Governo Argentino Lança Sua Nova Estratégia Espacial Para Competir no Cenário Global

Caros entusiastas da atividades espaciais!
 
Pois bem, amantes do espaço: enquanto o Brasil infelizmente continua trilhando o mesmo caminho que nos levou ao cenário atual — repleto de falácias e narrativas propagadas pelas mesmas figuras responsáveis por esse desastre (incluindo um deles que, recentemente, publicou nas redes sociais um vídeo vergonhoso de auto-apologia) —, ontem o portal em espanhol INFOBAE anunciou que o governo argentino lançou sua nova estratégia espacial para competir no cenário global. O documento, intitulado “Bases para o Desenvolvimento Espacial Argentino”, redefine a estratégia nacional de acesso ao espaço, fortalece a articulação científica e inclui até um plano para a formação de astronautas. Parabéns ao povo Argentino. Confira a matéria na íntegra abaixo:
 
Fonte: Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia.
As Bases incluem a criação de um Hub Espacial Nacional que integre capacidades científicas, tecnológicas e industriais; o desenvolvimento do projeto de acesso ao espaço; e a consolidação da Argentina como plataforma de formação de aspirantes a astronautas.
 
O anúncio das Bases para o Desenvolvimento Espacial Argentino representa um movimento chave dentro de uma agenda tecnológica nacional que busca recuperar dinamismo e posicionar o país em uma corrida global cada vez mais intensa no setor espacial.
 
O Secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Darío Genua, apresentou ontem o documento em um ato realizado no Centro Cultural da Ciência, acompanhado por especialistas do setor espacial e representantes de empresas que compõem o ecossistema nacional.
 
A iniciativa se insere em um contexto internacional no qual a competição pelo espaço deixou de ser exclusiva de agências estatais e passou a envolver empresas privadas, novos atores regionais e uma demanda crescente por infraestrutura satelital.
 
Fonte: CONAE 
As novas Bases para o Desenvolvimento Espacial impulsionam um plano que integra ciência, indústria e formação para posicionar a Argentina na economia espacial global.

Genua destacou que “esta iniciativa é resultado de encontros com especialistas e referências que vêm impulsionando um dos setores mais estratégicos da Argentina. Graças a eles, construímos esta folha de rota que estamos apresentando”.
 
Com essa frase, o funcionário situou a discussão em um terreno que vai além da política de um governo e pretende consolidar uma estratégia de longo prazo capaz de sustentar resultados concretos.
 
A visão oficial parte de um diagnóstico: a Argentina precisa de um novo plano espacial capaz de acompanhar o ritmo e a escala das transformações tecnológicas atuais.
 
Não se trata apenas de fabricar satélites ou desenvolver lançadores, mas de integrar-se a uma economia espacial em rápida expansão, que impulsiona serviços, dados e oportunidades que já impactam a vida cotidiana.
 
O Plano Espacial Nacional

Fonte: CONAE
O projeto inclui o desenvolvimento do acesso ao espaço e a consolidação de uma plataforma nacional para aspirantes a astronautas com projeção internacional.

O Plano Espacial Nacional, citado como coluna vertebral da proposta, contempla a exploração do espaço e a criação de meios próprios para colocar em órbita satélites projetados e produzidos no país, como o desenvolvimento do foguete Tronador II.
 
Essa aspiração não é nova, mas a iniciativa apresentada por Genua busca organizar um caminho que permita avançar em cada etapa de forma coerente com as capacidades atuais, as necessidades estratégicas e as oportunidades de cooperação externa.
 
Fonte: INFOBAE
O foguete Tronador II é o projeto vetorial para lançar satélites nacionais.

O Secretário afirmou que “a Argentina precisa de um novo plano espacial que esteja à altura das transformações tecnológicas que vivemos. Por isso, vamos apresentar um plano espacial elaborado com todo o ecossistema, onde empreendedores, empresas e o talento argentino sejam protagonistas e liderem o crescimento da economia espacial do país”.
 
A apresentação contou com a presença de empresários, empreendedores, estudantes e representantes de organismos-chave como a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE), sua empresa associada VENG, a Agência I+D+i e autoridades vinculadas ao desenvolvimento produtivo e tecnológico.
 
Fonte: INFOBAE 
A aspirante argentina a astronauta Noel de Castro acompanhou o lançamento de forma virtual, reforçando o objetivo de formar profissionais para futuras missões.
 
A equipe argentina campeã da Copa do Mundo 2025 da Competição Internacional de Engenharia Aeroespacial (CanSat) também participou do encontro, conferindo ao anúncio uma dimensão geracional.
 
A isso se somou a presença virtual de Noel de Castro, aspirante a astronauta da NASA, reforçando a intenção de posicionar a Argentina dentro de programas formativos e missões que demandam perfis altamente especializados.
 
Uma Estratégia Para Integrar Ciência, Indústria e Formação de Astronautas
 
Fonte: Fernando Calzada 
O plano busca que o talento argentino assuma um papel central na nova economia espacial por meio de projetos de inovação, desenvolvimento e formação especializada.

As Bases propõem a criação de um Hub Espacial Nacional destinado a unificar capacidades científicas, tecnológicas e industriais atualmente distribuídas entre organismos públicos, centros de pesquisa e empresas privadas.
 
O objetivo é gerar um espaço onde articulação e inovação converjam, concentrando projetos de desenvolvimento, testes, certificação e transferência tecnológica.
 
Na indústria espacial internacional, os hubs são motores de projetos que avançam rapidamente. Eles permitem que o conhecimento circule sem fragmentação e que equipes tenham acesso a recursos compartilhados, reduzindo custos e acelerando desenvolvimentos.
 
Fonte: (Sec de Ciência)
O Secretário Darío Genua apresentou uma rota que busca modernizar o Plano Espacial Nacional e incorporar o setor privado como motor de crescimento do ecossistema.

A proposta também inclui o fortalecimento do projeto de acesso ao espaço, um desafio histórico para o país. A Argentina acumulou décadas de experiência em design e operação de satélites, mas a capacidade de colocar em órbita seus próprios satélites ainda está em desenvolvimento.
 
O documento apresentado por Genua busca revitalizar essa meta. Dominar lançamentos significa independência na execução de missões, redução de custos e uma posição negociadora mais forte no mercado internacional.
 
Vários países que antes não tinham presença espacial avançaram com lançadores próprios ou comercializados por empresas privadas. Essa dinâmica exige que a Argentina acelere definições para não ficar fora da nova matriz espacial.
 
Fonte: (Arquivo DEF)
A proposta das Bases promove a inserção da Argentina em cadeias globais de valor por meio de acordos estratégicos e cooperação internacional contínua.

Outro ponto destacado é a intenção de consolidar o país como plataforma para formação de aspirantes a astronautas. Essa ambição busca aproveitar a combinação de infraestrutura educacional, capacidade científica e vínculos de cooperação com agências estrangeiras.
 
A presença de Noel de Castro, convocada como figura emergente, funcionou como símbolo de um caminho possível. Formar astronautas requer uma estrutura multidisciplinar que integre medicina, engenharia, ciências físicas, treinamento de alta performance e programas específicos de adaptação a missões.
 
Converter-se em um centro regional nessa especialidade permitiria atrair talento internacional, ampliar a influência diplomática e fortalecer o reconhecimento global do país.
 
Fonte: CONAE 
O anúncio reuniu empresas, organismos científicos e estudantes que colaboram no crescimento do setor espacial e no impulso de novas capacidades nacionais.

O chefe da Agência Argentina de Investimentos e Comércio Internacional, Diego Sucalesca, afirmou que “a Argentina possui um enorme potencial no desenvolvimento espacial, um setor que a Agência considera estratégico ao estabelecer ações de promoção que possibilitem a chegada de investimentos estrangeiros e aprofundem o processo de internacionalização das empresas nacionais”.
 
Sua intervenção colocou o desenvolvimento espacial dentro de uma agenda mais ampla vinculada às exportações e ao posicionamento competitivo do país. Nesse sentido, a articulação internacional proposta nas Bases surge como um componente indispensável. A nova economia espacial se caracteriza por cadeias de valor globais, nas quais cada país contribui com peças, serviços, software ou equipamentos.
 
Integrar-se de maneira planejada garante um lugar em mercados onde já participam potências tecnológicas e empresas que dominam lançamentos comerciais e constelações de satélites.
 
Uma Política Para Um Mundo Que Depende Cada Vez Mais do Espaço
 
Fonte: (Sec de Ciência) 
A presença de representantes da CONAE, VENG e da Agência I+D+i reflete a articulação institucional necessária para concretizar um plano espacial de alcance federal.

A relevância da iniciativa se torna mais clara ao observar como funciona a infraestrutura espacial atual. Comunicações de longa distância, sistemas de navegação, monitoramento climático, medições para agricultura de precisão, gestão de emergências e uma parte crescente dos serviços financeiros dependem do trabalho de satélites que orbitam o planeta.
 
A expansão da economia espacial fez desses serviços um componente central do desenvolvimento de qualquer país. Por isso, todo projeto nacional com ambições tecnológicas incorpora metas espaciais em seus planos estratégicos.
 
Nesse contexto, as Bases apresentadas por Genua representam uma tentativa de organizar uma visão que combine exploração, indústria, talento e cooperação. O documento se estrutura como um mapa que indica onde o país está e para onde precisa avançar.
 
Fonte: CONAE 
A equipe argentina campeã do Mundial 2025 de Engenharia Aeroespacial participou do encontro, mostrando a relevância da formação juvenil no setor espacial.
 
O investimento em programas espaciais costuma gerar retornos indiretos de alto valor, impulsionando inovação em materiais, sistemas de navegação, eletrônica, inteligência artificial, telecomunicações, propulsão e gestão de dados. Os efeitos se multiplicam em setores produtivos que adotam essas tecnologias e as transformam em produtos de exportação.
 
O mundo avança com projetos cada vez mais complexos, como missões à Lua, uso de recursos espaciais, turismo orbital, redes de satélites de banda larga e estações que combinam trabalho humano e robótico.
 
A Argentina, com sua experiência em satélites de observação, posições regionais consolidadas e talento científico reconhecido, busca seu lugar nesse cenário em transformação. A apresentação das Bases oferece um sinal de continuidade institucional e uma afirmação do valor estratégico da atividade espacial.
 
Fonte: CONAE 
A iniciativa convoca empresas, empreendedores e organismos científicos para gerar novas oportunidades de inovação vinculadas à indústria aeroespacial.

O sucesso da iniciativa dependerá de sua implementação, do trabalho conjunto entre organismos e do compromisso com uma política que transcenda conjunturas. A ciência espacial exige continuidade, objetivos claros e decisões técnicas sustentadas ao longo do tempo.
 
A participação de múltiplos atores na apresentação sugere que o Estado busca apoiar um ecossistema que já funciona e que precisa apenas de uma estrutura mais integrada para ampliar seu alcance.
 
Aproveitamos para agradecer publicamente, desde já, ao nosso amigo e colaborador argentino Martín Marteletti pelo envio desta notícia.
 
Brazilian Space
 
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