Sucessão no INPE Opõe Sindicato a Comitê
Olá leitor!
Segue abaixo uma
matéria do postada ontem (24/03) no site do jornal “Folha de São Paulo” destacando que a sucessão no Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) põe em lados opostos o sindicato e o governo.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Sucessão no INPE Opõe Sindicato a Comitê
Reinaldo José
Lopes
Folha de SP
24 de março de
2016
O processo de
escolha de um novo diretor para o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) está colocando em campos opostos o sindicato de funcionários do
órgão e o governo federal. Para o grupo sindical, o comitê formado para avaliar
os candidatos a diretor não age de forma transparente e tem conflitos de
interesse por suas ligações com o setor privado.
"No mínimo,
falta ao comitê a isenção necessária para conduzir esse processo", diz
Gino Genaro, especialista em controle térmico de satélites e secretário de
comunicação do sindicato dos funcionários do INPE e do DCTA (Departamento de
Ciência e Tecnologia Aeroespacial).
Lucas Lacas Ruiz
– 21.dez.2015/A13/Folhapress
O atual diretor do órgão, Leonel Perondi, que deve
deixar
o cargo em maio deste ano.
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O INPE é hoje o
principal órgão de pesquisa e tecnologia espacial do Brasil. Com sede em São
José dos Campos (SP), o instituto é responsável por dados de previsão do tempo
em todo o país, pelo monitoramento do desmate e das queimadas na Amazônia e
pelo desenvolvimento de satélites, entre outras funções (veja quadro). Seu
diretor tem mandato de quatro anos –o atual chefe do órgão, Leonel Perondi,
deve deixar o cargo em maio.
Para chegar ao
nome do novo diretor, o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação)
instituiu, no fim de janeiro, um comitê de busca presidido pelo matemático
Marco Antonio Raupp, ex-ministro da Ciência e ex-diretor do Inpe, que hoje
coordena o Parque Tecnológico de São José dos Campos.
Também integram
o comitê a presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência), Helena Nader, o físico Rogerio Cezar de Cerqueira Leite, pesquisador
da Unicamp e membro do Conselho Editorial da Folha, Luiz Bevilacqua, engenheiro
da UFRJ, e Reginaldo dos Santos, da Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space.
Genaro e seus
colegas criticam a falta de um representante direto da comunidade do INPE no
comitê. Afirmam também que os membros do grupo teriam a intenção de escolher um
diretor favorável à transformação do instituto numa OS (Organização Social),
entidade sem fins lucrativos, mas gerida de forma privada em parceria com o
governo. Segundo o sindicalista, esse seria há tempos o desejo de Raupp, o que
o chefe do comitê nega (leia ao lado).
"A
legislação brasileira diz que a administração por meio de uma OS não deve
ocorrer em áreas estratégicas para o país", argumenta Genaro. "Claro
que há uma certa subjetividade em se definir o que é estratégico. Mas, no caso
do Inpe, lidamos com as imagens do desmatamento da Amazônia ou com os
inventários de emissões de carbono [ligadas ao aquecimento global] que são
passadas para a ONU, o que certamente se encaixa na categoria. Além disso, é
uma área em que é importante o funcionário ter autonomia para não seguir ordens
de seus superiores em determinadas circunstâncias, o que é impraticável no
regime privado."
Para o
sindicalista, a proximidade entre Raupp e as empresas de base tecnológica de
São José dos Campos, por causa do papel dele como diretor do parque tecnológico
da cidade, também impediriam que ele fosse suficientemente objetivo ao conduzir
a busca por um novo diretor.
Genaro critica
ainda o fato de as inscrições dos candidatos terem sido prorrogadas do dia 4 de
março para o dia 24 deste mês. "Nós já havíamos identificado ao menos
cinco candidatos inscritos até o dia 4. Para que eles precisam de mais?
Provavelmente para achar gente mais afinada à visão deles."
Os candidatos ao
cargo de diretor farão uma apresentação a respeito de suas propostas para o
INPE (sem debate posterior) e serão entrevistados pelo comitê de busca. Depois
disso, será elaborada a lista tríplice, a partir da qual será feita a nomeação
do novo dirigente pelo MCTI.
MÁ-FÉ
O grupo sindical
age e argumenta por "ignorância ou má-fé", declarou Marco Antonio
Raupp à Folha. "Todos os membros do comitê têm longa história de dedicação
ao serviço público, não há interesse privado algum. Além disso, são todas
pessoas que conhecem muito bem os objetivos do programa espacial brasileiro, é
absurdo dizer que são gente de fora, que não conhece o INPE."
Raupp nega que
seja favorável a transformar o instituto numa OS. "Nunca defendi isso, não
defendo até hoje." No entanto, argumenta que intensificar a interação com
a iniciativa privada pode ser salutar para o órgão. "Mesmo em países nos
quais o Estado é proprietário dos meios de produção, como a China, as missões
espaciais são executadas por empresas que têm contrato com o governo."
Um antigo alto
funcionário do INPE, que não quis se identificar, lembra que o JPL (Laboratório
de Propulsão a Jato da Nasa), entre outros órgãos, são geridos por entidades
privadas, apesar de lidarem com tecnologias sensíveis.
Para esse
pesquisador, há uma grande dificuldade do INPE para cumprir seus objetivos por
causa da maior rigidez do modelo público. "Institutos que têm que cumprir
missões precisam de agilidade para contratar e reduzir o quadro quando
necessário."
O físico Rogerio
Cezar de Cerqueira Leite diz que "todo pesquisador consciente sabe que
algumas instituições brasileiras estão maduras para uma transformação para
OS".
"Entretanto,
esse é um processo prolongado e que exige sensibilidade e convicção da
comunidade interna. Não creio que qualquer um dos membros do comitê pense em
uma transformação precipitada sem um prolongado estudo das consequências."
O QUE É O
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS
Fundação: 1971,
durante o regime militar
Instalações:
situadas por todo o país, embora a sede fique em São José dos Campos (SP)
Responsabilidades:
> Monitorar o
desmatamento da Amazônia e da mata atlântica via satélite
> Previsão do
tempo e de mudanças climáticas
> Observações
astronômicas
> Projetos de
satélites nacionais e em parceria com outros países
A ESCOLHA
O MCTI
(Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) montou um comitê de busca
composto por:
Marco Antonio
Raupp, diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos e ex-ministro da
Ciência
Rogerio
Cerqueira Leite, físico da Unicamp
Luiz Bevilacqua,
engenheiro da UFRJ
Helena Nader,
presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência)
Reginaldo dos
Santos, da Empresa Binacional Alcântara Cyclone Space
Os candidatos se
inscrevem até o fim desta semana. A partir daí, o comitê forma uma lista
tríplice que é encaminhada para o MCTI. O ministro, então, escolhe o novo
diretor, cujo mandato dura quatro anos
Membros do
sindicato de funcionários do Inpe estão questionando a escolha do comitê de
busca
Eles apontam que
não há um representante do Inpe no comitê e que há conflitos de interesse
envolvendo os membros do grupo, já que eles defenderam que parte das funções do
órgão sejam transferidas para a iniciativa privada.
Fonte: Site do Jornal
Folha de São Paulo - 24/03/2016
Comentário: Leitor o que mais me chamou a atenção nesta história toda foi a participação do Sr. Reginaldo dos Santos (diretor da parte brasileira da mal engenhada empresa Alcântara Cyclone Space - ACS) neste comitê. Bom, o que este senhor tem haver com esta história? Esta empresa não está em processo de liquidação? Leitor, isto está me cheirando a golpe. Tem algo de muito errado nesta história. Esses vermes estão aprontando alguma. Começo a duvidar se a ACS está realmente em processo de liquidação ou de stand-by, na espera de um melhor momento político. Vem mais merda por ai.
Duda o Brig. Reginaldo é ex-reitor do ITA e ex-diretor do CTA. Ele também tinha assento no conselho superior da AEB e participou da elaboração do acordo de salvaguardas com os EUA sobre Alcântara.
ResponderExcluirOu seja, ele tem muito a ver com o PEB, mas se sua participação será positiva ou negativa, só o tempo dirá.
Já sobre a transformação do INPE em OS é curioso que o sindicato seja visceralmente contra mas não tem outra proposta de solução a não ser mais do mesmo...
Olá Sr. Heisenberg!
ExcluirEu já sabia disto, mas ele está neste comitê como representante da ACS, uma empresa que deveria supostamente está em liquidação. Há algo de muito estranho nesta história e tendo ciência de quem está por trás disto, tudo é possível, especialmente neste Território de Piratas.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)