Laboratório de Combustão e Propulsão do INPE Desenvolve Novos Propulsores Para Satélites
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada na edição de outubro do
”Jornal do SindCT“, destacando que o Laboratório de Combustão e Propulsão (LCP) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), desenvolve Novos Propulsores Para Satélites.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CACHOEIRA PAULISTA
Laboratório de Combustão e Propulsão do INPE
Desenvolve
Novos Propulsores Para Satélites
“Estão sendo testados novos tipos de combustíveis e de
sistemas injetores. Aqui fazemos tudo, do projeto preliminar aos testes”, comenta Ricardo
Vieira, chefe do
LCP . Um propelente estudado é o peróxido de hidrogênio concentrado
a até 95%
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 51
Outubro de 2016
Foto: Shirley Marciano
Ricardo Vieira, chefe do LCP. Ao fundo: laboratório
químico.
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Como viveríamos hoje sem as telecomunicações e as
previsões do tempo? Os satélites são equipamentos utilizados para o
monitoramento da Terra e para a transmissão de dados, TV e Internet, essenciais
para o dia a dia.
O envio de um satélite para o espaço começa pelo desafio
do seu lançamento, vencendo a força da gravidade até a sua colocação em órbita.
Para esse fim são usados propulsores com um empuxo (força motora) muito grande,
empregando combustíveis sólidos ou líquidos. Quando o satélite está na órbita
estabelecida, tem início um segundo processo. Até o fim da sua vida útil, o
satélite receberá comandos, vindos de uma estação terrestre, para manter sua
órbita e orientar seu posicionamento, sendo tais correções efetuadas por meio
de propulsores que geram pequenos empuxos. Essas correções mantêm o satélite
direcionado a um ponto fixo na superfície da Terra, capturando imagens para
diversos fins, enviando sinais de telecomunicação, etc. Este tipo de tecnologia
—pertencente ao Sistema de Controle de Atitude e Órbita — é aplicado
principalmente em satélites com controle em três eixos, tais como o Satélite
Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, na sigla em inglês). Já os
satélites de Coleta de Dados (SCD), que foram lançados na década de 1990,
utilizam um modo mais simples de estabilização: a rotação no próprio eixo.
No Laboratório Associado de Combustão e Propulsão (LCP)
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), localizado no Centro
Regional de Cachoeira Paulista, são pesquisados e testados propulsores químicos
e elétricos para satélites. O LCP é um dos quatro laboratórios vinculados à Coordenação de Laboratórios Associados (CTE)
do INPE. Nas três últimas edições do Jornal do SindCT foram
publicadas reportagens sobre os demais laboratórios associados: o de Computação
e Matemática Aplicada (LAC), o de Plasma (LAP) e o de Sensores e Materiais
(LAS).
Atualmente, os motores de satélites mais testados no LCP
são os propulsores químicos líquidos a monopropelentes e a bipropelentes. Para
cada tipo de propelente utilizado há uma configuração adequada de alimentação e
operação. “Estão sendo testados novos tipos de combustíveis e de sistemas
injetores. Aqui fazemos tudo, do projeto preliminar aos testes. Atualmente, estamos
trabalhando em parceria com o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) para a confecção de propulsores
usando a tecnologia de manufatura aditiva [impressão em 3D]”, comenta Ricardo
Vieira, chefe do LCP.
Ecológico
Um propelente bastante estudado no LCP é o peróxido de
hidrogênio concentrado a até 95%. Esse produto pode ser usado como oxidante ou
como monopropelente, ou seja, decomposto por catalisadores (grãos metálicos).
No contato do peróxido com os catalisadores ocorre uma reação vigorosa, gerando
vapor d’água, oxigênio quente e alta pressão. A ejeção desses produtos através
de uma tubeira (bocal) gera o empuxo que desloca o satélite. O peróxido de
hidrogênio é considerado um propelente ecológico, além de apresentar baixo
custo, alta densidade e bom impulso específico em relação à hidrazina, o monopropelente
mais usado em satélites (embora este seja um combustível tóxico e explosivo). A
hidrazina é decomposta por diferentes catalisadores que também são
desenvolvidos no LCP.
O LCP conta ainda com um Banco de Testes com Simulação de
Altitudes (BTSA) que testa e qualifica motores monopropelentes e bipropelentes
com empuxos de até 200 newtons. Diversos clientes, incluindo divisões do
próprio INPE, centros de pesquisas e empresas nacionais e estrangeiras já
lançaram mão dos serviços do BTSA.
Os sistemas bipropelentes empregam um par de propelentes
(combustível e oxidante) que são injetados, vaporizados, misturados e queimados
na câmara de combustão para, em seguida, os produtos da queima serem ejetados por
uma tubeira a altas velocidades. Normalmente, são usados como bipropelentes a
mono-metil-hidrazina ou a hidrazina com tetróxido de nitrogênio. Estes formam
pares hipergólicos, ou seja: pares de propelentes que entram em combustão
apenas pelo simples contato, sem a necessidade de um ignitor externo. “Estamos,
também, desenvolvendo um par hipergólico à base de peróxido de hidrogênio 90% e
de uma mistura de etanol e etanolamina como combustível. Vamos
apresentar em breve à imprensa essa inovação”, explica o chefe do LCP.
O LCP pesquisa, ainda, propulsores híbridos, que usam
combustível sólido e oxidante líquido. Ao longo dos últimos anos têm sido
testados diversos propulsores que empregam parafina, óxido nitroso e peróxido
de hidrogênio. Matrizes de parafina com aditivos têm apresentado bom
desempenho, com taxas de queima superiores às dos propelentes híbridos convencionais.
Por fim, vale destacar o projeto PropSat, com
financiamento de R$ 14 milhões pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),
que está sendo implementado desde 2014, visando à ampliação e à modernização
das instalações de testes de propulsores do LCP, com a previsão da implantação
de um Banco de Testes de Propulsores Elétricos, de um Laboratório de Integração
de Propulsores e de Análise de Propelentes e o projeto executivo de um Banco de
Testes de Propulsores até 1200 newtons de empuxo.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 51ª – Outubro de 2016
Comentário: Leitor, sinceramente eu gostaria agora de está
parabenizando o Dr. Ricardo Vieira pelo trabalho que o LCP vem realizando nesta
área de propulsão e combustão, mas vamos falar sério, fora os Satélites
Amazônia-1 e o CBERS-4A, qual projeto de satélite tem realmente chances de sair
do papel? Tem algum cronograma em curso com prazo final estabelecido que não seja
os destes satélites citados? Ora, tenha santa paciência. Sr. Ricardo Varela, o INPE não é a NASA
com recursos beirando 20 Bilhões de Dólares. Pesquisar e desenvolver
tecnologia sem a garantia de puder utiliza-la? Todo Programa espacial exitoso,
começa com foco, dinamismo e praticidade, ou seja, desenvolver tecnologia para
suprir as suas próprias necessidades, não esbanjar dinheiro (já curto) em
projetos sem qualquer garantia de uso. Se precisa de motores para o Amazônia-1
e CBERS-4A, então ai se parte para desenvolvê-los e com o tempo passa-los de
forma correta e segura para indústrias verdadeiramente brasileiras. Para que um
Banco de Testes de Propulsores Elétricos? Já existe alguma missão realmente
estabelecida onde esses tipos de motores serão necessários? Existe sim (pelo
que sei) uma intenção de realizar uma Missão de Espaço Profundo para um
asteroide próximo da Terra chamada Missão ASTER, e da mesma forma uma Missão
Lunar da USP que poderiam em tese usar esses motores elétricos (Iônicos), mas
são ainda apenas intenções, não são missões confirmadas, e mesmo que fossem, com
o compromisso do governo com o PEB, levará décadas para serem realizadas, isto
é, se não forem canceladas antes, e vale lembrar que exemplos não faltam. Estes recursos poderiam Sr. Ricardo Varela estar sendo utilizados de forma mais inteligente. Lamentável!
Muito bom! Eu gostaria de saber mais sobre as instalações, e também sobre o maquinário e mobiliário do local! sou estudante de arquitetura e meu trabalho de Projeto de Arquitetura II é projetar um Centro Tecnológico deste tipo. Um abraço!
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