Cientistas Planejam Detectar Novas Partículas Elementares no LHC a Partir de 2015
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (22/08) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que cientistas planejam detectar novas partículas elementares no LHC a
partir de 2015.
Duda Falcão
Especiais
Cientistas Planejam Detectar Novas Partículas
Elementares no LHC a Partir
de 2015
Por Elton Alisson
22/08/2014
(Foto: CERN)
Operação com mais energia a partir de 2015
poderá
contribuir para a descoberta de partículas
não previstas pela Física atual,
avaliam pesquisadores.
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Agência
FAPESP – A
operação do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), da Organização
Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), na Suíça, poderá contribuir, a partir de
2015, para a descoberta de partículas elementares ainda não observadas
experimentalmente e testar teorias que ultrapassam o conhecimento da Física
atual.
A avaliação
foi feita por pesquisadores participantes do “Going on After the LHC8 (GOAL)
Workshop”, realizado entre os dias 11 e 15 de agosto no Instituto de Física
Teórica (IFT) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em São Paulo.
Promovido
pelo ICTP South American Institute for Fundamental Research (ICTP-SAIFR), e apoiado pela FAPESP, o encontro reuniu 25 físicos
teóricos, provenientes da Europa, Estados Unidos, Brasil e outros países da
América do Sul.
O objetivo
do evento foi analisar e discutir os dados obtidos nos experimentos realizados
no LHC nos últimos anos, quando o colisor operou com energia de 8
teraelétrons-volt (TeV) – equivalente a 8 trilhões de elétrons-volt.
Os
participantes do encontro também estimaram possíveis descobertas que poderão
ser feitas a partir de 2015, quando será aumentada a intensidade dos feixes de prótons
e a energia no centro de massa do maior acelerador de partículas do mundo para
entre 13 e 14 TeV.
“Pretendemos
identificar nos experimentos no LHC sinais de uma nova Física, detectando novas
partículas elementares e testando hipóteses não previstas pelo Modelo Padrão [teoria
construída nos últimos 50 anos que descreve as interações forte, fraca e
eletromagnética das partículas fundamentais que constituem toda a matéria],
disse Mariano Quirós, pesquisador do Instituto de Física de Altas Energias (IFAE)
da Universitat Autònoma de Barcelona (UAB), à Agência FAPESP.
De acordo
com Quirós, as predições do Modelo Padrão da física de partículas foram
exaustivamente testadas e comprovadas nas últimas décadas por meio de dados
experimentais, como os obtidos no próprio LHC.
O bóson de
Higgs (partícula subatômica postulada em 1964 pelo físico britânico Peter
Higgs), detectado no LHC em julho de 2012, era o último elemento que faltava
para validar completamente a teoria.
Apesar do
êxito, o Modelo Padrão apresenta deficiências que levam os físicos teóricos e
experimentais a considerar a possibilidade da existência de uma nova Física,
apontou Quirós.
“O Modelo
Padrão prediz muitos fenômenos e partículas, mas não aponta a origem deles e
não responde a uma série de questões. Isso faz com que tenhamos um certo
pessimismo em relação a essa teoria e nos leva a acreditar que exista uma nova
Física”, avaliou.
Novas Partículas
Uma das
lacunas do Modelo Padrão, de acordo com os físicos, é não prever a existência
de partículas como a matéria escura, responsável por cerca de 25% da densidade
de energia do Universo.
A teoria
também não aponta qual é a massa dos neutrinos – partículas subatômicas sem
carga elétrica que interagem com outras apenas por meio da interação
gravitacional e da interação fraca – e não leva em conta a gravidade nas
interações entre as partículas.
“O Modelo
Padrão nos fornece muito mais predições do que parâmetros que podemos seguir
para confirmá-las”, afirmou Quirós.
A fim de
tentar solucionar esses problemas, alguns físicos teóricos começaram a propor
nas últimas quatro décadas novas teorias, como a da Supersimetria.
Proposta no
início da década de 1970, a teoria da Supersimetria prevê que para cada bóson (responsável
por transmitir as forças da natureza) existe um férmion (tal como quarks,
elétrons e neutrinos) correspondente, com a mesma massa e números quânticos
internos, e vice-versa.
Se
comprovada a teoria, o número de partículas elementares conhecidas hoje
cresceria significativamente, que é o que pode acontecer com a operação do LHC
com maior energia a partir de 2015, quando os feixes de prótons do colisor
serão acelerados a mais de 99,99999% da velocidade da luz.
“Pode ser
que, com a energia de 8 TeV com que o colisor operou nos últimos anos, não
tenha sido possível produzir novas partículas previstas pelas teorias
supersimétricas”, disse Eduardo Pontón, pesquisador do ICTP-SAIFR e um dos
organizadores do evento no IFT.
“O aumento
da energia no centro de massa do LHC pode ajudar a encontrar essas novas partículas,
que podem ser similares ao bóson de Higgs. Se confirmada a existência dessas
partículas, será possível estender o Modelo Padrão”, avaliou Pontón.
De acordo
com o pesquisador, o aumento da energia do LHC também possibilitará medir
alguns fenômenos com maior precisão e, com isso, inferir a existência de
partículas não detectáveis no colisor.
“É possível
que existam partículas muito pesadas para serem produzidas diretamente no LHC,
mas que tenham efeito indireto nas medidas feitas a partir de 2015”, explicou
Pontón.
“Se
realizarmos essas medidas com precisão, pode ser que seja possível inferir a
existência dessas partículas e isso motivaria a construção de um acelerador com
muito mais energia do que o LHC”, disse.
Um grupo de
pesquisadores dos Estados Unidos, Europa, Japão e China já discute a
possibilidade de construção de um acelerador de partículas similar ao LHC,
porém com energia quase 10 vezes maior, de 100 TeV, por exemplo.
Outra
possibilidade em discussão é a construção de um colisor diferente do LHC,
projetado não para colisões de prótons, mas de elétrons, que, apesar de ter
menor energia, permitiria realizar medidas com maior precisão, disse Pontón.
“Essas duas
possibilidades estão sendo discutidas, mas ainda não há nada decidido. Esses
projetos levariam muito tempo e necessitarão de cooperação internacional para
serem realizados”, disse Pontón.
Intensificação
do Contato
De acordo
com Pontón, os 25 físicos teóricos participantes do evento estão entre os
pesquisadores mais ativos na área de Física além do Modelo Padrão e muitos
deles, como Quirós – que até maio estava no CERN –, vieram pela primeira vez ao
Brasil.
Os
organizadores aproveitaram a vinda dos estrangeiros ao evento para apresentar o
ICTP-SAIFR e as oportunidades de intercâmbio de pesquisadores e estudantes de
pós-graduação, além dos programas de visitas científicas e colaborações em
pesquisa com o grupo de física das partículas do centro, integrado por Pontón,
pelo pesquisador Rogério Rosenfeld, por pós-doutorandos e estudantes de
mestrado e doutorado.
“Em média,
realizamos dois eventos por mês, entre escolas com duração de duas semanas e
eventos científicos menores, como workshops e minicursos. E esse número de
eventos está aumentando”, contou Nathan Berkovits, diretor do ICTP-SAIFR.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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