UNESP Integra Equipe Que Verificou Existência do Bóson de Higgs
Olá leitor!
Segue abaixo uma noticia postada dia (10/10) no site da
“Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)” destacando que
essa universidade integrou a equipe que verificou a existência do Bóson de
Higgs.
Duda Falcão
Notícias
UNESP Integra Equipe Que Verificou
Existência do Bóson de
Higgs
Englert e Higgs recebem Nobel de Física por seus
trabalhos teóricos
Assessoria de Comunicação e Imprensa
10/10/2013
Fabrice Coffrini/AFP
Físicos François Englert e Peter Higgs e coletiva de imprensa na Organização Européia de Pesquisa Nuclear (CERN), perto de Genebra, em 4 de junho de 2012. |
O Prêmio Nobel de Física de 2013 foi concedido dia
8/10 ao belga François Englert e ao britânico Peter Higgs por seus trabalhos teóricos
sobre como as partículas adquirem massa, propostos separadamente em 1964.
A Academia
Real de Ciências da Suécia, que confere o prêmio, afirmou que escolheu os
físicos pela "descoberta teórica de um mecanismo que contribui para nossa
compreensão da origem da massa de partículas subatômicas, que recentemente foi
confirmado por meio da descoberta da partícula fundamental prevista pelos
experimentos Atlas e CMS (Compact Muon Solenoid ou Solenóide Compacto de Múons)
no Grande Colisor de Hádrons (LHC) do CERN (Organização Europeia de Pesquisas
Nucleares)", situado na Suíça.
“O prêmio
vem reconhecer o esforço de quase meio século de grande parte da comunidade dos
físicos de altas energias, teóricos e experimentais, em busca de um modelo
consistente para descrever as interações subatômicas”, afirma Sérgio Novaes,
professor do Instituto de Física Teórica (IFT), Câmpus de São Paulo, da UNESP,
membro da Colaboração CMS e coordenador do projeto SPRACE, sigla inglesa para
Centro de Pesquisa e Análise de São Paulo.
De acordo
com Novaes, apesar da proposta do mecanismo de geração de massa dos bósons
intermediários feita por Brout, Englert, Higgs, Kibble, Guralnik e Hagen em
1964 ter sido recebida com ceticismo na época, ela acabou se impondo com o
sucesso do Modelo Padrão, que fazia uso desses conceitos, e com a incapacidade
de se criar um mecanismo alternativo.
Novaes
lembra que, após uma longa jornada, que envolveu a construção de vários
aceleradores de partículas, foi com grande entusiasmo que vimos a descoberta do
bóson de Higgs ser anunciada em 4 de julho de 2012 pelos experimentos Atlas e
CMS do Large Hadron Collider.
“É com
grande orgulho que podemos dizer que a UNESP acompanhou de perto essa conquista
como parte da Colaboração CMS do CERN, que ajudou a verificar a existência do
bóson de Higgs e justificou a concessão do Nobel de Física de 2013”, conclui.
Partícula de
Deus
A referida
partícula ficou conhecida como o "bóson de Higgs" ou, ainda,
"partícula de Deus". "A teoria premiada é uma parte central do
Modelo Padrão das partículas físicas que descreve como o mundo é
construído", disse a academia em comunicado. "De acordo com o Modelo
Padrão, tudo, de flores e pessoas a estrelas e planetas, consiste de apenas
alguns blocos de construção: partículas de matéria."
Como os
resultados do CERN, apresentados desde julho de 2012, com posteriores
confirmações neste ano, foram considerados uma das maiores notícias da física
nas últimas décadas, o Nobel para Englert e Higgs já era amplamente esperado.
Em julho de
2012, cientistas participantes do CERN (sigla em inglês para Organização
Europeia para a Pesquisa Nuclear) anunciaram em Genebra a descoberta de uma
nova partícula. A massa de cerca de 125 GeV (sigla para a medida de energia de
Gigaeletron-volt) encontrada apresenta grande possibilidade de ser o bóson de
Higgs (partícula fundamental responsável pela massa das partículas
elementares), apelidado informalmente de "partícula de Deus".
"Apesar
dos eventos sugerirem que estejamos diante do bóson de Higgs, a confirmação de
que se trata realmente da partícula predita pelo Modelo Padrão requer mais
medidas comparativas", comentou, na ocasião, Sérgio Novaes. "As
intensidades do acoplamento do Higgs com as diferentes partículas (como os
fótons) são previstas pelos modelos matemáticos e esse seria o teste
definitivo. No entanto, isso ainda poderá levar um certo tempo já que requer
que mais dados sejam coletados."
A descoberta
foi considerada pelo físico Eduardo Gregores, professor da Universidade Federal
do ABC e membro do SPRACE, a mais importante da Física de Altas Energias nos
últimos 45 anos.
Os
resultados obtidos nos aceleradores de partículas do LHC (Large Hadron Collider
ou Grande Colisor de Hádrons) do CERN, o Atlas (A Toroidal LHC ApparatuS ou
Dispositivo Instrumental Toroidal para o LHC) e o CMS são consistentes com o
que seria esperado nos cálculos matemáticos para os valores de massa do bóson
de Higgs do Modelo Padrão. No entanto, mais dados ainda são necessários para
estabelecer se essa nova partícula tem todas as propriedades do bóson de Higgs.
O anúncio
foi feito da sede do CERN, em Genebra, na fronteira franco-suíça, e transmitido
pela internet. No Brasil, pesquisadores e jornalistas acompanharam o evento em
tempo real no laboratório computacional do SPRACE, no IFT, numa promoção
conjunta com a Assessoria de Comunicação e Imprensa da Reitoria da UNESP.
"Hoje
em dia uma nova descoberta nessa área só é aceito pelas publicações
científicas, e consequentemente pela comunidade científica, caso ele tenha uma
chance de um em quase dois milhões de ocorrer por acaso. Em outras palavras,
ele tem que ter 99,999943% de chance de ser verdadeiro. Hoje, chegou-se a este
patamar: a chance de que o excesso observado em nossos dados seja devido a
flutuações estatística - e não a um novo fenômeno - é de menos de 1 em um
milhão e setecentos mil." afirmou Gregores.
Método
Para se
encontrar as partículas elementares, dois prótons, elementos formadores dos
núcleos dos átomos junto aos nêutrons, são acelerados com um alto nível de
energia e se chocam. Nessa colisão, podem ser formadas partículas pesadas (com
alto nível de energia). Esse conjunto de elementos formados constitui um
evento.
A nova
partícula encontrada está localizada em eventos com massa de cerca de 125 GeV.
Em Física de Altas Energias, para se determinar uma descoberta, os eventos
devem superar 5 vezes o desvio padrão, ou seja, medida de quão inesperado um
conjunto de dados é se a hipótese for verdadeira. Com isso, a probabilidade dos
eventos flutuarem por acaso por esse valor é de uma em dois milhões. Segundo
Novaes, os dados obtidos acerca dessa nova partícula atinge essa exigência, com
mais de 95% de confiança.
Os dados de
CMS também descartam a existência do bóson de Higgs predito pelo Modelo Padrão
nas faixas de 110 a 122,5 GeV e de 127 a 600 GeV com um nível de confiança de
95%. Massas inferiores já haviam sido excluídas por outros experimentos do CERN
no mesmo nível de confiança. O LHC continua a fornecer novos dados a uma alta velocidade.
Até o final de 2012, o CMS espera mais do que triplicar a quantidade de dados
acumulados até hoje. "Estes dados permitirão ao CMS elucidar a natureza
desta partícula recém-observada", explica Novaes.
Sobre o
Mecanismo de Higgs
O mecanismo
de Higgs foi proposto independentemente por vários cientistas nos meados da
década de 1960 como uma forma consistente de se construir uma teoria contendo
partículas com massa. Posteriormente, em 1967, foi incorporado por Weinberg em
uma teoria descrevendo as interações fracas e eletromagnéticas, o hoje chamado
de Modelo Padrão.
Desde então,
vem-se buscando descobrir a partícula remanescente desse mecanismo, o bóson de
Higgs. Apesar do sucesso do Modelo Padrão na descrição de fenômenos e na
descrição de outras partículas, o bóson de Higgs, ingrediente fundamental do
modelo, não havia ainda se manifestado nos dados experimentais dos mais
diversos aceleradores que participaram dessa busca nos últimos 45 anos.
SPRACE
O SPRACE
teve participação ativa no experimento DZero do FERMILAB, nos Estados Unidos,
que operou até setembro de 2011 no FERMILAB, e vem desenvolvendo pesquisas
junto à Colaboração CMS do CERN, com a qual já publicou mais de 130 trabalhos
científicos.
O cluster,
conjunto de computadores, do SPRACE faz parte do Worldwide Computing Grid do
LHC (WLCG) e, através de recursos concedidos pela FAPESP, acaba de agregar mais
64 nós de processamento e aumentar sua capacidade de armazenamento para 1
Petabyte. "O apoio da FAPESP, por meio do nosso projeto temático, tem sido
decisivo para nossas atividades de análise de dados do LHC", afirma
Novaes.
Fonte: Site da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (UNESP)
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