“Governo Errou ao Não Prever Servidores no Comitê de Busca”, Reconhece Galvão
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada na edição de outubro do
”Jornal do SindCT“, destacando que em reunião com membros da diretoria do SindCT,
o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Dr.
Ricardo Galvão, reconheceu que o Governo errou ao não prever servidores no
Comitê de Busca.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DIRETOR RECEBE SINDCT
“Governo Errou ao Não Prever Servidores
no Comitê de
Busca”, Reconhece Galvão
Temas sensíveis do INPE e do PEB foram abordados na
reunião do Sindicato com
Ricardo Galvão, novo diretor do INPE. Ele vai priorizar a
conclusão dos satélites
Amazônia-1 e CBERS-4A, mas sem perder o foco em novas
missões de satélites,
em particular as de caráter científico
Gino Genaro
Jornal do SindCT
Edição nº 51
Outubro de 2016
Foto: Fernanda
Soares
Novo diretor durante a reunião de 19/10.
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A pedido do SindCT, o novo diretor do INPE, Ricardo
Galvão, recebeu membros da diretoria do sindicato para uma conversa em seu gabinete
no último dia 19 de outubro. Em reunião que durou exatos noventa minutos, foram
abordados temas os mais variados, envolvendo o processo sucessório que conduziu
Galvão à direção do instituto, problemas de natureza administrativa,
expectativas quanto ao futuro do INPE e do Programa Espacial Brasileiro (PEB) e
outros.
O SindCT abriu a reunião explicando os motivos que o levaram
a protocolar uma representação junto à Procuradoria Geral da República (PGR)
contra o Comitê de Busca (CB), designado para elaborar a lista tríplice de
nomes para disputar a direção do INPE, processo este que culminou na escolha,
pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), de
Ricardo Galvão para ocupar a direção do instituto pelos próximos quatro anos.
O sindicato deixou claro seu entendimento de que o
processo de sucessão no INPE foi tendencioso, nada transparente e nada
representativo do ponto de vista da participação da comunidade inpeana, em
particular pelo fato de o CB não ter contado com um único membro interno da
instituição em sua composição, e pelo fato de que quatro dos cinco membros do
CB faziam parte, juntamente com o então candidato Galvão, das instâncias
administrativas da “organização Social” Centro Nacional de Pesquisa em Energia
e Materiais (CNPEM), de Campinas, configurando, no entendimento do sindicato,
uma clara situação de conflito de interesses.
Galvão afirmou acreditar que este fato não influenciou na
escolha de seu nome, mas ressaltou que considerou um “erro estratégico” do
governo não ter previsto um representante da comunidade inpeana na composição
do Comitê de Busca. Destacou que já presidiu três comitês de busca no âmbito do
ministério e que a escolha de seu nome para diretor baseou-se fundamentalmente em
sua experiência na área e no fato de ser externo à instituição, requisito que,
segundo Galvão, norteou as buscas do Comitê.
Ele aproveitou para destacar que sempre gostou de
trabalhar assessorado por órgãos colegiados, e que continuará a agir desta
forma na administração do INPE, seja por meio do Comitê Técnico-Científico
(CTC), seja dos Comitês Assessores das unidades finalísticas do instituto.
Pessoal
Outro assunto abordado na reunião foi a grave carência de
servidores no INPE, na área técnica e, em particular, na área administrativa.
Sobre este assunto Galvão argumentou que seu poder para alterar a situação da falta
de vagas para a realização de novos concursos públicos junto ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) é limitado, a ponto de acreditar que
que o próprio sindicato tenha mais capacidade de influenciar nesta pressão do que
ele próprio. O SindCT contra-argumentou, no entanto, que o papel da direção do
INPE na luta por vagas é fundamental, no sentido de encaminhar os pleitos
necessários ao governo e buscar apoio, na sociedade e no Congresso, para a obtenção de
novas vagas.
Galvão mostrou-se especialmente preocupado com a carência
de pessoal para conduzir as atividades dos satélites Amazônia-1 e CBERS-4A,
ambos com previsão de lançamento até o final de 2018. Para suprir a carência
momentânea e concentrada de técnicos para atuar nestes projetos, Galvão afirmou
que poderá recorrer à Lei 8.745/1993, que prevê a possibilidade de contratação
temporária de pessoal para atuar no setor público para atender a “necessidade temporária
de excepcional interesse público”.
Quanto a esta solução, cabe lembrar o ocorrido ao INPE
quando lançou mão deste expediente legal para contratar pessoal para o Centro
de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). O judiciário acabou
entendendo que o que era para ser uma contratação para suprir carências
excepcionais, na verdade configurou-se numa forma de se complementar a carência
de pessoal para atender às demandas ordinárias da instituição, o que acabou por
causar enormes prejuízos aos funcionários contratados, que tiveram de ser
demitidos, e ao próprio CPTEC. No caso atual, a contratação de temporários poderá
suscitar novas contestações, uma vez que não há nada de excepcional no fato de
o INPE estar executando sua atividade-fim no desenvolvimento de satélites para
o PEB.
Futuro do INPE
O SindCT quis ouvir a opinião do diretor acerca dos
principais problemas vividos atualmente pelo INPE e as expectativas que a
comunidade inpeana pode ter em relação ao futuro do instituto e do próprio PEB.
Galvão começou afirmando que muitos procedimentos
burocráticos deverão ser revistos na instituição, em particular na área de
compras, que historicamente tem sido um gargalo que impede muitas vezes a
própria execução orçamentária do INPE. Criticou também a postura “paroquial” do
instituto que, segundo sua avaliação, o levou a se fechar em si mesmo na
consecução de sua missão, dificultando o estabelecimento de parcerias, acordos
e convênios com outras instituições de pesquisa e universidades, problema que,
se contornado, poderia contribuir sobremaneira para o aumento da produção
técnico-científica do instituto.
“É importante lembrar que há tempos o INPE não detém mais
a exclusividade de atuação na área espacial no país, dividindo hoje esta
atribuição com universidades, empresas e outros centros de pesquisa”, ressaltou
Galvão. “Assim, o desenvolvimento de novos produtos, como o sistema de controle
de satélites, que o INPE ainda não domina, deve ser feito em cooperação com
empresas e universidades, e não apenas de forma isolada”, concluiu.
Por fim, Galvão reforçou a ideia de que o INPE deve reassumir
seu papel protagonista na definição, junto à Agência Espacial Brasileira (AEB),
dos rumos do PEB. Destacou que priorizará a conclusão dos satélites Amazônia-1
e CBERS-4A, mas sem perder o foco em novas missões de satélites, em particular
as de caráter científico.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 51ª – Outubro de 2016
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