Mão de Obra Estrangeira no Brasil: Isso é Bom ou Ruim?

Olá leitor!

Segue abaixo um artigo do colunista Fernando Pereira Ribeiro postado dia (04/01) no site “Diário da Rússia” destacando a mão de obra estrangeira no Brasil, se isso é bom ou ruim.

Duda Falcão

Mão de Obra Estrangeira no Brasil:
Isso é Bom ou Ruim?

Estrangeiros são bem-vindos. Mas, cuidado: esta política esconde
um fantasma que muitos países hoje tentam afugentar a todo custo

Fábio Pereira Ribeiro
04/01/2013 14h42

Até quando nós brasileiros iremos aceitar ideias, propostas e soluções paliativas, que de alguma forma, com o tempo, se tornam regra geral? O governo brasileiro está a todo vapor para aprovar e colocar em prática a facilidade de entrada de estrangeiros qualificados para suprir a demanda de mão de obra técnica e altamente qualificada. Particularmente, não sou contra, mas tenho acompanhado casos em vários continentes onde esta prática no fim se tornou um grande problema de emprego para o cidadão nativo, e principalmente no desenvolvimento e compartilhamento de novos conhecimentos.

O Brasil não consegue resolver com velocidade, e principalmente com qualidade, a formação de quadros estratégicos e altamente capacitados para atuarem nas diversas demandas atuais, como o Pré-Sal, a inovação, a indústria aeronáutica, a indústria naval e outros polos do saber.

O governo insiste em programas paliativos, e não ataca o problema de forma direta, seja com programas fortes de formação e qualificação técnica, com formação de docentes qualificados, com investimentos em pesquisas científicas e polos de desenvolvimento tecnológico. Por exemplo, boa parte dos pesquisadores que estão no programa Ciência sem Fronteiras quando retornarem ao Brasil não terão ambientes preparados para a continuidade de suas pesquisas. Não existe uma integração forte entre as universidades públicas e as empresas privadas, salvo alguns casos específicos. A grande maioria das universidades públicas fica à margem de um processo criativo, inovador e produtivo de desenvolvimento educacional e social. E o próprio governo e as políticas públicas de educação geram uma zona de conflitos entre universidades públicas e privadas, onde a reserva de mercado interfere diretamente na qualidade das escolas privadas, que existem em todos os rincões do Brasil, e às vezes com péssima qualidade, atendendo a um grande número de estudantes, que no fim de sua jornada de formação serão profissionais analfabetos funcionais. Na verdade, um círculo vicioso que começou no ensino básico, com professoras mal qualificadas e alunos que fogem da escola como “foge o diabo da cruz”.

Outro ponto interessante: uma das barreiras do Ciência sem Fronteiras é a língua. Boa parte dos candidatos não tem o inglês como segunda língua, e fico imaginando se dos estrangeiros será exigida a língua portuguesa como fator preponderante para sua permanência em território nacional.

Mas o ponto maior é analisar o impacto do não desenvolvimento de forma agressiva de mão de obra qualificada brasileira versus a importação de mão de obra estrangeira. Países como Angola, Índia, Colômbia, Chile, Moçambique e outros hoje sofrem por não conseguirem reverter o quadro de nacionalização da mão de obra qualificada, pois investiram na solução paliativa e não em um plano agressivo e veloz para atender a demanda crescente. Muito da mão de obra estrangeira vem de países que sofrem pesadamente com a crise econômica internacional, e o Brasil, além de ser um porto seguro econômico, se torna um paraíso tropical, do qual muitos nem pensam em voltar para os seus países de origem.

Meu alerta é: se o Brasil perder a chance de avançar com a formação de mão de obra qualificada e sistematizada para atender a demanda nacional, o país dentro de 15 anos terá um grande problema de falta de empregos para uma mão de obra mediana, além da fuga de cérebros estratégicos para o desenvolvimento tecnológico nacional. O Brasil precisa de melhores professores, de uma base educacional sólida, de menos impostos na educação, de mais polos tecnológicos, de investimentos pesados em inovação, de integração empresa/universidade, de integração universidade pública e privada, de projetos de stricto sensu com aplicações práticas, e principalmente de vontade política de resolver problemas com soluções reais e não paliativas.

Estrangeiros são bem-vindos. Mas, cuidado: esta política esconde um fantasma que muitos países hoje tentam afugentar a todo custo.


Fonte: Site Diário da Rússia - 04/01/2013

Comentário: Caros amigos eu trago esse artigo do colunista Fábio Pereira Ribeiro do site Diário da Rússia para que o mesmo possa ser debatido no blog. Gostaria de contar com a opinião de profissionais como o Dr. Otávio Durão (INPE), Dr. Waldemar de Castro Leite (LINCS/IAE), do Eng. João Dallamutta, José Miraglia (Edge Of Space), Oswaldo Loureda (Acrux) Rene Nardi (INOTECH), e se possível do Cel. Santana Jr. e do Brig. Kasemodel (IAE), e evidentemente de quem quiser opinar sobre esse assunto, já que com a chegada do atrapalhado programa “Ciências sem Fronteiras” essa possibilidade tornou-se cada vez maior.

Comentários

  1. Resumidamente, creio que estrangeiros quando bem aproveitados podem contribuir bastante para o crescimento do país, mas nada disso adiantará se não estimularem a qualificação da nossa própria mão de obra. Uma de duas, ou estagnaremos ou se criará uma elite de profissionais estrangeiros no país, se fizermos isso e não nos soubermos organizar.

    Empresas de outros países estão vindo e aproveitam para abocanhar recursos de lacunas tecnológicas do Brasil. Mas é preciso um planeamento estratégico, não somente para melhorar as coisas no país como para conseguir segurar nossos profissionais, e não parece que o governo esteja fazendo muito.

    Os chineses estão chamando estrangeiros e qualificando ao mesmo tempo seus profissionais. Os EUA têm o "brain visa", e hoje contam com as melhores universidades do mundo porque estão sabendo aproveitar-los. O Brasil ainda precisa de aproximar suas universidades as tecnologias de ponta existentes nas melhores universidades (e poucas até agora conseguiram isso) e ao mesmo tempo modernizar seu sistema de ensino.

    Morei fora, e constatei que universidades da Inglaterra tinham laboratórios ultra-modernos e com designs futuristas, mas nem sempre tinham uma boa política de aproveitamento de estrangeiros. De certa forma a universidade tem que ter uma visão empresarial, expondo seus estudantes em contato com prejetos diretos de empresas privadas ou governamentais, sabendo até lucrar com isso. Mas a dinamica de estabelecer contato com estrangeiros (seja estudante ou mão-de-obra) é fundamental para o dinamismo de idéias e para o país não se fechar em si mesmo.

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  2. Acho que ficou meio dúbio o assunto...

    Vou tratar aqui da parte sócio/política da questão.

    Ora, qualquer nação é responsável por defender o bem estar do seu povo.

    Assim como cabe ao governo boliviano cuidar para que os seus cidadãos não venham se escravizar no Brasil, cabe ao governo brasileiro combater o trabalho escravo seja de quem for e privilegiar o emprego de brasileiros no Brasil. Ao menos é isso que eu espero.

    Somos sistematicamente "escorraçados" profissionalmente até em países tidos como "amigos" como Portugal e Espanha.

    Em contrapartida, acolhemos profissionais de todos os países em todas as áreas sem nenhum critério.

    Se estivéssemos vivendo uma situação de pleno emprego com demanda reprimida e crescimento econômico galopante, até seria admissível.

    Mas do jeito que está, chega a ser um acinte. Então, sendo curto e grosso, enquanto o país não estiver nessa situação, tem mais é que proteger a sua mão de obra local.

    A exceção seria em áreas nas quais o Brasil simplesmente não tem curso de formação específico, e se pensarmos bem, nem isso justifica, pois não temos nenhum curso de astronauta por aqui, e mandamos o Sr. Marcos Pontes pro espaço, sem precisar contratar nenhum astronauta estrangeiro.

    É isso.

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  3. Hoje em dia as "ziscola" brasileiras não passam de creches onde "uzaluno passa o tempo:tomano sopa de macarrão e de canjiquinha;jogano baralho e brincano com o tagarelar na sala que deveria ser de aula e se a porfessora achá ruim ez manda ela ih tomar...suco de maracujina".Mas o importante é que aconteça o que acontecer "uzaluno passa de ano" e os pais ficam satisfeitos. Além do mais muito das nossas "zuniversidade" não passam de impressoras de "deproma". Os "universtários" vão diretos pros butecos e não entram nas salas. Muitos deles nem sabem de que cor foram pintadas as paredes.Ficando em dia com o caixa o resto é o resto. O "de proma" será entregue. Só o MEC não vê (ou não quer) o que já virou motivo de riso até na TV.É assim que pretendemos formar mão de obra qualificada!!!

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