China e Malásia Estudarão Projeto de Porto Espacial Equatorial Internacional

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Crédito: CASC
Um Longa Marcha 8 decola do porto espacial comercial de Hainan em 11 de março de 2025, transportando 18 satélites Qianfan (Mil Velas).
 
No dia de ontem (28/04), o portal SpaceNews noticiou que a China está explorando o estabelecimento de seu primeiro local de lançamento no exterior com a proposta de um porto espacial equatorial na Malásia, o que traz implicações estratégicas, econômicas e geopolíticas.
 
De acordo com a nota do portal, a China Great Wall Industry Corporation (CGWIC) assinou uma carta de intenção com a Pahang State Development Corporation (PKNP) e a Lestari Angkasa Sdn Bhd, uma empresa privada malaia ativamente envolvida no desenvolvimento do setor espacial do país, em 15 de abril.
 
O governo estadual da Malásia concordou com um estudo de viabilidade de um ano para o porto espacial proposto, em Pahang, de acordo com o New Straits Times. O projeto, denominado Porto Espacial Internacional de Pahang, pode gerar mais de 2.000 empregos, além de efeitos econômicos indiretos, incluindo nas áreas de turismo e pesquisa, segundo os relatos.
 
O porto espacial seria quase equatorial, situado aproximadamente entre 3 a 4 graus de latitude norte. Lançamentos próximos ao equador permitem que os foguetes se beneficiem da velocidade de rotação da Terra, possibilitando cargas mais pesadas e uso mais eficiente de combustível.
 
Se aprovado, o projeto poderia ser concluído nos próximos três a cinco anos, segundo um relatório da Bernama, agência estatal de notícias da Malásia, citando o presidente do Comitê de Investimento, Indústria, Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, Datuk Mohamad Nizar Najib.
 
Uma delegação da PKNP e da Lestari Angkasa Sdn Bhd deve visitar a Cidade Espacial de Wenchang, em Hainan, sul da China, em maio, para discutir mais detalhadamente o projeto do Porto Espacial Internacional de Pahang. A CGWIC, subordinada à estatal CASC, é a única organização comercial autorizada pelo governo chinês a fornecer satélites, serviços de lançamento comercial e realizar cooperação espacial internacional.
 
Embora o Porto Espacial Internacional de Pahang esteja em uma fase inicial e ainda incerta, o projeto pode ser notável por vários motivos, segundo Bleddyn Bowen, professor associado de Astropolítica na Universidade de Durham, no Reino Unido.
 
Novas instalações de lançamento poderiam ajudar a aliviar um gargalo no acesso da China ao espaço, no que diz respeito à frequência de lançamentos. Um porto espacial em Pahang poderia servir para missões comerciais e civis, embora seja menos provável que seja usado para missões sensíveis, dado que está localizado fora da China. Ele também poderia auxiliar em planos lunares em certos aspectos. O porto espacial de menor latitude da China atualmente é Wenchang, localizado a 19 graus norte.
 
Se o projeto avançar, isso demonstraria a confiança que os chineses têm na Malásia como parceira regional, diz Bowen. Também mostraria "confiança de que o governo chinês acredita que pode manter um grande porto espacial fora de suas próprias fronteiras", bem como sua capacidade de sustentar uma cadeia logística relacionada.
 
O projeto pode simbolizar as crescentes ambições globais da China no espaço, estendendo sua infraestrutura de lançamentos além da China continental pela primeira vez.
 
Questões geográficas, embora não intransponíveis, incluiriam desafios relacionados a rotas de voos comerciais, rotas marítimas e sobrevoo de países vizinhos, especialmente a Indonésia.
 
Também haveria implicações regionais com a criação de um porto espacial malaio, que seria o primeiro no Sudeste Asiático. "Existe aquela rivalidade tradicional entre Malásia e Indonésia, e a Indonésia tem feito seus próprios movimentos em políticas espaciais ultimamente", observa Bowen.
 
Durante a visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping à Malásia, de 15 a 17 de abril, os dois países emitiram uma declaração conjunta reconhecendo o grande potencial para fortalecer a cooperação no setor espacial. A declaração afirmava que ambos os lados reconhecem o grande potencial de fortalecer a parceria na cooperação espacial e nos usos pacíficos do espaço exterior, com o objetivo de, conjuntamente, aprimorar as capacidades espaciais, cultivar a economia espacial, promover o progresso tecnológico e salvaguardar a segurança nacional.
 
A China expandiu notavelmente sua frequência de lançamentos nos últimos anos, passando de 19 tentativas em 2015 para 68 lançamentos em 2024. Este último, um recorde nacional, ainda ficou aquém da meta de quase 100 lançamentos naquele ano. O país está expandindo suas instalações de lançamento, com novas plataformas comerciais sendo construídas em Wenchang, bem como novas estruturas para permitir missões lunares tripuladas. Mais portos espaciais comerciais estão sendo propostos.
 
No início de 2023, o Grupo de Tecnologia Aeroespacial de Hong Kong (HKATG) chamou atenção ao assinar um memorando de entendimento (MoU) com o Djibuti para desenvolver e operar conjuntamente um porto espacial. No entanto, o MoU expirou sem que novas ações fossem tomadas.
 
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