Brasil Assume de Vez Negociação Espacial Com Americanos
Olá leitor!
Segue abaixo
outra interessante matéria postada hoje (23/01) no site do jornal “O Globo”
tendo como destaque a negociação em curso do Brasil com os EUA para o uso
comercial da Base de Alcântara pelo TIO SAM.
Duda Falcão
BRASIL
Brasil Assume de
Vez Negociação
Espacial Com Americanos
Planalto já
prepara minuta de proposta para que EUA usem
Centro de
Lançamento de Alcântara
Por Eliane
Oliveira, Gabriela Valente
e Roberto
Maltchik
23/01/2017 - 4:30
Atualizado 23/01/2017
- 9:56
Divulgação/IAE/DCTA
Três décadas de atraso VLS-1, no Centro de Lançamento de
Alcântara.
Missão começou em 1979, porém ainda não houve lançamento bem
sucedido Divulgação Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)/DCTA.
|
BRASÍLIA - Após
o fracasso na parceria com os ucranianos para o uso comercial do Centro de
Lançamento de Alcântara, no Maranhão, que causou prejuízo de pelo menos meio
bilhão de reais ao Brasil, o Palácio do Planalto está pronto para negociar o
uso da base com os Estados Unidos. A ideia é oferecer aos americanos acesso ao
centro de lançamento, cobiçado por sua localização rente à Linha do Equador,
que diminui o gasto de propelente em cada empreitada especial, para, em troca,
utilizar equipamentos fabricados pelos potenciais parceiros.
O uso dos
modernos sistemas espaciais dos Estados Unidos, jamais obtidos pela indústria
nacional, porém, não significará transferência tecnológica ao setor privado
brasileiro. Pelo contrário: para que a negociação avance, o Brasil terá que
aprovar uma lei que indique de forma técnica e pormenorizada a proteção que
será dada a todo componente tecnológico manipulado em solo brasileiro. O mesmo
texto precisa ser avalizado pelo Congresso americano. Se parte das exigências
dos EUA forem alteradas pelos parlamentares do Brasil, e as mesmas forem
consideradas insatisfatórias pelos congressistas americanos, não tem negócio.
O tema sempre
esbarra na proteção à soberania nacional, uma vez que setores do Centro de
Lançamento de Alcântara poderiam ficar inacessíveis aos técnicos brasileiros
justamente pela proteção à propriedade intelectual do país parceiro. Foi esta a
argumentação, que provoca polêmica entre diferentes setores dentro e fora do
governo, que impediu o avanço da primeira tentativa de acordo, costurada ainda
no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
PROPOSTA ANTERIOR
EMPERROU
À época, a
proposta não avançou no Congresso Nacional. Os parlamentares consideravam o
acordo desequilibrado e conflitante com as leis brasileiras. A maior crítica é
que o governo dos EUA manteria controle sobre áreas segregadas em território
brasileiro.
Agora, o país
deve apresentar uma nova versão de Acordo de Salvaguardas Tecnológica ao
Parlamento. O Ministério das Relações Exteriores avalia junto aos ministérios
da Defesa. Ciência e Tecnologia e Agência Espacial Brasileira os termos que
podem ser oferecidos aos americanos. A ideia é ser pragmático e propor um
acordo que permita acelerar um acordo definitivo.
MANDEL NGAN /
AFP
Donald Trump durante coletiva na CIA. |
José Serra,
ministro das Relações Exteriores, confirmou que oferecerá aos americanos um
acordo. Segundo ele, esta é uma das primeiras providências nas relações com o
novo presidente americano, Donald Trump.
— Vamos tomar a
iniciativa de propor a reabertura de negociação em torno de vários acordos e
tratados que não se concretizaram. Um deles se refere à base de Alcântara. O
assunto foi muito debatido no passado e, agora, vamos tentar uma parceria —
revelou José Serra.
O primeiro passo
para que o diálogo avance foi dado com uma medida prática: o Planalto obteve
vitória no Congresso para retirar da Casa o texto rejeitado há quase 15 anos.
Como os Estados Unidos sempre foram resistentes à ideia de uma negociação que
flexibilize o acesso de brasileiros aos locais sensíveis à proteção
tecnológica, os diplomatas daqui devem entregar uma proposta sem tantas
exigências. Assim, acreditam, o dispositivo de segurança nacional tem maior
chance de não ser derrubado pelos parlamentares americanos.
Em dezembro, o
plenário da Câmara de Deputados aprovou o fim da tramitação do texto antigo. Já
neste mês, os ministério das Relações Exteriores e da Defesa começaram a
elaboração de um novo acordo.
Em 2004, logo
depois do incêndio nunca totalmente esclarecido que matou 21 técnicos e
engenheiros que trabalhavam no lançamento do Veículo Lançador de Satélites
(VLS) brasileiro, e, em 2012, quando o acordo com os ucranianos já dava os primeiros
sinais de fracasso, o Brasil tentou retomar o acordo com os americanos. O
Itamaraty fez as tratativas em absoluto sigilo, mas, em julho de 2013,
entretanto, esse início de negociação foi suspenso.
As conversas
estariam estavam avançadas, mas naufragaram por causa da redução no ritmo do
diálogo bilateral entre o governo Dilma Rousseff e os americanos, depois da
revelação que o serviço de inteligência dos Estados Unidos espionou o governo
brasileiro.
— Há disposição
para buscar soluções alternativas. A assunção de novo governo nos EUA poderia
representar oportunidade para uma reavaliação do cenário, buscando-se ambiente
de flexibilidade de lado a lado, em que novos entendimentos possam prosperar —
contou um técnico do governo a par do assunto.
Sem citar nomes,
José Serra criticou o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
optou por um acordo com a Ucrânia, para o lançamento de satélites da base de
Alcântara, que ainda enfrenta obstáculos domésticos. O principal deles é a
resistência das comunidades locais à expansão do centro de lançamento, hoje
dentro do perímetro da base militar. O acordo com a Ucrânia foi rompido e ainda
deixou um problema para o Brasil: como houve denúncia unilateral do tratado, ou
seja, o Brasil optou sozinho por não prosseguir na empreitada com o país
europeu, a Ucrânia pode — e já ameaçou fazer — exigir ressarcimento pelos
prejuízos causados pela parceria mal sucedida.
Fonte: Site do
Jornal o Globo - http://oglobo.globo.com
Comentário: Como disse em meu comentário anterior, temo
muito pelo que possa acontecer com esta iniciativa devido às pessoas envolvidas,
pois tá em jogo aqui o futuro do Programa Espacial Brasileiro. Isto é, se resta
realmente ainda algum futuro para o PEB. E principalmente por está à frente nas
negociações um nacionalista extremo e extremamente esperto como
o Donald Trump. Aliando a isso a moral discutível e a incompetência deslavada desses
vermes que nos representam, é bem provável que estejamos caminhando para um
total e completo desastre, o xeque-mate nas nossas aspirações de se tornar uma potencia
espacial. Entretanto, como o leitor Sr. Heisenberg disse com sapiência em seu comentário na matéria
anterior, um acordo deste tipo com os americanos não é só necessário como
desejável para o CLA, desde que seja elaborado por gente competente, comprometida e séria
da Comunidade Espacial Brasileira, mas leitor é ai que esta o problema. Afinal, dificilmente
essa comunidade será convidada para participar da elaboração desse acordo, já
que não há seriedade e comprometimento em nenhum desses energúmenos, os interesses deles nesta história leitor são outros. Entretanto vale lembrar que só quem
morre de véspera é PERU, e, portanto, vamos aguardar os acontecimentos e rezar, rezar muito, pois as perspectivas não são nada boas.
A base está ai pra ser usada, já que o PEB ta praticamente morto essa é um boa oportunidade pra fechar importantes acordos. Esses mesmos que vem com o discurso anti-imperialista, anti USA, são os mesmos que sepultaram o PEB. EUA está a décadas a frente do Brasil na tecnologia espacial, afinal, qual seria o outro interesse deles alem de usar a base?
ResponderExcluirParticularmente, vejo com bons olhos esses acordos e acredito sinceramente que pode ser muito benéfico para ambos os participantes. Programas espaciais desenvolvidos sem uma necessidade urgente e iminente de emprego militar (a exemplo US, URSS, Israel, India...) são excelentes nucleadores de cooperação e estreitamento diplomático, além de serem muito mais economicos quando executados em parceria, como a exemplo a ESA. O fato de o Brasil estar se abrindo a negociações com um potencial parceiro, que de fato tem muito a oferecer em diversas esferas (comercial, tecnologica, politica etc) é um fato muito positivo sem dúvidas. A questão é que em paises de maior tradição espacial esse tipo de acordo é costurado por políticos e técnicos, mas amplamente apoiados e respaldados pelos pesquisadores do setor, inclusive com pessoal graduado em negociação estratégica como matriz. Tenho certeza que caso o governo monte uma boa comissão para essa negocição, o pais pode se beneficiar muito dessa cooperação, inclusive o PEB, com talvez algum "relaxamento" do ITAR para nós. No entanto, se não ouver uma boa acessoria, um acordo dessa natureza poderia até inviabilizar num horizonte de médio alcance a continuação do PEB, assim como ocorreu com outros paises. Acredito que caso essas discussões avancem sem essa comissão a altura, a comunidade espacial brasileira deveria se mobilizar fortemente.
ResponderExcluirEstudem a radiação dentro de capsulas de chumbo...isso será uma nova energia.
ExcluirTrabalhar na educação ainda é o melhor caminho.
ResponderExcluirÉ hora da comunidade científica se manifestar exigindo participação na discussão desse acordo. No primeiro não houve. A SBPC foi convidada para avaliar o acordo depois do acordo assinado, faltando a ratificação do congresso. Espero que isso não se repita
ResponderExcluirOlá Sr. Heisenberg!
ExcluirEu já diria que há décadas uma manifestação efetiva da Comunidade Cientifica se faz necessária e nunca houve de fato. Hoje estou convencido de que a maioria na realidade não esta nem ai, eles só querem bater o ponto. Não tenho esperança nenhuma Sr. Heisenberg que uma manifestação como essa venha ocorrer, e certamente esse acordo caminha para mais um desastre, que pode ser o definitivo para o nosso Patinho Feio.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Acredito que a discussão aqui está somente em especulações, necessitamos ser mais diretos: vamos lá, qual o ganho real ao PEB e ao Brasil fechar essa parceria com os EUA?
ResponderExcluirOla Brehme!
ExcluirDe fato, esta tudo no campo da especulação, já que não foi divulgado ainda o teor da proposta brasileira. Entretanto, vale lembrar Brehme de que o histórico e a índole dessa gente, trabalham fortemente contra a crença de que possa realmente sair algo de positivo desta iniciativa. Só nos resta aguardar os acontecimentos e torcer.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Segue o link para relembrar nosso relacionamento com os EUA, palestra no CTA https://www.youtube.com/watch?v=GURWeWJsyR8
ResponderExcluirVendo esse vídeo só consigo imaginar alguém que finalmente veste suas próprias calças, e acha isso ruim, porque quando pedia para os outros ninguém fazia. Patriotismo cego é isso mesmo.
ExcluirSó em "contos de fada" que os EUA ou qualquer país iria ajudar o Brasil a se erguer como potência espacial. Pergunta para tecnologistas no INPE quando foi que conseguiram transferência de tecnologia nessas parcerias realizadas!
ExcluirOs caras gastam anos e bilhões pra desenvolver uma tecnologia militar, muito importante do ponto de vista estratégico, e o Brasil acha que é só simplesmente ir la e comprar e pronto. Brasil não se desenvolve tecnologicamente por causa disso, o governo acha que é so ir lá e comprar, pra que gastar com desenvolvimento? Cai tudo do céu. Na década de 60 mandaram o homem pra Lua e nem conseguimos lançar um foguete de combustível sólido e ainda ficam fazendo cena por causa de uma base fantasma que só ta ai pra comer dinheiro público. O negócio é ficar brincando de foguetinho lançando os FTB que é mais importante.
ExcluirEntão blz, deixem os EUA implantarem uma base aqui no Brasil, agora me pergunto, como vamos fiscalizar as açoes americanas nessa base sendo que é tudo altamente secreto, nosso governo vai poder ter acesso a essa base, não seria perigoso uma base que pode ter equipamento militar de outra nação e solo brasileiro, não seria uma burrice estratégica, em troca de que, apenas para estreitar relações com uma nação cujo presidente já declarou que não apoia o livre comercio e que irá colocar restrições aos produtos estrangeiros?
ExcluirO acordo é importante, porém ninguém aqui sabe os termos e é cedo para afirmar qualquer coisa.
ExcluirJá que a base não é utilizada, deixa os EUA usarem e terem uma base no Brasil onde nem a Polícia Federal ou Exército poderão ter acesso, me espanta o patriotismo do brasileiro.
ResponderExcluirPatriotismo brasileiro? Nosso patriotismo se resume a Copa do Mundo.
ExcluirUma coisa é certa os EUA só fecham esse acordo se ele for do tipo "caracu", eles entram de cara e o Brasil com o...acho que se não valer muito a pena,com acordo inteligente,ai é melhor deixar a base para usar o que temos e o que criarmos e pronto.
ResponderExcluirAgora percebo :)
ResponderExcluirO Serra não tem hipoteses contra o Trump. E ainda por cima ele fez troça do Trump no Roda Viva. Estamos numa posição dificil.
Achei interessante o comentário do leitor, a respeito de um possível "relaxamento" do ITAR, caso fosse feito um acordo com os Estadunidenses. E claro (como mencionou o mesmo leitor) se um acordo mal feito fosse implementado, poderíamos colocar a pá de cal no nosso PEB, como ocorreu com a Argentina (Que agora retomou seu programa espacial).Mas é muito difícil confiar no Tio Sam, pois como sabemos pelo Wikileaks eles proibiram a Ucrânia de transferir tecnologia de lançadores ao Brasil. Talvez, pelo último motivo citado, o PEB não avança.
ResponderExcluirNo acordo diz quanto teremos que pagar para utilizar a base quando for necessário?
ResponderExcluira China nunca alugou bases de lançamento aos Estadunidenses , os Russos também jamais, se existisse Nacionalismo entre todos os Brasileiros, estaríamos no mesmo nível da China
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