Número de Planetas Extrassolares Ultrapassa Marca de 1 Mil
Olá leitor!
Segue abaixo uma
interessante matéria postada ontem (22/10) no site do jornal “O Estado de
São Paulo” destacando que o número de planetas extrassolares já ultrapassa a marca
de 1 mil.
Duda Falcão
ASTROBIOLOGIA,
ASTRONOMIA
Número de Planetas Extrassolares
Ultrapassa Marca de 1 Mil
Herton Escobar
O Estado de S. Paulo
22 de outubro de
2013 - 21:57:10
Atualizado às 6h do dia 23/10/2013
Crédito: NASA/Tim Pyle
Ilustração do sistema planetário Kepler 11, com seis planetas. |
A busca do homem por planetas extraterrestres
e pela possibilidade de haver vida fora da Terra atingiu hoje um marco
simbólico, porém histórico. O número de planetas descobertos fora do sistema
solar ultrapassou a marca de 1 mil, chegando a 1.010 na Enciclopédia de
Planetas Extrassolares, um dos principais catálogos de referência nessa área de
pesquisa.
A lista é atualizada quase que diariamente
pelo pesquisador Jean Schneider, do Observatório de Paris, à medida que novas
descobertas são anunciadas – algo que já se tornou rotina nesses últimos 21
anos, desde a detecção dos primeiros exoplanetas (como também são chamados), em
1992.
A marca foi ultrapassada ontem com a inclusão
da descoberta de 11 novos planetas pelo projeto WASP (Wise Angle Search for
Planets), na Europa. Outros catálogos ainda não chegaram a 1 mil, mas estão
todos próximos dessa marca (acima de 900). O Arquivo de Exoplanetas da NASA,
por exemplo, contabilizava até ontem 919 planetas, ao redor de 709 estrelas.
As variações devem-se a diferentes critérios
para inclusão de novos planetas nas listas. O arquivo da NASA, por exemplo, só
inclui descobertas publicadas ou já aceitas para publicação em revistas
científicas, enquanto que a enciclopédia de Schneider aceita anúncios
pré-publicação, desde que feitos por grupos com respaldo científico
reconhecido. “A NASA é um pouco mais rígida nesse sentido. Mas todos os
planetas acabam entrando nos dois catálogos; é só o tempo de inclusão que é
diferente”, avalia o professor Sylvio Ferraz Mello, do Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo. “O
número, na verdade, já passou de 1 mil faz tempo, pois há muitos planetas já
descobertos que ainda não foram anunciados”, completa ele.
Seja qual for o número exato, essa amostra de
1 mil e tantos planetas já permite aos pesquisadores fazer uma série de
análises e extrapolações sobre a diversidade e abundância de planetas
existentes fora do sistema solar, que não eram possíveis 10 ou 20 anos atrás.
E, com base nessas estimativas, fazer inferências sobre a possibilidade de
haver vida fora da Terra — que estatisticamente falando é alta, segundo a
maioria dos cientistas, apesar de não haver nenhuma prova direta disso.
“A possibilidade de haver vida em outros
planetas é muito grande. Não temos nada de especial, então não faz sentido pensar
que aconteceu só aqui”, diz o professor Eduardo Janot Pacheco, também do IAG. A
grande maioria dos exoplanetas descobertos e confirmados até agora é composta
de gigantes gasosos, como Júpiter ou Netuno, incapazes de abrigar vida como a
conhecemos. Quando se inclui os planetas “candidatos” descobertos mais
recentemente pelo telescópio espacial Kepler, porém, as estatísticas indicam
que os planetas mais comuns no espaço são justamente os pequenos e rochosos,
parecidos com a Terra. O problema é que, por serem pequenos, eles são muitos
mais difíceis de serem detectados; por isso as listas atuais têm ainda um “viés
tecnológico” que favorece numericamente os planetas gigantes.
“Inicialmente, na década de 1990, só tínhamos
os gigantes, tipo Júpiter. Depois começaram a aparecer os mais parecidos com
Urano e Netuno, que também são gigantes gasosos, só que menores. Agora começam
a aparecer os planetas com massa e raio semelhantes aos da Terra”, diz o
professor Jorge Melendez, também do IAG. “Os mais comuns, aparentemente, são
esses menores; o que é muito promissor.”
Crédito: Laboratório de Habitabilidade Planetária,
da Universidade de Porto Rico em Arecibo
IMAGEM: ‘Tabela periódica’ de 990 exoplanetas, organizados de acordo com sua massa e temperatura (distância da estrela-mãe). |
O grande objetivo é encontrar um gêmeo da
Terra”, completa Melendez. Por isso, entenda-se um planeta pequeno, rochoso e
com condições para abrigar vida como a conhecemos – ou seja, com órbita
inserida na chamada “zona habitável” de sua estrela, onde a temperatura permite
ter água líquida na superfície. Isso ainda não foi achado, mas parece ser uma
questão de tempo e tecnologia para que eles comecem a aparecer , segundo os
pesquisadores.
A estimativa baseada em dados do Kepler,
segundo Janot, é que haja cerca de 1 bilhão de planetas rochosos nas zonas
habitáveis de estrelas somente na Via Láctea (a galáxia na qual se encontra o
Sistema Solar) – sem contar todas os
outros bilhões de galáxias do Universo.
Segundo o astrofísico Gustavo Mello, do
Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
estima-se que pelo menos 10% das estrelas (ou seja, 1 em cada 10) tenham
planetas rochosos na sua zona habitável. “Esses números são muito incertos
ainda, mas o que podemos dizer é que uma fração substancial das estrelas
possuem planetas rochosos na zona habitável”, afirma ele.
Revés
- Infelizmente para os pesquisadores, esse
marco na descoberta de novos planetas ocorre justamente no momento em que os
dois telescópios espaciais que revolucionaram a área nos últimos anos deixaram
de funcionar: o Kepler, da NASA, e o CoRoT, do Centro Nacional de Estudos
Espaciais da França (em parceria com outros países, entre eles o Brasil). O
primeiro teve de ser aposentado em agosto, de forma prematura, por causa de
falhas em dois de seus quatro giroscópios (instrumentos que mantêm o telescópio
apontado para o lugar certo). O segundo parou de funcionar em junho, depois de
sete anos em operação.
Assim, nos próximos anos, caberá aos
telescópios em terra tentar manter o ritmo das descobertas.
Fonte: Site do
jornal O Estado de São Paulo - 22/10/2013
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