Monitoramento de Detritos Espaciais a Partir do OPD
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota publicada no informativo “LNA em
Dia” de 18/11/2012, informando que o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA)
estuda a possibilidade de realizar parceria com a ROSCOSMOS para Monitoramento
de Detritos Espaciais a partir do Observatório Pico dos Dias (OPD).
Duda Falcão
Monitoramento de Detritos
Espaciais a Partir do OPD
Albert Bruch*
LNA em Dia
18/11/2014
A presença de uma quantidade crescente de detritos
espaciais (“lixo espacial”; a saber, objetos artificiais abandonados como,
p.ex., satélites mortos ou partes deles) em orbita ao redor da Terra apresenta
um problema cada vez maior para o uso do espaço devido ao risco de choques
entre tais objetos e satélites em operação e do estrago que os mesmos podem
causar caso eles caiam descontroladamente para a Terra.
Enquanto esse problema não atinge as pesquisas dos astrônomos,
técnicas astronômicas podem ser utilizadas para contribuir a sua solução. Com
isso em mente, a Agencia Espacial da Federação Russa (ROSCOSMOS), com intermediação
da Agencia Espacial Brasileira, entrou em contato com o LNA para apurar a
possibilidade de instalar, no OPD, uma estação para identificar, catalogar e
monitorar detritos espaciais. Trata-se de parte de um projeto intitulado PanEOS
(Panoramic Electro-Opical System for Space Debris Detection) que prevê a construção
e operação de uma rede de instalações desse tipo na Rússia e em vários outros
lugares na Terra.
Cada uma dessas estações contara com um telescópio de 75
cm de abertura com campo de visão largo, alem de alguns telescópios de menor
porte. Serão monitoradas as regiões do céu com maior probabilidade de passagem
de detritos espaciais (principal, mas não exclusivamente, a região equatorial).
Figura 1. Estação do PanESO já instalada nas
montanhas
Altai na Ásia central.
|
Estima-se que haverá imageamento de todas as regiões de
interesse ate cerca de magnitude 19 (em noites sem lua) a cada noite com tempo
aberto.
Como parte das conversas preliminares sobre a implementação
do projeto no OPD, o LNA recebeu uma delegação da ROSCOSMOS que avaliou as condições
no Pico dos Dias. Concluindo que as mesmas são bastante favoráveis, os russos
demonstraram um grande interesse em realmente construir a estação do PanESO no
campus do OPD.
Consequentemente, o representante do ROSCOSMOS,
encarregado em conduzir o projeto, e o Diretor do LNA assinaram uma Carta de Intenções,
por meio da qual o ROSCOSMOS e o LNA se comprometem em colaborar para negociar um
contrato formal com o objetivo de instalar e operar tal estação no OPD, levando
em conta as capacidades e limitações de cada parte, e visando o beneficio mutuo.
Caso ambas as partes cheguem a um acordo
sobre o assunto, o ônus para o LNA irá se esgotar na disponibilização do espaço
necessário para a instalação da estação de monitoramento e no fornecimento de
um apoio logístico limitado na fase da construção. Não terá nenhum ônus
financeiro, administrativo ou em termos de recursos humanos para o LNA, uma vez
que o ROSCOMOS ira bancar todos os custos e cuidara da contratação de empresas
para a construção do prédio do(s) telescópio(s) e da mão-de-obra técnica para
as operações e a manutenção da estação, sendo que as instalações técnicas serão
importadas da Rússia.
Os benefícios para o LNA se alinham a duas
vertentes diferentes:
1. Vertente Estratégica: A eventual instalação
da estação do PanEOS no OPD será enquadrada em um acordo bilateral entre os
governos da Republica Federativa do Brasil e da Federação da
Rússia sobre a “Cooperação na Pesquisa e
nos Usos do Espaço Exterior para Fins Pacificos”, de 21 de novembro de 1997. O
governo brasileiro considera o acordo de importância estratégica para o pais. A
presidência da AEB demonstrou um alto interesse na realização do projeto e apoia
fortemente o LNA nesse sentido. O MCTI, através da SCUP (Subsecretaria das
Unidades de Pesquisa), também foi informado e se manifestou favoravelmente.
Desta forma, um acordo entre o ROSCOMOS e o LNA irá fortalecer
significativamente a posição estratégica do LNA no ambiente do sistema cientifico-tecnologico
do pais.
2. Vertente Cientifica: Todos os dados provindos
dos telescópios do PanEOS no OPD ficarão disponíveis para a comunidade astronômica
brasileira para qualquer uso cientifico a critério dos nossos astrônomos. Mesmo
na ausência, nesse momento, de informações mais detalhadas sobre as regiões
celestiais a serem monitoradas e a resolução espacial, e obvio que a disponibilidade
de imagens de uma parte significativa do céu ate magnitude 19 a cada noite clara
apresenta grandes oportunidades para muitas áreas de pesquisa nas quais membros
da comunidade astronômica brasileira se engajam.
É importante perceber que ainda nenhuma decisão
definitiva sobre a realização da colaboração com o ROSCOSMOS no OPD foi tomada.
Entretanto, existem boas perspectivas para que o projeto se concretize. O LNA
tomará o devido cuidado para que o mesmo traga benefícios para o Brasil e para
sua comunidade astronômica e nao prejudique as demais atividades do LNA em prol
dos seus usuários.
* Albert Bruch e pesquisador do LNA e
vice coordenador da Coordenação de Apoio Cientifico
Figura 2. Diretor
do LNA e representantes do
ROSCOSMOS assinam Carta de Intenções.
|
Fonte: Informativo “LNA em Dia” do LNA - num. 36 - págs. 06
e 07 - 18/11/2014
Comentários
Postar um comentário