Uma Nova Vida ao Centro Regional Sul do INPE
Olá leitor!
Segue abaixo um interessante artigo publicado na edição
de Março do ”Jornal do SindCT“, tendo como destaque o Centro Regional
Sul (CRS) do INPE.
Duda Falcão
NOSSA
PAUTA
Uma Nova Vida ao Centro Regional Sul do INPE
Por Ronald Buss*
Jornal do SindCT
Edição nº 65
Março de 2018
O INPE possui três centros regionais espalhados pelo
Brasil, para atender a missões específicas, com a finalidade estratégica de
aproximar o INPE de setores importantes das áreas de Ciência, Tecnologia e
Inovação emergentes ou já estabelecidas em regiões do país diversas daquelas da
sede do INPE. Os centros desempenham missões nas áreas ligadas ao estudo do
espaço exterior e do ambiente terrestre, produzindo e disponibilizando produtos
e serviços inovadores para a sociedade brasileira, com ênfase nas características
regionais. Estão localizados em Belém-PA (Centro Regional da Amazônia - CRA),
Natal-RN (Centro Regional do Nordeste - CRN) e Santa Maria-RS (Centro Regional
Sul de Pesquisas Espaciais - CRS).
Todos os Centros mantém acordos de cooperação técnico-científica
com universidades locais. Esses acordos sustentam parcerias em projetos de
pesquisa com fomentos internos e externos ao INPE, assim como a participação de
pesquisadores e tecnologistas do INPE em Programas de Pós-Graduação em diversas
universidades das regiões norte, nordeste e sul do Brasil. Estudantes de
graduação e pós-graduação de diversas universidades têm acesso ao INPE,
principalmente através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica - PIBIC e do Programa da Capacitação Institucional - PCI. Vários
servidores do INPE já passaram por esse caminho.
No caso do CRS, a sede fica situada no campus da
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Inaugurado há quase 20 anos, possui
11.511m e dispõe de excelente infraestrutura. O CRS desenvolve pesquisas nas
áreas de Ciências da Terra, do Sistema Solar e do Espaço Exterior; Engenharia
Aeroespacial, Ciências da Computação; Observação da Terra; Clima e Tempo. Desde
o ano de 2007, o CRS também hospeda o Serviço do Projeto Antártico do INPE -
PAN.
Cerca de 300 pessoas trabalham no CRS por dia, das quais
entre 200 e 250 pertencem ou estão ligadas diretamente à UFSM. A permanência
dessas pessoas (pesquisadores, técnicos e alunos) no CRS sempre foi embasada
por convênios de cooperação técnico-científica que mantinha uma proporção de
80% dos custos a cargo do INPE e cerca de 20% a cargo da UFSM.
O CRS também é responsável pela operação e manutenção do Observatório Espacial do Sul - OES, um sítio observacional do INPE inaugurado em 1998 em São Martinho da Serra – RS (60 km de Santa Maria). O observatório é destinado à observações passivas, ou seja, observações com instrumentos que não emitem radiação eletromagnética.
O CRS também é responsável pela operação e manutenção do Observatório Espacial do Sul - OES, um sítio observacional do INPE inaugurado em 1998 em São Martinho da Serra – RS (60 km de Santa Maria). O observatório é destinado à observações passivas, ou seja, observações com instrumentos que não emitem radiação eletromagnética.
Mas nem tudo são flores. É de amplo conhecimento de todos
que, somado ao fato de que o INPE perdeu cerca de 25% dos seus servidores em
dez anos, o orçamento do instituto foi reduzido em cerca de 56% entre 2010 e
2017. Nesse período, o aporte de recurso ao instituto decresceu de 340 para 150
milhões de reais (dados corrigidos pela inflação).
Em função desses cortes progressivos, a manutenção e
operação do CRS têm se tornado precárias. Paulatinamente, o CRS enfrentou
problemas primários que envolveram cortes de 100% nos serviços terceirizados de
administração, secretaria, informática e motoristas; corte do contrato de
manutenção predial e de equipamentos da sede do CRS e do OES, culminando em
problemas de vazamentos e alagamentos; inutilização de aparelhos de
ar-condicionado, do sistema de telefonia PABX e dos no-breaks e geradores; falta
de limpeza predial e de áreas verdes por longos períodos de tempo e,
recentemente, problemas de internet ligados à precariedade dos equipamentos
disponíveis no prédio. A desmotivação dos servidores era visível frente a essas
condições que inviabilizavam o trabalho diário de pesquisa realizado aqui.
Apesar dos cortes do governo federal terem atingido a
UFSM, essa universidade se dispôs a assumir muitos dos custos para a manutenção
do CRS. A UFSM, fruto do investimento federal dos últimos anos, cresceu muito
e, com isso, proporcionalmente, afetou nosso convênio de cooperação, visto que
as demandas para utilização do prédio pelo lado da UFSM cresceram muito. Por um
lado o INPE encolheu e, por outro, a universidade ampliou. Havia também uma
grande pressão do Ministério Público Federal para que o INPE tivesse regras
claras para os termos de cooperação entre o CRS e a UFSM e também para a
ocupação do espaço físico.
Minha gestão como chefe do CRS completou recentemente 2
anos. Esse tempo culminou com a confecção de um novo convênio entre o INPE e a
UFSM para a colaboração técnico-científica entre os pares e para o melhor
compartilhamento do espaço físico. Em suma, uma expressiva parte do nosso
prédio passará a ser completamente administrada pela UFSM com uma contrapartida
importante: a UFSM assumirá 80% dos custos do prédio sede do CRS, enquanto o
INPE se responsabilizará pelos outros 20%.
A balança inverteu. Considero isso uma grande vitória,
visto que o objetivo final é que o prédio funcione com os servidores do INPE e
da UFSM vivendo em harmonia em prol do desenvolvimento regional e foco na
cooperação técnico-científica, sem problemas básicos gerados pela falta de
investimentos.
Nesses tempos de grande crise, onde o orçamento do INPE
(e do próprio MCTIC) está sendo cortado radicalmente, a experiência gaúcha
junto à UFSM e ao MEC pode ser um exemplo a ser seguido no resto do país.
* Ronald Buss é Pesquisador Titular e Chefe do CRS/INPE - ronald.buss@inpe.br
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 65ª - Março de 2018
Comentário: Bom leitor vale lembrar que o CRS foi o
primeiro dos centros regionais do INPE, a em conjunto com a Universidade de Federal
de Santa Maria (UFSM), desenvolver um satélite já colocado exitosamente no
espaço. Tratou-se do nanosatélite “NanosatC-Br1” que se encontra ainda
operacional, além de já está em fase final de desenvolvimento do seu segundo nanosatélite,
o “NanosatC-Br2”. Já quanto ao Centro Regional do Nordeste (CRN), o mesmo está
envolvido com o desenvolvimento de um projeto ainda mais complexo em parceria
com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Trata-se do desenvolvimento de uma constelação
de nanossatélites denominada de CONASAT (Constelação de Nanossatélites
Ambientais), tendo em vista atender as necessidades do “Sistema Brasileiro de
Coleta de Dados Ambientais (SBCDA)”, projeto este que já se encontra em
andamento. Já o Centro Regional da Amazônia (CRA), algumas semanas atrás fiquei
sabendo de que o mesmo já pretende em breve lançar um projeto de nanosatélite
que venha atender as necessidades da Região Amazônica.
Comentários
Postar um comentário