Um Satélite Brasileiro
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria publicada na edição de janeiro de 2016 da “Revista Pesquisa FAPESP” tendo como destaque o
desenvolvimento do Satélite Amazônia-1, uma novela de mais de trinta anos.
Duda Falcão
TECNOLOGIA
Um Satélite Brasileiro
Amazônia 1 desenvolvido no país vai monitorar recursos
naturais e ajudar no combate ao desmatamento
YURI VASCONCELOS
Revista Pesquisa FAPESP
ED. 239 | JANEIRO 2016
© LÉO RAMOS
Protótipo do Amazônia 1 serviu para demonstrar que os
componentes
são mantidos dentro dos limites das temperaturas extremas do espaço.
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Se tudo correr como planejado, o Brasil deverá lançar em
2018 o primeiro satélite nacional de médio porte inteiramente projetado e
construído no país. Batizado de Amazônia 1 (sem acento), o artefato foi desenvolvido
nos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e terá
como missão monitorar os recursos naturais do país. Trata-se de um satélite de
observação da Terra, o primeiro feito a partir da plataforma multimissão (PMM),
uma estrutura genérica criada pelo Inpe para a fabricação de satélites na
classe de 500 quilos. O Amazônia 1 será lançado em uma órbita de 750
quilômetros e passará sobre o Brasil a cada cinco dias. Dotado de uma câmera
capaz de fazer imagens de uma faixa de 850 quilômetros de largura, o satélite
vai auxiliar no controle do desmatamento da floresta amazônica, na previsão de
safras agrícolas, no monitoramento de zonas costeiras e no gerenciamento de
recursos hidrográficos. “O Amazônia 1 é o primeiro satélite de alta complexidade
projetado, montado e testado no país”, diz o pesquisador Adenilson Roberto da
Silva, responsável no Inpe pela área de satélites baseados na PMM. “Com ele,
como vários outros países, vamos dominar o ciclo completo de desenvolvimento de
satélites estabilizados em três eixos.” Artefatos com essa característica podem
alterar em órbita a sua posição e orientação em relação à Terra, o que permite
focalizar melhor os pontos escolhidos. Já foram gastos R$ 183 milhões no
desenvolvimento do satélite e serão necessários aproximadamente mais R$ 50
milhões para a sua conclusão, totalizando R$ 233 milhões. Esse valor está
relacionado não apenas ao custo do satélite mas também ao desenvolvimento dos
sistemas e equipamentos. “Um segundo satélite custará algo próximo à metade
desse valor”, diz Adenilson. “Estou otimista que, a partir desse satélite, nós
possamos não só atender a demanda do país como exportar, de forma semelhante à
indústria aeronáutica brasileira”, diz Leonel Perondi, diretor do INPE. O Amazônia
1 integra o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) sob a
responsabilidade da Agência Espacial Brasileira (AEB).
Em dezembro, o INPE concluiu com êxito os testes térmicos
do satélite, uma etapa importante do desenvolvimento quando são simuladas as condições
que ele enfrentará em órbita. “No espaço, o satélite será submetido à radiação
espacial e a temperaturas extremas. As partes mais expostas enfrentarão
temperaturas de cerca de -80ºC no período noturno e +80ºC nas horas
iluminadas”, destaca Adenilson.
Antes dessa bateria de testes, feita no Laboratório de
Integração e Testes (LIT) do INPE, em São José dos Campos (SP), o Amazônia 1 já
havia sido submetido com sucesso a outros ensaios. No fim de 2013, um modelo
estrutural – espécie de réplica do próprio satélite – foi submetido a ensaios
mecânicos que simularam as condições de vibração e acústica que ele irá
experimentar durante o lançamento. Pouco depois, nos primeiros meses de 2014,
foram qualificados os propulsores a serem empregados no artefato. Desenvolvidos
pela empresa brasileira FIBRAFORTE, também de São José dos Campos, os seis
propulsores que equiparão o satélite são essenciais para a realização de
manobras no espaço, necessárias para a aquisição e a manutenção da órbita.
© LÉO RAMOS
Amazônia 1 é o primeiro satélite produzido dentro da
plataforma multimissão projetada no INPE.
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“Com a qualificação do modelo térmico, já estão em
andamento as atividades de uma nova etapa: a integração e testes do modelo
elétrico, quando iremos verificar a compatibilidade elétrica e testar as
interfaces entre todos os subsistemas e equipamentos. Esses ensaios devem ocorrer
em 2016”, explica Adenilson. Também estão previstos para este ano os testes de
compatibilidade eletromagnética para demonstrar que todos os subsistemas do
satélite estão funcionando perfeitamente, sem gerar interferências indevidas.
“Se tudo correr bem, partimos para a integração e testes do modelo de voo,
programados para acontecer em 2017. Essa é a última etapa antes da conclusão do
satélite”, conta Adenilson. O INPE ainda não definiu quando e qual foguete fará
o lançamento do satélite, mas a escolha deverá recair sobre os lançadores hoje
disponíveis no mercado internacional, porque o país ainda não tem um foguete
para esse fim. O satélite foi qualificado para ser compatível com uma família
de lançadores, tais como o ucraniano DNEPR, o norte-americano Minotaur-C e o
europeu Vega, entre outros.
Classificado como um satélite para sensoriamento remoto
de órbita polar baixa, o Amazônia 1 vai orbitar o planeta passando pelos dois
polos, vindo do Norte em direção ao Sul, e sobrevoando o Brasil durante o dia.
Ele cruzará a linha do Equador sempre às 10h30. Orbitando a uma velocidade de
7,5 quilômetros por segundo, ele levará 100 minutos para circundar a Terra. Um
aspecto importante do satélite é o sobrevoo sobre o mesmo ponto em terra a cada
cinco dias, período chamado de revisita. Para efeito de comparação, a revisita
do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), série de satélites
feita em conjunto com a China, acontece a cada 26 dias. “O sobrevoo rápido do Amazônia
1 aumenta a probabilidade de sua câmera captar imagens úteis”, explica
Adenilson. O Amazônia 1 terá uma câmera com resolução de imagem de 60 metros
(m) por 60 m, enquanto o Cbers-4 tem várias câmeras sendo que a de maior
resolução tem 5 m por 5 m.
O Amazônia 1 deverá voar 25 anos depois do lançamento do
primeiro satélite totalmente feito no Brasil, o Satélite de Coleta de Dados 1
(SCD-1), em 1993. Cinco anos depois, em 1998, outro satélite dessa mesma
família, o SCD-2, foi colocado em órbita. Esses artefatos, ainda em atividade,
recebem informações ambientais transmitidas por plataformas de coleta de dados
instaladas em locais remotos do território nacional e as enviam para estações
terrenas do Inpe em Cuiabá, em Mato Grosso, e em Alcântara, no Maranhão. Os
dados coletados (temperatura, pressão, umidade, pluviometria etc.) são usados
para diversas aplicações, tais como previsão de tempo, estudos relacionados a
correntes oceânicas e marés e planejamento agrícola, entre outros.
As diferenças entre os dois satélites são grandes. O
segundo pesava apenas 115 quilos, cerca de um quinto dos pouco mais de 500
quilos do Amazônia 1. O sistema de estabilização dos artefatos também é outro.
Os satélites da família SCD são estabilizados no espaço por rotação e se comportam
em órbita como se fossem um pião, girando em torno do próprio eixo. “O único
controle que temos é sobre sua velocidade de rotação. Ele fica sempre apontado
para o mesmo ponto no espaço e seria impossível reposicioná-lo para monitorar
um desastre ambiental com mais detalhes”, explica Adenilson. Já o Amazônia 1,
como é estabilizado em três eixos, pode ter sua câmera apontada para qualquer
lugar em busca da imagem desejada. Os dois satélites também diferem no controle
da órbita. Como não possui um subsistema de propulsão, o SCD se aproxima da
Terra algumas dezenas de metros a cada ano, enquanto o Amazônia 1 se valerá dos
propulsores desenvolvidos pela FIBRAFORTE para se manter em órbita durante toda
a sua vida útil, de quatro anos.
© LÉO RAMOS
Antena do satélite que será lançado em 2018.
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Parceiros Nacionais
A nacionalização dos diversos componentes que constituem
o Amazônia 1 é uma característica relevante do projeto. A câmera WFI (sigla
para Wide Field Imager ou Imageador de Amplo Campo de Visada), responsável por
fazer as imagens do território brasileiro, foi feita por um consórcio formado
pelas empresas Equatorial Sistemas, de São José dos Campos, e Opto Eletrônica,
de São Carlos, no interior de São Paulo. As objetivas do imageador foram
desenvolvidas pelas duas empresas, enquanto a eletrônica de processamento de
sinais, a montagem, a integração e os testes do subsistema foram qualificados
pela Equatorial. Essa mesma câmera, com poucas diferenças, está instalada no
Cbers-4.
A Equatorial também ficou responsável pelo
desenvolvimento do gravador digital de dados (DDR, na sigla em inglês) do
satélite e coube à Omnisys, de São Bernardo do Campo (SP), a fabricação do
terminal de processamento remoto (RTU), que faz a interface entre a câmera WFI
e o computador de bordo, do transmissor de dados em banda X, que vai enviar as
imagens feitas para o controle em terra, além da antena desse transmissor. Já o
conversor de voltagem foi encomendado à AEL Sistemas, de Porto Alegre (RS). Os
painéis solares, que geram energia para funcionamento do satélite, foram
produzidos pela Orbital.
O instituto se encarregou do desenvolvimento e da
finalização de vários subsistemas, entre eles o de controle térmico, o de
provimento de energia, incluindo os painéis solares, e o de telemetria e
telecomando de serviços – esses dois últimos também tiveram participação da
empresa MECTRON, de São José dos Campos. A estrutura do satélite ficou a cargo
da CENIC Engenharia, também de São José dos Campos, enquanto o subsistema de
controle de atitude e tratamento de dados foi desenvolvido por meio de um
acordo de transferência de tecnologia com a empresa argentina INVAP. “Uma vez
completado o ciclo de desenvolvimento do Amazônia 1, teremos o domínio de toda
a cadeia de fabricação de um satélite desse porte, o que vai nos permitir
partir para projetos maiores e voltados para outras aplicações”, diz Adenilson.
“Geramos competência nas empresas para que possam estar capacitadas para
projetar e fabricar sistemas espaciais no Brasil”, conclui Perondi.
Para Pierre Kaufmann, professor da Escola de Engenharia
da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, e coordenador do Centro
de Rádio-Astronomia e Astrofísica Mackenzie, a construção do Amazônia 1 é um
empreendimento justificável, embora não signifique um salto tecnológico em
termos globais, porque outros países detêm o conhecimento sobre a fabricação de
artefatos desse porte e complexidade. “O Amazônia 1 não representa uma inovação
competitiva internacionalmente, mas tem sua importância para nós. Como o setor
espacial é estratégico, é relevante para o país ter autonomia tecnológica”, diz
ele. Até hoje, destaca Kaufmann, o Brasil tem se valido de satélites de
sensoriamento remoto comprados do exterior ou desenvolvidos com parceiros, como
é o caso do CBERS. Para o professor José Leonardo Ferreira, do Instituto de
Física da Universidade de Brasília (UnB), ex-pesquisador do Inpe e ex-consultor
da Agência Espacial Brasileira (AEB), o Amazônia 1 representa mais um passo em
direção à independência tecnológica no setor espacial. “É importante sabermos
desenvolver sistemas espaciais e ter total autonomia no uso e nas aplicações.”
Projeto
Desenvolvimento e qualificação de propulsor
monopropelente de 5N para satélite (nº 2003/07755-5); Modalidade Pesquisa
Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) (PIPE); Pesquisador responsável Humberto
Pontes Cardoso (FIBRAFORTE); Investimento R$ 399.026,25.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP - Edição 239 - Janeiro de
2016
Comentário: Leitor a verdade é que não há mais como
acreditar em qualquer prazo divulgado na mídia sobre este satélite ou qualquer outro
projeto do PEB enquanto perdurar a cultura política do populismo nos bastidores
de Brasília e nos institutos e órgãos do nosso Programa Espacial. Seja no
desgoverno do PT, seja em qualquer outro desgoverno de qualquer legenda de
merda que exista neste Território de Piratas. Casei de avisar em meus
comentários aos institutos do PEB e a seus órgãos gestores de que jogar na mídia
irresponsavelmente 'prazos ao vento' sem estabelecer responsabilidades, um dia
cobraria o seu custo, e hoje esta aí, a total falta de credibilidade do
programa perante a Sociedade Brasileira. Programa este fruto de visionários que um dia sonharam em
transformar este território de merda numa nação de verdade, mas que foi
transformado por esses vermes sangue sugas em motivo de chacota nas redes
sociais de todas as espécies neste país, transformando o trabalho de
profissionais sérios e competentes em piadas de salão. Desculpe-me a franqueza Sr.
Leonel Perondi, mas o senhor terá ainda que me provar de que é tão serio e
responsável quanto falam do senhor por ai. Por enquanto sua imagem perante a mim não é das melhores. Outra coisa Sr. Perondi, nem a EQUATORIAL Sistemas, nem a AEL Sistemas e nem a OMNISYS, são empresas brasileiras e, toda vez que isto for dito na mídia pelo senhor ou por qualquer outra pessoa, serei obrigado a desmentir esta informação, pois não posso permitir que uma mentira deslavada acabe se tornado uma verdade concreta devido a sua constante divulgação na mídia. Se depender de mim, isto não vai acontecer. Vale esclarecer para você leitor de que segundo o meu conhecimento as únicas empresas citadas nesta matéria que são genuinamente brasileiras (e não subsidiarias de grupos estrangeiros) são a CENIC Engenharia, a FIBRAFORTE, a MECTRON, a OPTO Eletrônica e a ORBITAL Engenharia e, mesmo esta, temo que esteja para ser vendida aos chineses.
Eu espero que esse Satélite seja Lançado na data prevista e que tenha Sucesso seu Lançamento e seu Funcionamento seja duradouro e com 100% de Êxito, Avante BRASIL, o Futuro ti Espera.
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