Grupo de Astrônomos Liderado por Brasileiros Identifica Possíveis Origens de Objetos Celestes “Diferenciados”
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo postado hoje (21/02) no site da “Agência
FAPESP” destacando que estudo internacional liderado por astrônomos brasileiros
identifica possíveis origens de Objetos Celestes “Diferenciados”.
Duda Falcão
Especiais
Estudo Identifica Possíveis Origens
de Objetos Celestes
“Diferenciados”
Por Elton Alisson
21/02/2014
(ilustração: NASA)
Grupo internacional de pesquisadores, liderado por brasileiros, localiza potenciais fontes de fragmentos de asteroides com crosta basáltica. |
Agência
FAPESP – No
principal cinturão de asteroides do Sistema Solar, localizado entre Marte e
Júpiter, há um pequeno grupo de objetos celestes chamados asteroides de tipo V.
São supostamente fragmentos do asteroide Vesta, o segundo objeto com maior
massa do cinturão, que integra o grupo de corpos celestes com crosta basáltica.
Nos últimos
anos, foram identificados outros 127 objetos candidatos a asteroides de tipo V.
Com origem não muito bem compreendida, eles se situam na parte central do
cinturão principal. Os astrônomos acham ser muito improvável que todos sejam
fragmentos do Vesta, pela posição orbital em que se encontram.
Um estudo
realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de
Guaratinguetá, em colaboração com colegas do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), da Universidade de Namur, na Bélgica, do Observatório de
Paris e da Universidade Pierre e Marie Curie, ambos na França, demonstrou que
esses novos asteroides de tipo V no cinturão principal podem ser derivados de
outros asteroides diferenciados, que não o Vesta.
Corpos
celestes diferenciados são aqueles que passaram por processos que dividiram sua
estrutura em camadas geológicas e quimicamente diferentes entre si e possuem
crosta basáltica, manto e núcleo.
Os
resultados da pesquisa, feita no âmbito do projeto “Mobilidade orbital causada por encontros próximos com mais de um asteroide
massivo”, apoiado pela FAPESP, serão publicados na revista Monthly
Notices of the Royal Astronomical Society (MNRAS).
“É bem
provável que tenham existido outros objetos diferenciados que deram origem a
esses novos asteroides de tipo V, mas ainda não se sabe o número deles”, disse
Valério Carruba, professor da Unesp e primeiro autor do estudo, à Agência
FAPESP.
“Se
conseguirmos saber qual é o número mínimo de objetos diferenciados que
originaram esses novos asteroides, será possível entender melhor a origem e
evolução dinâmica deles”, avaliou.
De acordo
com Carruba, a distribuição dos asteroides de tipo V pelo cinturão principal é
bastante esparsa. Os pesquisadores propuseram a divisão do cinturão principal
central em três regiões onde estão situadas famílias de asteroides associadas à
formação de objetos de tipo V: Hansa; Eunomia; e Merxia e Agnia.
Ao fazer
essa divisão, os pesquisadores constataram que os asteroides de tipo V
originados por essas famílias “respeitam o perímetro” nos quais estão situados.
“Um
asteroide de tipo V na região de Hansa, por exemplo, dificilmente irá para a
região de Eunomia”, explicou Carruba. “Por sua vez, é pouco provável que um
asteroide de tipo V da região de Eunomia caminhe em direção à região das
famílias de Merxia e Agnia.”
Fontes de
Asteroides de Tipo V
Os
pesquisadores também demonstraram no estudo que três fontes diferentes de
asteroides – como os de Eunomia, de Merxia e Agnia e de Hansa – são suficientes
para criar populações de objetos do tipo V no cinturão principal central, onde
se estima que existiu pelo menos mais um corpo diferenciado, além do Vesta.
O objeto que
deu origem à família de Eunomia, por exemplo, pode ter sido anteriormente um
corpo diferenciado ou parcialmente diferenciado, supõem os pesquisadores.
“A ideia é
que, no passado, o corpo principal que deu origem à família de Eunomia tinha
uma crosta basáltica vulcânica que foi completamente destruída e se espalhou
pelo cinturão principal”, disse Carruba. “Outros estudos também já haviam
sugerido que as famílias de Merxia e Agnia também podem ter sido originadas de
corpos diferenciados.”
Os modelos
de formação desses objetos diferenciados são baseados em parâmetros ainda não
bem conhecidos, como o tamanho mínimo para fazer a diferenciação, as dimensões
da região em que foram formados e a eficiência com a qual foram espalhados para
o cinturão principal.
Segundo
esses modelos, o número de objetos diferenciados que poderiam ter chegado ao
cinturão principal varia de dois a algumas centenas. “Ainda não sabemos quantos
objetos diferenciados foram formados e quando chegaram ao cinturão principal”,
afirmou Carruba. Segundo ele, “estabelecer limites sobre esses números pode nos
ajudar a entender melhor os cenários que levaram à formação do Sistema Solar”.
A versão do
artigo Dynamical evolution of V-type asteroids in the central main belt,
de Valério Carruba e outros, que será publicado na revista Monthly Notices
of the Royal Astronomical Society, pode ser lida em arxiv.org/abs/1401.6332.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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