Você Sabia que Brasileiro Chefia Missão de Marte na NASA? Confira Histórias
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria postada dia (24/10)
no site “UOL Notícias” tendo como destaque os brasileiros que trabalham na NASA
americana.
Duda Falcão
UOL Notícias
Ciência e Saúde
Você Sabia que Brasileiro Chefia Missão
de Marte na NASA?
Confira Histórias
Gabriel Francisco Ribeiro
Do UOL, em São Paulo
24/11/20160- 6h00
Foto: Arte/UOL
Esqueça o imaginário de que o legal da NASA (Agência
Espacial Norte-Americana) é ser um astronautas como o brasileiro Marcos Pontes
e outros tantos estrangeiros que já foram ao espaço: a agência é composta por
inúmeras pessoas "comuns" -- que na verdade, não tem nada de comuns.
O UOL Ciência e Saúde foi atrás de brasileiros que contribuem
para a ciência terrestre e espacial - e um deles é chefe em missões relativas a
Marte, sabia?
De um dos entrevistados, recebemos uma lista com 17 nomes
nacionais que atuam na NASA, sendo dez homens e sete mulheres em diversas
áreas. O número, contudo, pode ser ainda maior pela alta rotatividade de
pesquisadores na agência espacial. E não pense que o trabalho por lá é só
maravilhas.
"Nosso trabalho é uma vida, mas é uma vida que a
gente gosta. Chega no fim e você vê uma contribuição para a humanidade. Tem que
ter comprometimento. Tem um impacto na vida pessoal. Conheço muitas famílias que
foram afetadas" , diz Ramon de Paula, que trabalha na sede principal
da NASA.
Confira a história de pesquisadores brasileiros na NASA:
Ramon de Paula - Chefão em Missões de Marte
Foto: Arquivo Pessoal
Ramon está na NASA desde a década de 80 e atualmente
trabalha no quartel-general da agência.
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Ramon de Paula, se você nunca tinha ouvido falar nesse nome,
guarde-o. Ele é um dos brasileiros que está há mais tempo na NASA: começou na
agência em 1985. Natural de Guaratinguetá (SP), o cientista de 64 anos foi para
os Estados Unidos com a família aos 17 anos por causa do pai, que trabalhava na
Força Aérea Brasileira e foi deslocado para o território norte-americano. Nos
Estados Unidos, terminou o colegial e seguiu no país mesmo após o retorno do
pai.
Paula cursou duas faculdades de engenharia (elétrica e
nuclear), um doutorado e chegou à NASA após fazer uma palestra no laboratório
JPL (Jet Propulsion Lab) da agência. Anos depois, já estava no quartel-general
da empresa. Na NASA, chefiou missões importantes relativas a Marte como a Mars
Reconnaissance Orbiter e aOdyssey. E já está envolvido com
projetos futuros como a missão InSight, que vai ser lançada em
2018.
"Agora sou o que chamam de program executive.
A gente é responsável pelos projetos, mas os projetos não são feitos aqui no
quartel-general. Resolvo problemas, ajudo o projeto em direções técnicas e em
aspectos financeiros. Sou responsável tanto por tocar o projeto quanto por
passar esta informação do andamento para os diretores da NASA", explica o
brasileiro, em uma mistura do sotaque "caipira" paulista com o
inglês.
Paula participou de quase todos os projetos da NASA que
envolvem Marte – até dos robôs Curiosity e Oportunitty. A
sua área é fazer o "reconhecimento do planeta", o que é vital para a
futura viagem de humanos em solo marciano. Por meio de seu trabalho – e de
outros cientistas -, a NASA entende cada vez mais sobre o nosso vizinho.
Já veterano na agência, Ramon acredita que os
brasileiros são respeitados tanto quanto os outros inúmeros cientistas
internacionais na NASA. Mas qual o caminho para um brasileiro que quer
trabalhar na NASA?
"O que eu recomento para o jovem é que estude bastante
e tenha bastante perseverança. E se não conseguir aqui ou na Europa, no Brasil
tem muitos cientistas trabalhando na área espacial. Pode também trabalhar na
Nasa estando fisicamente no Brasil", relata Paula.
Ivan Paulino - Mandando Micro-Organismos Para o Espaço
Foto: Facebook/Reprodução
Ivan Paulino é biólogo e trabalha no centro
de pesquisa
Ames, da NASA.
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O biólogo Ivan Paulino trabalha no centro Ames, dentro da NASA – mesmo que seja contratado pela USRA (Universities Space Research Association), entidade que tem cooperação com a agência desde 1969. Há cinco anos na NASA, o brasileiro conseguiu trabalhar na agência após ir fazer o pós-doutorado nos Estados Unidos e ser contratado como cientista visitante pela USRA.
A trajetória de Ivan contou primeiro com uma bolsa da
Capes, depois uma bolsa da NASA de pós-doutorado. Isso tudo depois de se formar
em biologia na Universidade Estadual de Londrina, fazer o mestrado na mesma
instituição e realizar doutorado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro). Sua ida para os Estados Unidos envolve uma ajuda de uma pessoa
de dentro da NASA.
“Durante a minha tese de doutorado fiz contato com a
minha atual
supervisora aqui. Ela esteve no Brasil em 2010 e fiz coincidir
com
minha tese de doutorado. Ela é uma referência na área
de microrganismos que
vivem em condições extremas. Entrei
em contato e cinco minutos depois ela respondeu
aceitando
o convite para minha banca" Ivan Paulino
O brasileiro vê como crucial ao pesquisador interessado
ter ao menos um contato na NASA que facilite seu caminho até a agência. Nos
Estados Unidos, considera "fantástica" a integração com outros
pesquisadores de todo o mundo e o aprendizado que tem na NASA, como palestras
com astronautas. Ele via trabalhar na agência como algo utópico e
inimaginável, mas agora se prepara para enviar micro-organismos para o espaço.
"Sou responsável por preparar amostras biológicas de
um satélite que vai ser lançado ano que vem e vai ficar em órbita da Terra para
testar diferentes níveis de gravidade. Vamos simular a gravidade de Marte, da
Lua e a microgravidade do espaço. Queremos saber se diferentes níveis de
gravidade influenciam em projetos básicos que a gente usa em laboratório.
Estamos finalizando as construções das cápsulas agora. É um projeto da NASA em
parceria com a agência espacial alemã", conta.
Gabriel Militão - A NASA Também Tem Estagiários Brasileiros
Foto: Arquivo Pessoal
Ivan Paulino é biólogo e trabalha no centro
de pesquisa
Ames, da NASA.
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Não são só cientistas brasileiros já com grande bagagem
que pisaram na NASA: a agência também é local de aprendizado. Que o diga o
jovem Gabriel Militão, aluno do instituto de computação da Unicamp
(Universidade de Campinas). O jovem estudante conseguiu, enquanto fazia um
intercâmbio de um ano em Cornell pelo Ciências Sem Fronteiras, uma vaga em
um requisitado estágio na NASA conseguido pelo governo brasileiro por meio de
parceria em 2015.
"Passei 10 semanas no Ames Research Center da
NASA. Morava em dormitório lá dentro. Tive contato com várias pessoas que
trabalhavam em projetos muito grandes. Por exemplo, a missão Kepler ficava no
meu prédio. A gente teve palestras com eles, churrascos, eles contavam da
missão. A gente fazia tour pelo campus, conhecia coisas inovadoras",
recorda o estudante.
Na NASA, o brasileiro participou de um projeto em uma
plataforma da agência que é similar ao Google Earth, de simulação de dados em
3D do globo terrestre.
“Meu time estava trabalhando em aplicações para esta
plataforma.
Eu participei de uma relacionada a terremotos. Você consegue ver
dados
históricos de terremotos, visualizar a correlação entre
epicentros deles. Existe
uma teoria lá de que você consegue
prever terremotos analisando os dados do
campo magnético
da Terra" Gabriel Militão
O estudante adianta que o projeto que participou na NASA
estava em estágio inicial, mas que a sua equipe notou anomalias com até cinco
horas de antecedência a um terremoto. "Imagina avisar a população com esta
antecedência? Isso de trabalhar com coisas grande e realmente poder mudar o
mundo é muito legal", espanta-se.
Mesmo após o fim do estágio, Militão continuou
trabalhando por mais tempo no projeto – os dados eram "open source"
para a comunidade mundial. O estudante diz que recebeu um convite extraoficial
de seu chefe na NASA para voltar à agência no próximo ano, mas não sabe a
viabilidade em termos burocráticos e legais.
Arlindo da Silva - Um Meteorologista Diferente
Foto: NASA
Arlindo da Silva trabalha no centro Goddard da NASA.
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Assim como Ramon
de Paula, Arlindo da Silva já está há décadas na NASA: entrou na agência em
1994. O carioca, que cursou física na PUC-RJ, foi para os Estados Unidos bem
antes, em 1982, para fazer doutorado em ciências atmosféricas no renomado MIT (Massachusetts
Institute of Technology). Fez ainda um pós-doutorado em Princeton. A
intenção era voltar ao Brasil, mas um casamento mudou os planos.
"Minha intenção
original era voltar ao Brasil, mas me casei com uma senhora americana e fiquei
por aqui, you know", relembra, em uma forte mistura do sotaque carioca com
o norte-americano.
A sequência da
carreira de Arlindo envolveu a atuação como professor em uma universidade de
Wisconsin, local que não tem saudades por causa do frio. Foi então que, em
visita à Europa, encontrou um colega holandês que deu a dica sobre vagas na NASA. Foi
aprovado em entrevistas e passou a ser pesquisador da área terrestre do
centro de pesquisas Goddard, da agência espacial.
“Estou desde
essa época associado à parte de ciência atmosférica.
Tem várias coisas que a NASA
faz, não é só desenvolver nave
para ir à Lua. Uma função muito grande da NASA
e que estou
envolvido é desenvolver satélites ambientais. Sou o modelador
de
dados dessa área. A gente assimila os dados de satélite e
modelos climáticos" Arlindo da Silva
Entre os projetos
que participou, Arlindo destaca a investigação do acidente com o ônibus
espacial Columbia, que matou sete astronautas em 2003. Agora, é o líder
científico de uma missão para construir satélites mais modernos para medir
dados atmosféricos e marinhos da Terra. Além de tudo isso, fica a dica: Arlindo
costuma levar pesquisadores brasileiros para a agência – apesar de achar que a
situação ficou mais difícil para estrangeiros após o 11 de setembro.
"O Capes
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e CNPQ (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) têm há muito tempo
um programa chamado bolsa-sanduíche. Você faz o curso no Brasil, realiza a
pesquisa aqui e volta para escrever a tese. Já trouxe vários pesquisadores, tem
uma menina do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que está
vindo agora. Contratamos agora dois pesquisadores que vieram do INPE e fizeram
doutorado da USP. Conhecia a reputação deles, tinha o contato e acabei
recomendando eles", afirma Carlos.
Carlos Roberto de Souza Filho - Trabalha Com a NASA,
Mas Daqui do Brasil
Foto: Arquivo
Pessoal
Professor Carlos Roberto de Souza Filho faz projetos
em
parceria com a NASA.
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Professor da
Unicamp no Instituto de Geociências, Carlos Roberto de Souza Filho não trabalha
propriamente na NASA, mas faz projetos em parceria com a agência. Ele é a prova
do que Ramon de Paula afirmou: no mundo globalizado atual, cada vez mais
cientistas conseguem trabalhar em cooperação com a agência norte-americana a
partir de seus países de origem, visto que muitos dos dados são públicos.
A atuação do
professor é na área de sensoriamento remoto, no estudo da geologia de Marte e
da Terra a partir de dados públicos de satélites em parceria com pesquisadores
do laboratório JPL da agência norte-americana. O professor da Unicamp está em
uma equipe de seis pessoas financiadas com recursos do CNPQ e da própria NASA,
com intercâmbio entre pesquisadores no Brasil e Estados Unidos.
“Tudo começou
de colaborações ocasionais e produção de artigos
científicos. Na medida em
que a relação entre nós e os
pesquisadores de lá aumentou, propusemos
projetos maiores
e foram aprovados." Carlos Roberto de Souza Filho
Ele explica que utilizam diversas imagens produzidas
por sensores em órbita de Marte para projetos de planetologia comparada. De
acordo com o pesquisador, "todos os dados gerados a partir de sensores em
ambos os planetas são praticamente equivalentes". A pesquisa visa utilizar
o conhecimento sobre rochas e ambientes na Terra que podem ter existido ou
existir em Marte, incluindo aquelas que podem abrigar ou ter abrigado formas de
vida. Este ainda é um dos principais alvos da pesquisa em Marte.
O professor afirma que, para ele, o ambiente de trabalho
na NASA é como na Unicamp – mas com mais segurança, claro. "Uma vez que
você se torna um pesquisador com maior maturidade internacional, as pessoas e
os lugares, incluindo as instalações da NASA, não são diferentes entre si. Daí
a importância de investirmos na internacionalização da pesquisa feita no
Brasil, particularmente com os alunos mais jovens", opina.
Fonte: Site do UOL Notícias - http://noticias.uol.com.br
Comentário: Matéria muito interessante. Aproveito para agradecer ao nosso leitor Jahyr Jesus Brito pelo envio da mesma.
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