Brasileiros Obt. Imports Result. no Est. de Plasm. Astrofísicos
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (18/01) no site da
“Agência FAPESP” destacando que pesquisadores brasileiros obtêm importantes
resultados no estudo de Plasmas Astrofísicos.
Duda Falcão
Especiais
Pesquisadores Brasileiros Obtêm Importantes
Resultados no Estudo de Plasmas Astrofísicos
Por José Tadeu Arantes
18/01/2013
Pesquisadores brasileiros obtêm
importantes resultados no
estudo
de plasmas astrofísicos
(supernova Cassiopeia A/Nasa)
|
Agência
FAPESP – A maior
parte da matéria visível no Universo é composta por gás ionizado ou
parcialmente ionizado permeado por campos magnéticos. Esse gás corresponde a
mais de 90% do conteúdo material visível conhecido dos espaços intergaláctico e
interestelar.
A ele estão
associados alguns dos mais importantes fenômenos cósmicos: da estrutura em
larga escala do Universo à formação de galáxias, estrelas e planetas, às
“assinaturas” que objetos compactos (supernovas, estrelas de nêutrons, buracos
negros e núcleos ativos de galáxias, entre outros) produzem em seu vasto entorno,
como partículas de ultra-alta-energia, jatos supersônicos astrofísicos, discos
de acresção, ondas gravitacionais ou erupções de raios gama.
Esses e
outros fenômenos foram pesquisados pelo Projeto Temático “Investigação de fenômenos de altas energias e plasmas astrofísicos:
teoria, observação e simulações numéricas”, que acaba de ser
concluído e foi coordenado pela professora Elisabete Maria de Gouveia Dal Pino,
do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade
de São Paulo (USP).
“Foi um
trabalho de grande fôlego, que reuniu o grupo de Astrofísica de Plasmas e Altas
Energias, coordenado por mim no IAG, e o grupo do Centro de Radioastronomia e
Astrofísica Mackenzie, liderado pela Adriana Benetti Marques Valio na
Universidade Presbiteriana Mackenzie, além de pesquisadores de outras
instituições”, disse de Gouveia Dal Pino.
Foram
utilizadas ferramentas teóricas e computacionais, com ênfase na
magneto-hidrodinâmica dos fluidos, para estudar fenômenos aparentemente tão
variados, mas intrinsecamente semelhantes, como manchas solares, ventos
produzidos por estrelas ou jatos emitidos por núcleos ativos de galáxias.
“Demos
especial atenção a processos básicos da física de plasmas, como a formação de
campos magnéticos, a reconexão magnética [rearranjo das linhas de força
magnéticas, devido à interação de dois ou mais fluxos de campos magnéticos, com
a consequente conversão da energia magnética em energia cinética e térmica e a
aceleração de partículas], as instabilidades magneto-hidrodinâmicas, as
turbulências e a aceleração estocástica, que são fundamentais para a explicação
de diversos fenômenos relacionados com as fontes astrofísicas e o meio em que
se encontram”, detalhou de Gouveia Dal Pino.
Dentre os
numerosos desdobramentos do Projeto Temático, que propiciaram a realização de
várias trabalhos de mestrado e de doutorado e a publicação de diversos artigos
em revistas internacionais de alto impacto, a coordenadora seleciona seis
destaques. O primeiro é a aceleração de raios cósmicos em regiões de
reconexão magnética.
“O
confinamento de partículas entre as linhas de força de campos magnéticos de
polaridades opostas – como, por exemplo, aqueles formados, nos núcleos ativos
de galáxias, pelo buraco negro central e o disco de acresção que o circunda –,
faz com que elas ricocheteiem várias vezes, ganhando energia progressivamente,
até adquirirem velocidades relativísticas – isto é, próximas à velocidade da
luz – e poderem escapar da zona de reconexão magnética na forma de raios
cósmicos”, explicou a pesquisadora.
Esse
mecanismo de formação de raios cósmicos, proposto teoricamente por de Gouveia
Dal Pino e Alexander Lazarian, da Universidade de Wisconsin (Estados Unidos),
foi corroborado por simulações computacionais. E seria efetivo em várias
escalas do Universo, das coroas de estrelas aos núcleos ativos de galáxias e ao
meio gasoso intergaláctico.
Outro
destaque do projeto de pesquisa está na formação de nuvens e de nova geração de
estrelas no meio interestelar e intergaláctico devido a ondas de choque
produzidas por explosões de supernovas.
Simulações
computacionais da região central do aglomerado de galáxias de Perseus [o
aglomerado mais brilhante do céu na detecção por raio X] sugeriram que as
turbulências produzidas principalmente por explosões de supernovas na
superfície da galáxia central acarretariam vários efeitos no meio
intergaláctico, como a distribuição quase isotrópica [igual em todas as
direções] de filamentos gasosos que se estendem por distâncias superiores a
100 megaparsecs [algo da ordem de grandeza de 1021 quilômetros].
“Diego
Falceta-Gonçalves [da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP],
de Gouveia Dal Pino e outros mostraram que a combinação desses ventos
turbulentos com os jatos mais colimados [compactos] emitidos pelo núcleo
ativo da galáxia central pode explicar o aquecimento quase isotrópico (em
temperaturas da ordem de 107 a 108 K) do gás que permeia o núcleo do
aglomerado”, disse de Gouveia Dal Pino.
O terceiro
destaque está na formação estelar intragaláctica. “Simulações numéricas
efetuadas por Reinaldo Santos de Lima e por Marcia R. Moreira Leão, estudantes
de doutorado de de Gouveia Dal Pino, no IAG, mostraram que a turbulência no
meio interestelar, causada por fenômenos como explosões de supernovas e jatos
de estrelas, contribuem para a remoção dos campos magnéticos. Esses, como se
sabe, resistem à contração gravitacional das nuvens protoestelares e sua
remoção parcial contribui para a formação de estrelas”, explicou de Gouveia Dal
Pino.
O modelo
proposto pelos pesquisadores do grupo e seus colaboradores baseia-se na difusão
dos campos magnéticos por reconexão magnética turbulenta. Na presença de
turbulência, a reconexão magnética se torna mais rápida, e, assim, mais eficaz.
Dínamo Solar
A pesquisa
de exoplanetas é outra contribuição importante do Temático coordenado por de
Gouveia Dal Pino. Ela e colaboradores do projeto participaram da descoberta
de novos sistemas subestelares e exoplanetas por meio da NICI [Near-Infrared
Coronagraphic Imager] Planet-Finding Campaign do Observatório Gemini.
O
Observatório Gemini consiste em dois telescópios idênticos, em operação no
visível e no infravermelho, com espelhos principais de 8,1 metros de diâmetro,
localizados em dois dos melhores lugares para observar o Universo a partir da
Terra: Cerro Pachón, a 2.720 m de altitude nos Andes chilenos, e Mauna Kea, a
4.220 m de altitude, no Havaí.
“Além
destes, o estudo sobre trânsitos de exoplanetas, que fornece informações sobre
as atividades de suas estrelas hospedeiras, foi feito por Adriana Benetti
Marques Valio, professora do Mackenzie e pesquisadora principal do Temático”,
disse de Gouveia Dal Pino.
O quinto
destaque do projeto foi em pesquisa do dínamo solar, mecanismo gerado no
interior do Sol pelo gás ionizado em movimento. “Estudos teóricos e
numéricos permitiram mapear os ciclos das manchas solares, áreas de maior
concentração do campo magnético, que apresentam, em um ciclo completo de 22
anos, dois máximos e dois mínimos. A partir da modelagem, construímos diagramas
mostrando esse tipo de atividade”, disse de Gouveia Dal Pino.
Sobre isso,
o artigo assinado por Gustavo Guerrero, atualmente fazendo pós-doutorado na
Universidade de Stanford, Estados Unidos, e por de Gouveia Dal Pino foi
destaque na revista Astronomy & Astrophysics em 2008.
Além disso, a tese de doutorado de Guerrero ganhou menção honrosa da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Outra
importante contribuição do Projeto Temático apoiado pela FAPESP esteve em
estudos sobre a origem e evolução dos campos magnéticos nos meios
interaglomerados (ICM) e intergalácticos (IGM).
“Fizemos
simulações de amplificações turbulentas de sementes de campos magnéticos em
cenários magneto-hidrodinâmicos aproximadamente acolisionais. Devido à
baixíssima densidade desses meios e à presença do campo magnético, as variáveis
pressão e temperatura se tornam anisotrópicas, exibindo valores distintos nas
direções paralela e perpendicular ao campo. As forças resultantes dessa anisotropia
produzem instabilidades cinéticas”, explicou de Gouveia Dal Pino.
As
simulações, estudadas, entre outros, por Reinaldo Santos de Lima, cujo doutorado direto no IAG, com Bolsa da FAPESP, é orientado
por de Gouveia Dal Pino, mostraram que essas instabilidades por sua vez limitam
o crescimento da anisotropia, o que faz com que a amplificação da semente de
campo magnético apresente taxas semelhantes às dos modelos
magneto-hidrodinâmico padrões.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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