buscamos água, existem certos asteroides dos quais se originam condritos carbonáceos hidratados, que, por outro lado, terão menos metais em seu estado nativo. Não devemos esquecer que, após 4,56 bilhões de anos desde sua formação, cada asteroide possui uma composição diferente, como revelado pelo estudo dos meteoritos condritos.”
Uma das conclusões do estudo é que minerar asteroides não diferenciados — os remanescentes primordiais da formação do Sistema Solar, considerados corpos parentais dos meteoritos condritos — ainda está longe de ser viável. Por outro lado, o estudo aponta para um tipo de asteroide pristino com bandas de olivina e espinélio como possível alvo para mineração. Uma análise química abrangente dos condritos carbonáceos é essencial para identificar alvos promissores para a mineração espacial. No entanto, a equipe afirma que esse esforço deve ser acompanhado de novas missões de retorno de amostras para verificar a identidade dos corpos parentais.
“Junto com o avanço representado pelas missões de retorno de amostras, são realmente necessárias empresas capazes de dar passos decisivos no desenvolvimento tecnológico necessário para extrair e coletar esses materiais em condições de baixa gravidade. O processamento desses materiais e os resíduos gerados também teriam um impacto significativo que deve ser quantificado e devidamente mitigado”, acrescenta Trigo-Rodriguez.
A equipe acredita que haverá progresso em muito curto prazo, dado que o uso de recursos in situ será um fator fundamental para futuras missões de longa duração à Lua e a Marte, reduzindo a dependência de reabastecimento da Terra. Nesse sentido, os autores apontam que, se o objetivo fosse a extração de água, asteroides alterados pela água com alta concentração de minerais hidratados deveriam ser selecionados.
Explorar esses recursos em condições de baixa gravidade exige o desenvolvimento de novas técnicas de extração e processamento. “Parece ficção científica, mas também parecia ficção científica quando as primeiras missões de retorno de amostras estavam sendo planejadas há trinta anos”, diz Pau Grebol Tomas.
No cenário internacional, várias propostas foram apresentadas, como capturar pequenos asteroides que passam perto da Terra e colocá-los em órbita circumlunar para exploração. “Para certos asteroides carbonáceos ricos em água, extrair água para reutilização parece mais viável, seja como combustível ou como recurso primário para explorar outros mundos. Isso também poderia fornecer à ciência um maior conhecimento sobre certos corpos que um dia poderiam ameaçar nossa própria existência. A longo prazo, poderíamos até minerar e reduzir o tamanho de asteroides potencialmente perigosos para que deixem de ser uma ameaça”, explica Trigo-Rodriguez.
Relatório de Pesquisa: Assessing the metal and rare earth element mining potential of undifferentiated asteroids through the study of carbonaceous chondrites
Brazilian Space
Brazilian Space
Espaço que inspira, informação que conecta!

Comentários
Postar um comentário