Projeto Brasileiro Almeja Colocar Um Nanossatélite na Órbita da Lua em 2020
Olá leitor!
Segue abaixo mais uma interessante matéria sobre a fantástica
Missão Garatéa-L, esta postada na edição
de dezembro do ”Jornal do SindCT“. Confira!
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
MISSÃO DE ASTROBIOLOGIA
Projeto Brasileiro Almeja Colocar Um
Nanossatélite na Órbita
da Lua em 2020
Garatéa-L tem objetivo de estudar o comportamento de
microorganismos e
células humanas no ambiente hostil do espaço profundo.
“Nossa ambição é
grande”, diz Lucas Fonseca, diretor do projeto
Alexandre Bezerra
e Antonio Biondi
Jornal do SindCT
Edição nº 53
Dezembro de 2016
Sonda Garatéa II, lançada à estratosfera em 19/12/16
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Colocar um satélite na órbita da Lua para realizar experimentos
de observação do comportamento de microorganismos e células humanas no ambiente
hostil do espaço profundo. É este o projeto Garatéa-L, que reúne
cientistas de instituições de ponta do Brasil e pretende lançar em 2020 um nanossatélite,
com cerca de 7,2 kg, para observar a reação de tecidos humanos e
microorganismos que vivem em condições extremas na Terra — como as bactérias
que habitam o interior de vulcões ou as profundezas dos oceanos — no ambiente
espacial, com alta radiação solar e variações bruscas de temperatura e pressão.
“Vamos testar os limites da vida em ambiente hostil e a
nossa ambição é grande, porque nenhum país da América Latina ou do Hemisfério
Sul já realizou uma missão fora da órbita terrestre”, revela Lucas Fonseca, gerente
espacial da empresa privada Airvantis e diretor do Garatéa-L. Engenheiro
espacial, ele trabalhou na Agência Espacial Europeia e colaborou com a épica missão
Rosetta, aquela que em 2014 realizou um inédito pouso suave em um
cometa.
“Esse experimento de astrobiologia na Lua tem um
ineditismo mundial e pode ajudar a responder perguntas sobre como a vida pode
ter começado no universo; ou se a vida pode ter migrado e chegado na Terra de
outro lugar; e, futuramente, pensarmos em viagens tripuladas interplanetárias, a
partir de dados sobre como a vida pode suportar as condições extremas no
espaço”, acrescenta. O nome da missão vem do tupi-guarani: “garatéa” significa
“busca-vida”; o “L” foi inserido para indicar que se trata de uma missão lunar.
O projeto multidisciplinar conta com pesquisadores do
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), da USP de São Carlos, do Instituto Mauá de Tecnologia, dos
Institutos de Química e de Oceanografia da USP, do Laboratório Nacional de Luz
Síncroton (LNLS) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Trata-se de uma missão de colaboração internacional, com
a participação de duas empresas britânicas, além das agências espaciais
Europeia (ESA) e do Reino Unido. O nanossatélite brasileiro será um de quatro
experimentos que estarão na nave-mãe inglesa Pathfinder, que será
lançada pelo foguete indiano PSLV-C11 da base de Sriharikota, na Índia. A
viagem de 384 mil quilômetros deve durar cerca de uma semana, quando, então, o Garatéa-L
será expelido da nave inglesa e ficará em sua própria órbita da Lua.
Todos os dados coletados pelo nanossatélite brasileiro
serão transferidos para a Pathfinder, que enviará as informações à
Terra, havendo a possibilidade de acessá-las de qualquer computador conectado
na Internet. São seis meses de contrato entre a equipe brasileira e os ingleses
da Goonhilly, empresa privada especializada na comunicação de missões espaciais
do espaço profundo, para receber os dados coletados pelo nanossatélite. Passado
esse período, os brasileiros poderão pagar por um pacote extra para ter acesso
à comunicação por mais tempo.
Ações Educativas
O Garatéa-L não retornará à Terra e sua vida útil
é estimada em dois anos após a chegada à Lua. A órbita escolhida para o
nanossatélite fará com que ele decaia gradativamente até que se choque com o
solo lunar e se despedace, não tendo mais utilidade.
Um dos objetivos centrais da missão de astrobiologia é
difundir o interesse pela ciência entre estudantes. Para isso, estão sendo
realizadas ações educativas junto a escolas e universidades, como os dois testes
com balão estratosférico carregando experimentos de avaliação do potencial de sobrevivência
de células e biomoléculas em condições extremas, acompanhados por estudantes.
O custo estimado do Garatéa-L é de R$ 35 milhões, valor
baixo em comparação a missões espaciais com satélites convencionais. Os planos
de financiamento estão em fase de conclusão: espera-se que dois terços do
montante venham da iniciativa privada e um terço seja de recursos públicos. A estratégia
de arrecadação inclui a venda de publicidade e dos direitos de uso do nome e da
imagem da missão e o licenciamento da tecnologia que está sendo desenvolvida.
“Uma missão lunar com uma tecnologia de aplicação de
exploração do espaço profundo, com o apoio da iniciativa privada e que tenha
viés comercial e garanta o retorno do investimento, é só um primeiro passo para
uma derivação de muitas outras atividades futuras”, prevê Fonseca. “O sucesso da
Garatéa-L pode, sim, trazer uma nova perspectiva de realização de
ciência no Brasil”, assegura.
Em 19 de dezembro, o Grupo Zenith, equipe de estudantes
da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, que realiza trabalhos
extracurriculares de engenharia aeroespacial, deu um passo importante rumo à
concretização da primeira missão brasileira à Lua. Eles lançaram um balão
estratosférico com colônias de microrganismos e moléculas a 30 Km de altitude. A
essa distância do chão, a pressão atmosférica é um centésimo da encontrada ao
nível do mar e a camada de ozônio é quase inexistente — condições semelhantes
às encontradas na superfície de Marte. A sonda acoplada ao balão foi batizada
de Garatéa II por ser o segundo voo a levar experimentos à estratosfera
terrestre. “Trata-se de um marco importante no cronograma para o voo lunar, pois
a cada um desses experimentos precursores aprendemos mais, e isso aumenta a
nossa convicção do sucesso em 2020”, diz Fonseca.
Lucas Fonseca. |
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 53ª – Dezembro de 2016
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