Por Que a Sétima Economia do Mundo Ainda é Retardatária na Corrida Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo publicada ontem (10/08)
site do Jornal Folha e São Paulo e postado hoje (11/08) no site da Força Aérea
Brasileira (FAB), destacando por que a Sétima Economia do Mundo ainda é retardatária
na Corrida Espacial.
Duda Falcão
Por Que a Sétima Economia do Mundo
Ainda é Retardatária
na Corrida Espacial
MAURÍCIO
TUFFANI
Jornal Folha de São Paulo
10/08/2014
RESUMO Atraso na produção de sistema eletrônico
adia mais uma vez a operação do foguete lançador de satélites VLS-1. Onze anos
após acidente que matou 21 em Alcântara, problemas como escassez de recursos,
ausência de um comando unificado e pouca integração com a indústria mantêm o
Brasil nanico no setor.
Ainda não É
desta vez que o Brasil fará seu primeiro lançamento ao espaço. Onze anos após o
acidente que matou 21 técnicos em Alcântara, no Maranhão, o foguete VLS-1
(Veículo Lançador de Satélites) não decolará mais neste ano, conforme
programado, nem tem novo prazo previsto.
A empresa MECTRON,
do grupo Odebrecht, contratada em dezembro de 2010 por R$ 21,5 milhões pela
Aeronáutica para produzir o sistema de eletrônica do lançador, não concluiu o
trabalho. O prazo de entrega inicial, que era agosto de 2012, já havia sido
adiado para dezembro deste ano.
Com isso já são
25 anos desde a primeira data marcada para a estreia, em 1989, desse lançador
de pouco menos de 20 metros de altura, um metro de diâmetro, cerca de 50 toneladas,
projetado para levar uma carga de 380 kg a uma órbita de 700 km de altitude.
A causa para
todo esse retardamento não tem sido apenas a aplicação insuficiente de recursos
financeiros, mas também a ausência de um comando unificado, a falta de uma gestão
com foco em resultados e o baixo grau de integração com a indústria.
O espírito
burocrático dessa empreitada brasileira esteve presente já na sua certidão de
nascimento, em agosto de 1961, ao final da visita ao Brasil do soviético Iuri
Gagarin, que naquele ano se tornara o primeiro homem a ter chegado ao espaço.
Sem definir prazo, um decreto do presidente Jânio Quadros criou um grupo de
trabalho, que, por sua vez, tinha a finalidade de criar uma comissão para
tratar das atividades espaciais do país. Desde
então, o programa espacial nacional só produziu cinco satélites -dois deles em
parceria com a China- e um microssatélite, e nenhum foi colocado em órbita pelo
Brasil, cujo único lançador é o VLS-1.
Enquanto isso, a
Índia, que entrou na exploração do espaço em 1963, já realizou 41 lançamentos
de seus três modelos de foguetes a partir de 1975 e produziu 74 satélites de
diversos tipos de aplicações. Fora isso, o país asiático mandou ao espaço 45
satélites estrangeiros, colocou duas sondas na órbita da Lua e enviou outra a
Marte.
A diferença
entre os países começa nos investimentos em programas espaciais. A Índia
destina mais de US$ 1 bilhão por ano.
De 1980 a 2011,
o Brasil gastou, somadas todas as ações do PNAE (Programa Nacional de
Atividades Espaciais), um total de R$ 6,15 bilhões (cerca de US$ 2,7 bilhões),
segundo resposta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação a requerimento
do deputado Claudio Cajado (DEM-BA).
VALE?
Em uma análise
de julho de 2012, o consultor legislativo Fernando Carlos Wanderley Rocha, da
Câmara dos Deputados, afirmou: "Só em infraestrutura, em apenas quatro
anos o Brasil poderá gastar com a Copa do Mundo pelo menos 5,4 vezes mais do
que o PNAE gastou em 32 anos". A questão não seria, portanto, a falta de
dinheiro, mas se vale a pena investir os recursos disponíveis em lançadores,
satélites, pessoal especializado e a infraestrutura necessária.
A resposta a
essa questão exige considerar que as atividades espaciais deixaram de ser
empreendimentos motivados apenas pela ciência e tecnologia e por razões
geopolíticas e militares.
Tanto para os
EUA e para a Rússia, que deixaram para trás o foco no pioneirismo de fincar
bandeiras fora da Terra, como para outros países, a corrida espacial passou a
buscar resultados num mercado que em 2013 movimentou US$ 314 bilhões, com um
crescimento de 4% em relação ao ano anterior, segundo a instituição
norte-americana Space Foundation.
Desenvolvidos
cada vez mais por empresas privadas, os produtos e serviços espaciais
extrapolaram as atividades de defesa e pesquisa científica, gerando novas
oportunidades comerciais em observação da terra, sistemas de posicionamento
global (GPS), telecomunicações -especialmente para telefonia e TV digital- e
meteorologia, entre outras áreas.
Integrada à
indústria aeronáutica sob a denominação "aeroespacial", a exploração
espacial integra esse novo setor da economia, no qual o total de 36,8 mil
patentes internacionais em 2012 cresceu para 49,6 mil no ano seguinte. Esse
aumento de 30% em inovação foi maior que o das áreas de informática,
farmacêutica e cosméticos, segundo relatório do grupo de pesquisas Thomson
Reuters divulgado em 30 de junho.
De 2004 a 2013
foram colocados em órbita ao todo 1.236 satélites e sondas por meio de 670
lançadores, segundo o relatório "Space Competitiveness Index 2014".
Nesse mesmo período, o PNAE produziu apenas dois satélites, ambos em parceria
com a China, e não realizou mais nenhuma tentativa de lançamento com o VLS-1.
Enquanto outros
países fizeram investimentos significativos e constantes em busca de maior
competitividade na área espacial, o Brasil enfrentou a defasagem entre os
valores planejados e os desembolsados. Sem falar no atraso e na descontinuidade
dos repasses financeiros. Essas restrições também limitaram o número de testes do
VLS-1.
Nas primeiras
décadas da corrida espacial, as falhas em testes de protótipos de foguetes nem
sempre se tornavam notícia, principalmente na antiga União Soviética e na
China. Enquanto nos programas estrangeiros as falhas foram superadas por resultados
positivos alcançados com investimentos em testes de lançadores, o Brasil tem
apenas a lembrança das tentativas de 1997 e de 1999 e do terrível acidente de
2003 no Maranhão.
Os dois únicos
protótipos do VLS-1 lançados até hoje foram detonados pela equipe de controle
após a constatação de panes em 1997 e em 1999. As tentativas permitiram obter
importantes resultados de qualificação de componentes e de validação de
procedimentos. Cada protótipo desses custava na época entre US$ 6 milhões e US$
7 milhões.
O efeito
cumulativo dessas restrições foi enfatizado em 2007 no relatório da comissão
externa criada pela Câmara dos Deputados para apurar o incêndio na torre em
Alcântara em 2003, com 21 vítimas fatais. Segundo a investigação, a causa da
ignição inesperada de um dos propulsores do VLS-1 três dias antes da data
prevista para seu lançamento pode ter sido uma descarga eletrostática ou uma
falha no sistema elétrico.
DEGRADAÇÃO
O acidente
escancarou também graves deficiências organizacionais do programa, a começar
pela falta de gerenciamento de riscos. "A longa convivência do projeto com
a escassez de recursos humanos e materiais pode ter conduzido a uma dificuldade
crescente em perceber a degradação das condições de trabalho e da
segurança", destacou o relatório da comissão da Câmara.
"Por que
havia 23 pessoas lá e o que cada um estava fazendo? Nada acontece do dia para a
noite, há uma sequência de eventos que levaram a isso", afirmou, em
entrevista em 2003 ao "Jornal do Engenheiro", o engenheiro húngaro
naturalizado brasileiro Jayme Boscov, que gerenciou o programa do VLS-1 do seu
início, em 1980, a 1992.
Essas
precariedades gerenciais não resultavam apenas da falta de recursos, mas também
de uma deficiência organizacional maior e nada nova. O estabelecimento da CNAE
(Comissão Nacional de Atividades Espaciais) só ocorreu dois anos depois do
decreto de Jânio Quadros. Foram precisos mais dois anos para que começassem a
ser testados pequenos foguetes para sondagem científica da atmosfera e
desenvolvimento de lançadores de satélites e de mísseis, no Centro de
Lançamento da Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte.
Em 1969, quando
a Apollo-11 chegou à superfície da Lua com dois astronautas dos EUA, o governo
da primeira-ministra Indira Gandhi criou a ISRO (Organização Indiana de
Pesquisa Espacial), com objetivos e metas já definidos para a década seguinte.
No Brasil, em outubro daquele ano, ainda sem programa espacial estruturado, os
três ministros da Junta Militar que governava o país criaram por decreto o IAE
(Instituto de Aeronáutica e Espaço), em São José dos Campos (SP), para executar
projetos aeroespaciais da FAB (Força Aérea Brasileira).
CONTRAMÃO
Em 1971 a CNAE
foi extinta para dar lugar, fora da Aeronáutica, ao INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais). Para tentar coordenar as duas vertentes, o governo criou
no mesmo ano a COBAE (Comissão Brasileira de Atividades Espaciais), ligada ao
Estado-Maior das Forças Armadas. Com isso, o comando passou a ser militar, na
contramão do que já acontecia em outros países, como destaca Ludmila Deute
Ribeiro, consultora em política espacial. "Naquela época, mantendo a
participação militar, os principais programas espaciais estrangeiros já estavam
adotando o modelo de direção civil e avançavam na transferência, para a
iniciativa privada, da produção de lançadores e satélites, completando o ciclo
da pesquisa, produção e inovação", observa a pesquisadora.
Em abril de
1975, a Índia colocou em órbita um de seus primeiros satélites por meio de
foguetes estrangeiros. "Enquanto isso, no Brasil, as ações do INPE e do
IAE eram estruturadas isoladamente e de baixo para cima, sem partir de um
núcleo estruturador", afirma o engenheiro químico Darly Pinto Montenegro,
que em 2002 se aposentou do cargo de coordenador de Relações Institucionais do
IAE. A COBAE patinava, "atravessada" pelos dois institutos, que não
se reportavam a ela, mas aos seus órgãos hierarquicamente superiores. Foi
necessário a comissão organizar um seminário em 1977, no Rio, com os dois
institutos para tomar conhecimento dos projetos e outras ações de ambos,
explica Montenegro, com base em entrevistas que realizou para sua dissertação
de mestrado de 1997 na Fundação Getúlio Vargas do Rio.
Como resultado
do seminário, surgiu o PNAE, tendo entre suas propostas colocar em órbita um
satélite brasileiro com um lançador do próprio país, a MECB (Missão Espacial
Completa Brasileira).
Em 1979, ainda
sem o endosso do governo para a MECB, já haviam se passado dois anos sem
avanços. Enquanto isso, em agosto daquele ano, a Índia inaugurava seu lançador
SLV-3, com sucesso parcial devido à falha que não permitiu colocar em órbita o
satélite que levava. Em novembro, a COBAE realizou outro seminário, em São José
dos Campos, do qual extraiu dos gestores do INPE e do IAE a proposta de, em
1989, colocar em órbita o SCD-1 (Satélite de Coleta de Dados) com o VLS-1.
Em 9 de abril de
1980, o general João Baptista Figueiredo, então presidente da República, deu aval
ao empreendimento e à previsão de 20,85 bilhões de cruzeiros (R$ 3,22 bilhões
em valores atualizados), "condicionada a disponibilidade a recursos
orçamentários a partir de 1981". Foi o suficiente para a MECB ter início,
mas sem garantia de recursos suficientes.
EMBARGO
Além de sofrer
com limitação de recursos, o PNAE passou a enfrentar dificuldades também na
importação de componentes e na cooperação internacional. Criado em 1987 por
Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, o MTCR
(Regime de Controle da Tecnologia de Mísseis, na sigla em inglês) estabeleceu
embargos visando a não proliferação de foguetes capazes de transportar armas
químicas e bacteriológicas, as chamadas armas de destruição em massa.
O alvo, na
verdade, eram países não alinhados em sua política externa com esse bloco, como
o Brasil, que, além disso, mantinha um programa espacial com um anacrônico
comando militar.
Não bastassem as
restrições do MTCR ao Brasil, o VLS-1 tem uma característica que fortaleceu as suspeitas
de fins militares do PNAE: o uso de combustível sólido. Quase todos os novos
projetos de lançadores já haviam aderido à propulsão líquida, que tem a dupla
vantagem de liberar mais energia de impulsionamento e de usar câmaras de
combustão mais leves -ou seja, de aumentar a força do foguete e também diminuir
seu peso-, além de poder ser interrompida, reativada e também controlada.
Por outro lado,
uma das poucas vantagens dos propelentes sólidos é não vazar, permitindo longos
períodos de armazenamento, o que é importante para mísseis, que precisam ser
acionados em poucos segundos após a decisão de dispará-los.
Em outras
palavras, além de reforçar as motivações políticas do MTCR, essa opção aumentou
também as suspeitas de o VLS-1 ser um lançador de satélite adaptável para
servir como míssil balístico.
VÁCUO
A COBAE manteve
sua fragilidade organizacional mesmo após a definição de objetivos e metas do
PNAE. Longe de ser um núcleo estruturador, a comissão era apenas uma instância
da burocracia militar do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), sem
profissionais especializados. Segundo o engenheiro eletrônico Aydano Carleial,
que foi gerente do programa do satélite no INPE, ela não tinha capacidade
técnica nem visão estratégica para administrar os complexos projetos que
estavam sendo desenvolvidos.
"A COBAE
era apenas um comando militar com uma dificuldade muito grande para compreender
até mesmo aspectos básicos dos programas que gerenciava. Esse vácuo de
informação foi muito prejudicial na época", diz Carleial.
Passados oito
anos desde o início do PNAE, seu desgoverno se tornou evidente para a Cobae no
final de 1987. Enquanto o INPE estava prestes a concluir o satélite SCD-1, o
próprio IAE, da Aeronáutica, estava longe de concluir o primeiro protótipo do
VLS-1.
Isso ficou claro
em uma conversa informal em Brasília entre o engenheiro aeronáutico e
brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, na época diretor-geral do CTA (Centro Técnico
Aeroespacial), e o tenente-brigadeiro Paulo Roberto Camarinha, então
ministro-chefe do EMFA e presidente da COBAE. Piva propôs a redução do tamanho
e do peso do SCD-1. A resposta de Camarinha foi revelada em uma reportagem da
Folha de 29 de janeiro de 1989: "Ah, isso não, Piva. Se for pra fazer um
satélite menor, é melhor botar logo uma cabeça de negro [explosivo de festa
junina] ou um buscapé na ogiva desse foguete de vocês, e soltar".
O diretor-geral
do INPE na época era o matemático Marco Antonio Raupp, que viria a se tornar
ministro da Ciência e Tecnologia e Inovação (2012-14). Já informados
extraoficialmente de que o primeiro VLS-1 não ficaria pronto em 1989 e talvez
nem no ano seguinte, ele e Carleial pesquisavam custos de lançadores
estrangeiros para o satélite. Em maio de 1988, ao saber disso, Camarinha
declarou à Folha: "O seu Raupp e o seu Carleial não têm nada de querer
comprar foguete lançador nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar. Eles
estão sabotando o programa espacial brasileiro. Pode escrever isso no seu
jornal".
Em abril de
1989, com Raupp e Carleial já exonerados, o INPE empurrou para o ano seguinte a
conclusão do SCD-1, dando tempo ao programa do VLS-1. Essa espera nunca foi
oficialmente assumida e foi inútil, pois o satélite acabou sendo lançado em
dezembro de 1993 pelos EUA, na base aérea de Vandenberg, num foguete Pegasus.
AGÊNCIA
A direção do
PNAE deixou de ser militar em 1994, no governo Itamar Franco, com a criação da
AEB (Agência Espacial Brasileira), vinculada diretamente à Presidência da
República. Diferentemente da COBAE, o órgão nasceu com equipe especializada.
"Mas nunca conseguiu negociar recursos suficientes para executar programas
nem obteve resultados significativos para ampliar a participação da
indústria", diz Carleial.
Em 2003, a
agência foi transferida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Ministério
da Ciência e Tecnologia. Mesmo antes dessa queda de status governamental, o
órgão não conseguiu eliminar a duplicidade gerencial que já existia desde 1971.
Em 2010, o Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos
Deputados, após debates realizados sobre o PNAE, concluiu em seu relatório que
esse duplo comando permanecia, e com atuações isoladas do IAE e do INPE.
"Embora tenham sedes situadas lado a lado em São José dos Campos, entre as
duas principais unidades executoras do programa espacial brasileiro, as
distâncias programáticas e filosóficas são significativas", afirmou o
documento.
RESPOSTAS
Em resposta à
pergunta da reportagem sobre a razão de o PNAE ainda manter combustível sólido
para seu primeiro lançador, o IAE respondeu apenas que a propulsão líquida será
adotada nos novos modelos da família VLS, a serem desenvolvidos em projetos de
parceria com a Rússia.
A reportagem
solicitou entrevista a Raupp sobre supostas tentativas suas, desde que se
tornou ministro em 2012, de fazer a AEB voltar a ser diretamente ligada à
Presidência da República. Ex-presidente da agência (2011-12) e da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (2007-11), ele não atendeu à reportagem
afirmando ainda estar sob a quarentena de sua saída em março do MCTI.
A AEB não
respondeu às perguntas sobre a duplicidade de comando civil e militar do PNAE.
Sobre as restrições orçamentárias e financeiras, a agência afirmou por escrito
que o programa "é apenas um instrumento de planejamento decenal, no qual
são destacadas as orientações e diretrizes estratégicas de ação", e que o
governo busca "atender múltiplas necessidades e prioridades, entre elas,
pagamento de pessoal, dívidas, investimentos em infraestrutura e projetos de
desenvolvimento social e econômico".
A MECTRON não
atendeu às solicitações de entrevista alegando estar sob sigilo contratual. A
reportagem apurou, no entanto, que uma das principais dificuldades da empresa
para importar peças foi a recusa de fornecimento por parte de outros países.
Apesar de ter concedido entrevista, o IAE respondeu somente por escrito que não
houve alteração do custo contratado para a fabricação do sistema de eletrônica
do VLS-1 e que a demora se deve a "dificuldades técnicas, relacionadas à
complexidade do objeto, uma vez que se trata de equipamentos não disponíveis no
país".
PRIORIDADES
O Brasil precisa
rever suas prioridades espaciais, afirmaram participantes de debates sobre o
tema nos últimos anos. Além da Câmara dos Deputados, em 2010, conclusões
semelhantes a essa também foram apontadas por especialistas em fóruns
promovidos pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 2011, e
pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, em 2012. Essa é também
a opinião de Carleial, aposentado do INPE desde 1997 e hoje consultor independente
e presidente da Associação Aeroespacial Brasileira.
Um bom sinal do
começo da libertação do PNAE do peso de sua tradição burocrática, segundo
Ludmila Deute Ribeiro, foi o lançamento, em 19 de junho, na Rússia, do
NanoSatC-Br1, o primeiro minissatélite brasileiro.
A saída efetiva
desse passado dependerá também da maior participação da iniciativa privada,
que, de acordo com a pesquisadora, pode oxigenar o programa espacial
brasileiro, sufocado pelas regras da administração pública, incompatíveis com o
dinamismo necessário ao desenvolvimento tecnológico. "O governo federal,
com as instituições militares, foi o berço do programa espacial brasileiro, mas
nenhum programa deve viver eternamente no berço."
Fonte:
Jornal Folha de São Paulo via NOTIMP do site
da Força Aérea Brasileira (FAB) - http://www.fab.mil.br
Comentário: Pois é, creio que basicamente não precisa acrescentar mais
nada e aproveito para agradecer aos leitores Eduardo, Bernardino Coelho da Silva, Marcos Ricardo e ao Dr.
Waldemar Castro Leite pelo envio desse artigo.
Esse artigo é um belo atestado de incompetência do IAE.
ResponderExcluirQual o equipamento não entregue pela Mectron? Alguém sabe?
ResponderExcluirOlá Eduardo!
ExcluirRespondendo a sua pergunta, trata-se do sistema de eletrônica do lançador, as chamadas "redes elétricas" creio eu, tá ok?
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Realmente, esse é um dos melhores artigos da chamada "imprensa especializada", que já li sobre o nosso PEB, que atualmente está na UTI em coma induzida.
ResponderExcluirO artigo tece comparações muito pertinentes com o programa espacial da Índia, um país que em vários aspectos sociais está muito pior que o Brasil, mas já em relação ao programa espacial, está anos luz à frente.
E o pior é saber que são poucas as chances de mudança, pois os que estão dentro do nosso programa, tanto civis quanto militares, parecem estar bastante satisfeitos com esse engodo, que continua jogando os poucos recursos oriundos dos nossos impostos na vala comum da malversação de verbas.
Muito triste, mas a pura realidade.
Depois dessa eu perdi completamente a fé de um dia poder ver o lançamento de um foguete brasileiro. Também em um país onde impera a corrupção, a falta de comprometimento, de antipatriotismo (só existe no Brasil o patriotismo futebolístico), não podiamos esperar nada diferente. Num país que vive antenado em novelas, que houve funk, que não tem valores, dificilmente um projeto ligado a alta tecnologia sairá do papel. Todos só querem saber de reclamar, sem ao menos entender sobre o que estão reclamando. Só para citar como as coisas são vai um evento que vivi a poucos dias: certo dia comentava com o meu chefe, Mestre Cervejeiro formado na Alemanha Ocidental (que tanto falava da organização, do empenho, da técnica alemã), que o Brasil para realmente mudar teria que haver uma revolução profunda, inclusive com uma guerra civil. Ouvi do mesmo que não queria nenhum míssil caindo na cabeça dele e que era melhor deixar os políticos roubando mesmo.
ResponderExcluirCaro Anônimo que usou em seu comentário as palavras: "zero pra si mesmo", além de ter optado pela anonimidade o seu comentário foi por demais agressivo e assim foi censurado.
ResponderExcluirDuda Falcão
(Blog Brazilian Space)