Sais de Marte Tocam o Gelo e Produzem Água Líquida
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (22/08) no site
“Inovação Tecnológica” destacando que estudo coordenado por pesquisador
brasileiro da Universidade de Michigan (EUA) comprova que não importa a temperatura congelante de
Marte, pois pequenas quantidades de água líquida podem se formar no planeta
vermelho.
Duda Falcão
ESPAÇO
Sais de Marte Tocam o Gelo e
Produzem Água Líquida
Com informações da Umich
22/08/2014
[Imagem: NASA]
As intrigantes gotas nas pernas da
sonda marciana
Phoenix, em 2008.
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Não
importa a temperatura congelante de Marte: pequenas quantidades de água líquida
podem se formar no planeta vermelho.
É
o que comprova uma pesquisa coordenada pelo brasileiro Nilton Rennó, da
Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, depois de simulações em câmaras
que imitam as condições de Marte.
A
água líquida é um ingrediente essencial para a vida como a conhecemos e Marte é
um dos poucos lugares no sistema solar onde os cientistas viram sinais
promissores da sua existência.
As
experiências são as primeiras a testar teorias sobre a formação de água em um
clima tão frio como o de Marte - até agora, ninguém detectou diretamente água
líquida em nenhum lugar além da Terra.
Sais de Marte
Os
pesquisadores descobriram que um tipo de sal presente no solo marciano pode, em
questão de minutos, derreter o gelo com o qual entra em contato - exatamente o
mesmo efeito dos sais usados para descongelar estradas e ruas durante o inverno
em locais frios.
Alguns
cientistas sugerem que este sal marciano forme água líquida sugando o vapor do
ar, através de um processo chamado deliquescência.
Em
2008, Nilton Rennó foi o primeiro a notar estranhos glóbulos nas fotos enviadas
pela Phoenix. Por várias semanas, os glóbulos pareciam crescer e se aglutinar.
Enquanto ele acreditava que eram gotículas de água e sugeria que sais na
superfície de planetas poderiam formá-la, muitos de seus colegas discordaram.
Afinal, sais ainda não haviam sido encontrados em Marte.
Entre
os sais que a Phoenix detectou estava o perclorato de cálcio, uma mistura de
cálcio, cloro e oxigênio, que se encontra em lugares áridos como o Deserto do
Atacama, no Chile. Anos mais tarde, o robô Curiosity encontrou o mesmo material em outro lugar de
Marte, em uma região tropical.
Agora os cientistas acreditam que este e outros sais
estão espalhados em toda a superfície do planeta.
Produzindo Água Líquida em
Marte
[Imagem: Joseph Xu]
Erik Fischer ajusta a Câmara Atmosférica de Marte,
usando
nitrogênio líquido para resfriá-la.
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O que a equipe de Rennó fez agora foi recriar em
laboratório as condições locais de aterragem da Phoenix, utilizando cilindros
metálicos, com 60 centímetros de altura e 1,5 metro de comprimento.
As temperaturas nas câmaras variam de -120 a -20º C, como
no fim da primavera e início do verão em Marte. A umidade relativa do ar
variou, mas durante a maioria dos experimentos, foi ajustada em 100%.
Foram testados dois cenários: perclorato isoladamente e
perclorato sobre água congelada.
Nos experimentos somente com perclorato, foram colocadas
camadas com uma espessura de um milímetro de sal, em um prato com a temperatura
equivalente à do solo de Marte. Mesmo depois de três horas, não se formou água
líquida, mostrando que a deliquescência não estava ocorrendo e é provável que
não seja um processo significativo em Marte.
Contudo, quando os pesquisadores colocaram perclorato de
cálcio ou solo salgado diretamente na camada de gelo, de 3 milímetros de
espessura, as gotas de água líquida formaram-se em poucos minutos, assim que as
câmaras alcançaram -73º C.
Esta simulação representou bem as condições observadas no
local de aterragem da Phoenix.
"O que é mais emocionante para mim é saber que agora
posso compreender como as gotas de água se formaram na perna da espaçonave,"
disse Nilton Rennó, referindo-se a gotículas flagradas nas pernas da sonda
Phoenix, da NASA.
Ele acredita que o impacto do pouso da sonda no solo
marciano expôs o gelo, derreteu-o e formou aquela salmoura que espirrou na
perna da nave, que aterrissou na região polar norte. Os sais permitiram que as
gotas permanecessem líquidas. Rennó diz que sua existência e estabilidade
mostraram aos cientistas um ciclo, que não necessariamente precisa da ajuda de
uma espaçonave terrestre, podendo ocorrer por outros processos.
Ciclo Marciano da Água
Os resultados sugerem que pequenas quantidades de água
líquida podem existir em uma grande área da superfície de Marte e em uma
subsuperfície rasa, das regiões polares até regiões com latitudes médias,
durante várias horas do dia na primavera e no início do verão.
Tal ciclo poderia formar correntes de água, diz Rennó,
que fluem, congelam, descongelam e fluem de novo - a água pode se formar
somente abaixo da superfície.
Rennó afirma que a água não precisa necessariamente ficar
líquida indefinidamente para que possa suportar a vida microbiana no presente
ou no passado.
"Marte é o planeta do nosso sistema solar mais
semelhante à Terra. Estudos sugerem que Marte era ainda mais parecido com a
Terra no passado, com água fluindo em sua superfície. Ao estudar a formação de
água líquida em Marte, podemos saber mais sobre as possibilidades de vida fora
da Terra e procurar recursos para missões futuras," acrescentou Erik
Fischer, principal autor do trabalho.
Bibliografia:
Experimental
evidence for the formation of liquid saline water on Mars
Erik
Fischer, Germán M. Martínez, Harvey M. Elliott, Nilton O. Rennó
Geophysical
Research Letters
Vol.:
41, Issue 13, pages 4456-4462
DOI:
10.1002/2014GL060302
Fonte: Site Inovação Tecnológica - http://www.inovacaotecnologica.com.br/
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