[Novela Avibras] Consórcio Nacional Propõe Investir US$ 500 Milhões na Avibras, Mas Empresa Ainda Não Confirma Negociação
Histórico da Avibras e Situação Atual
A Avibras Indústria Aeroespacial S/A, fundada em 1961, é uma empresa brasileira de destaque no setor de defesa, reconhecida por produtos como o sistema de lançamento de foguetes ASTROS II. Nos últimos anos, a empresa tem enfrentado desafios financeiros significativos.
Em março de 2022, a Avibras demitiu cerca de 400 funcionários em Jacareí, acumulando uma dívida superior a R$ 600 milhões, incluindo R$ 14,5 milhões devidos aos trabalhadores. Diante dessa situação, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, homologado em fevereiro de 2024.
Durante o processo de recuperação, diversas empresas demonstraram interesse na aquisição da Avibras. Em abril de 2024, a australiana DefendTex propôs a compra da empresa, mas enfrentou obstáculos devido à falta de apoio financeiro do governo australiano. Posteriormente, a chinesa Norinco manifestou interesse em adquirir 49% da Avibras, caso a DefendTex não conseguisse os recursos necessários.
Além disso, o governo brasileiro, por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin, afirmou estar buscando soluções para salvar mais de mil empregos na empresa, indicando negociações com potenciais investidores.
Linha do Tempo da Crise da Avibras (consulte aqui no BS)
- Março de 2022 – Pedido de Recuperação Judicial e DemissõesA Avibras solicita recuperação judicial devido a uma dívida de aproximadamente R$ 600 milhões e demite 420 funcionários em Jacareí.
- Julho de 2023 – Aprovação do Plano de RecuperaçãoDurante uma assembleia, os credores aprovam o plano de recuperação judicial da Avibras.
- Fevereiro de 2024 – Homologação do Plano de RecuperaçãoO plano de recuperação judicial da Avibras é homologado pela Justiça, permitindo a implementação das medidas de reestruturação.
- Abril de 2024 – Proposta de Aquisição pela DefendTexA empresa australiana DefendTex propõe a compra da Avibras, mas não obtém apoio financeiro do governo australiano, inviabilizando o avanço das negociações.
- Junho de 2024 – Interesse da NorincoA chinesa Norinco manifesta interesse em adquirir 49% da Avibras, caso a DefendTex não consiga os recursos necessários para a aquisição.
Julho de 2024
- Declarações do Governo BrasileiroO vice-presidente Geraldo Alckmin afirma que o governo brasileiro busca soluções para preservar mais de mil empregos, e o Ministério da Defesa indica que há um "candidato forte" interessado na aquisição da Avibras.
- Projeto de Lei para DesapropriaçãoEm 18 de julho de 2024, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) apresenta o Projeto de Lei nº 2957/2024 [(veja aqui)], que propõe a desapropriação da Avibras por utilidade pública. A proposta defende que o setor público assuma atividades estratégicas da empresa para garantir a soberania nacional, os empregos e a base tecnológica brasileira.
- Dezembro de 2024 – Desistência de Investidor NacionalUm investidor brasileiro desiste da compra da Avibras, agravando a crise da empresa.
- Janeiro de 2025 – Negociações com Grupo SauditaA Avibras anuncia negociações com um grupo de origem saudita, possivelmente o Fundo Soberano da Arábia Saudita, para a compra de 80% da empresa.
- Fevereiro de 2025 – Proposta de Consórcio NacionalA CNN Brasil noticia que um consórcio formado por quatro grandes empresas e fundos de investimento assinou um memorando de entendimentos prometendo investir US$ 500 milhões para assumir o controle da Avibras. No entanto, a empresa ainda não confirmou oficialmente a negociação.
Informações Contraditórias e Futuro da Avibras
A falta de transparência nas negociações torna incerta a situação da Avibras. Os funcionários, credores e o setor de defesa nacional aguardam uma definição concreta sobre o futuro da empresa.
O editor do Brazilian Space, Rui Botelho, já defendeu que, para uma solução viável, sem a desnacionalização total da Avibras, um consórcio de empresas seria o melhor caminho. Esse consórcio deveria ser formado por companhias que possuam sinergia com as diversas unidades de negócios da Avibras, permitindo a preservação de suas operações estratégicas.
Ainda que a Avibras não tenha confirmado oficialmente a proposta mencionada pela CNN Brasil, a ideia de aquisição por um grupo de empresas parece mais viável, dado o porte e a diversidade do portfólio da Avibras. Essa abordagem poderia preservar as capacidades estratégicas da empresa, garantindo sua continuidade no mercado de defesa nacional e internacional.
O desenrolar dessa "novela corporativa" ainda é incerto. Resta aguardar os próximos capítulos para entender o destino de uma das mais emblemáticas empresas de defesa do Brasil.
Brazilian Space
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