"Espaço e Atitudes", Editorial de T&D n.º 131

Olá leitor!

Segue abaixo o editorial da edição de nº 131 da Revista Tecnologia e Defesa (T&D) postado ontem (10/01) no blog “Panorama Espacial” do companheiro jornalista André Mileski , dando destaque ao PEB e a certas atitudes.

Duda Falcão

"Espaço e Atitudes", Editorial de T&D n.º 131

Este número [131] tem como reportagem de capa a matéria “Lançadores – onde o Brasil quer chegar”, que busca abordar os principais projetos e perspectivas nacionais nesse domínio. O tema é de extrema relevância e atrai muito interesse. Não é incomum recebermos de leitores sugestões de pautas ou questões sobre o Veículo Lançador de Satélites (VLS), seja por meio da redação ou pelo blog Panorama Espacial, ligado à revista.

Desde a sua fundação, há quase trinta anos, Tecnologia & Defesa tem sido a única publicação especializada brasileira que sistematicamente cobre o setor espacial nacional. Ao longo desse tempo todo, foram várias as reportagens e edições especiais sobre o Programa Espacial Brasileiro (PEB) e projetos específicos, como o da malfadada participação brasileira na Estação Espacial Internacional, o programa VLS, satélites, entre outros. Entrevistamos dirigentes de praticamente todas as entidades relacionadas ao setor, como a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e seus institutos subordinados e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em 2012, por exemplo, publicamos reportagens sobre satélites de observação terrestre, e o projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), assuntos não abordados em nenhum outro veículo desta área editorial.

Este posicionamento de Tecnologia & Defesa sempre foi motivado por entendermos o setor espacial como vital para os objetivos do País. E isso não significa, em absoluto, que ajudamos a “reinventar a roda”. Trata-se, apenas, de se observar o que acontece em países mais avançados e ter muita seriedade em pensar as grandes e reais vocações do Brasil. O lamentável, porém, é que todo o trabalho efetuado, as páginas disponibilizadas para a divulgação do tema, debate e mesmo críticas (no sentido de contribuir) parece não sensibilizar algumas pessoas, as quais deveriam ser as mais interessadas em que assim seja, como nesta oportunidade, quando permanecemos aguardando uma entrevista acordada com um alto dirigente da AEB (atrasando, inclusive, a publicação da própria edição – e com os prejuízos que disso decorrem) para, na última hora (já ultrapassada) sermos informados que não teríamos, este ano (2012), as respostas às questões formuladas por nossa equipe. Realmente, muito desagradável e deselegante, até. Bem, mas vamos em frente.

Por outro lado, ultimamente, as esperanças parecem ter sido renovadas para o Programa Espacial Brasileiro que, em sua história, citando palavras do atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, “tem como marca o atraso”. Há expectativas com a edição de uma nova versão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), certamente mais realístico, com o projeto do SGDC, anteriormente conhecido como SGB, o início do desenvolvimento do Veículo Lançador de Microssatélites – VLM, entre outras iniciativas igualmente relevantes. É importante mencionar o papel que a Estratégia Nacional de Defesa (END), lançada no final de 2008, tem nesta reformulação. A END elenca o setor espacial como um domínio estratégico - ao lado do nuclear e cibernético. Hoje, frequentemente, dirigentes de institutos civis envolvidos com o PEB mencionam a END e as necessidades na área de defesa, de projetos como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), como demandas que devem ser atendidas pelo PEB, o que era bastante incomum, para muitos até temerário, não muitos anos atrás. Esperamos que venha a ser muito mais que um bom sinal.

Contudo, o fato é que ainda faltam ações mais concretas no PEB e, principalmente, resultados. O Brasil não lança um satélite próprio, desenvolvido localmente, desde 1998, portanto, há praticamente quinze anos, algo inaceitável para um país que deseja ocupar posição de destaque no cenário geopolítico em âmbito global, e mesmo para satisfazer as suas diversas demandas internas. O programa CBERS (China-Brasil Earth Resources Satellite – Satélite Sino Brasileiro de Recursos Terrestres), desenvolvido em parceria com o governo de Pequim e considerado um dos maiores projetos atuais do PEB, enfrenta mais uma dificuldade com problemas em componentes do CBERS 3, o que veio a ocasionar a postergação do seu lançamento, que estava inicialmente previsto para novembro de 2012, confirmando a “marca do atraso”, seguindo o raciocínio de Marco Antonio Raupp.

Ao mesmo tempo, há também muita esperança em que todas as promessas, estudos e planos envolvendo o PEB sejam verdadeiramente concretizadas em médio prazo, e o momento para isso, talvez, jamais tenha sido tão favorável como agora.


Fonte: Revista Tecnologia & Defesa nº 131 – Editorial - via Blog “Panorama Espacial“

Comentário: Eu não entendi muito bem. Isso quer dizer que a reportagem da revista não irá sair mais nessa edição? Bom, analisando o que foi dito pelo editor(a) da T&D, não resta dúvida da descortesia  do alto dirigente da AEB (que deve ter sido o José Raimundo Braga Coelho), realmente lamentável esse incidente, mas que pode já ser um reflexo da mudança no MCTI levantada pelo jornal “O Vale” e pela revista “VEJA” mais recentemente. Afinal, se está realmente para acontecer à saída do Raupp do ministério, o José Raimundo Braga Coelho também dançara nessa mudança, não adiantando nada ele dar essas respostas a T&D e ficar com cara de taxo dois meses depois. Quanto à participação da T&D na divulgação do PEB nesses anos todos, o seu editor(a) descreve com propriedade, e realmente essa revista tem feito um grande trabalho, pena que aqui na Bahia o sua distribuição deixa muita a desejar e precisa melhorar. Agora, já com relação as suas boas expectativas quanto à melhora do PEB em médio prazo devido o mesmo está incluído na Estratégia Nacional de Defesa (END), como um domínio estratégico ao lado do dos setores nucleares e cibernético, é em minha opinião extremamente otimista e completamente fora da realidade. Basta olhar para os dois anos de governo da presidente CHUCKY, os cortes no orçamento do progama, o investimento feito na ACS, entre tantas outras ações e falta delas, aí incluído o ridículo orçamento da AEB enviado esse ano para o Congresso, para que se note que no que diz respeito ao setor espacial, a END para o governo é nada mais, nada menos que um exercício de ficção científica. Como eu acredito na sinceridade das colocações do editor(a) da T&D, respeito a sua opinião, mas considero-a extremamente otimista e ingênua.

Comentários

  1. Nesse caso concordo integralmente com o Duda!

    E quem quiser tirar a prova, basta ler a lei que dá sustentação a "ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA", e constatar que a lei seria ótima, se fosse minimamente cumprida.

    Mas ontem mesmo a Sra. PresidentaA declarou oficialmente o seu apoio ao continuísmo do governo do "companheiro" (só pode ser companheiro dela) Chaves. Onde mais uma vez esse populismo ridículo criou uma situação ao mesmo tempo hilária e trágica.

    A posse de um ditador morto (ou quase).

    O que as pessoas ainda esperam de um governo como esse que se diz “democrático” e apoia todos os ditadores populistas das imediações, inclusive com atitudes lesivas à economia do nosso País? Eu continuo reafirmando que não vale a pena esperar nada de bom vindo de cima, então, essas entrevistas com os "figurões de plantão", além de inócuas, são uma total perda de tempo. Imaginem adiar a publicação de uma revista com a importância da T&D (que eu acompanho a muito tempo), por conta de uma entrevista com este senhor, que não tem o menor controle sobre o que se passa no PEB, e sequer na própria AEB, onde a sua função é, como os “caciques” das demais instituições, dizer "amém" !

    Ainda que fosse uma entrevista com um cientista, engenheiro ou técnico, não justifica prender uma pauta da T&D por conta disso. Esses profissionais sim, deviam ser ouvidos, pois podem ter alguma chance de influenciar as ações que vem de cima, desde que se unam e tomem atitudes enérgicas.

    Só não vê quem não quer.

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  2. O país e os veículos de comunicação já sabem: o Brasil precisa de poder de dissuasão (militar, tecnológico, estratégico, etc) para se posicionar como uma peça importante no cenário mundial, pois de outra forma ficará somente a dançar o samba ao som da música dos outros.

    Mas quem disse que esse governo quer que o exército ganhe destaque? Como apoiar uma "facção" que se mostra claramente contrário ao seus ideais, mesmo quando areas importantes do país estão sobre o seu domínio? As coisas se continuarem do jeito que estão não mudarão.

    Tomo para mim as palavras do Duda e do Marcos.

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