Entrevista Com a Dra. Rosaly Lopes: Primeira Mulher e Brasileira Editora Chefe do Importante Journal Icarus
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante entrevista com a astrônoma,
geóloga planetária e vulcanóloga brasileira Dra. Rosaly Lopes do no Jet
Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, postada que foi ontem (07/03), no Blog do site “Periódico de Minas” editado pela UFMG.
Duda Falcão
BLOG
Entrevista Rosaly Lopes: Primeira Mulher
e Brasileira
Editora Chefe do
Importante Journal Icarus
Como parte da celebração do Dia Internacional da Mulher,
data de reconhecimento das lutas e conquistas das mulheres que acontece nessa
quinta-feira, dia 8, o Portal Periódicos de Minas entrevistou uma mulher
brasileira que tem se destacado no campo da editoração científica. A astrônoma,
geóloga planetária e vulcanóloga Rosaly Lopes iniciou, em fevereiro, seu
trabalho como editora-chefe do periódico Icarus, um dos mais importantes no
campo da ciência planetária, sendo a primeira mulher e não-americana a exercer
o cargo.
Rosaly Lopes nasceu no Rio de Janeiro e desde pequena se
viu extremamente atraída pelo espaço. Quando tinha quatro anos, Yuri Gagarin, o
astronauta russo, deu uma volta em órbita da Terra. “Eu me lembro dos meu pais
falando que esse russo tinha ido ao espaço e achei que aquilo era uma
maravilha. Eu não sabia nem o que era um russo, ainda mais como um russo tinha
subido lá em cima”. Decidiu então que seria astronauta.
Logo percebeu algumas barreiras: “ainda era
pequena quando eu fui descobrindo que eu era mulher, brasileira e super míope!
Então não dava para ser astronauta (risos)”. Por isso, resolveu ser
astrônoma e ajudar a exploração espacial como cientista. Anos depois, Rosaly se
tornaria PhD em ciência planetária pela Universidade de Londres e trabalharia
para a NASA. “Eu nunca quis outra coisa, eu sempre quis ter alguma relação com o
espaço”, Rosaly conta.
Hoje, ela acredita que as barreiras que a fizeram
repensar a carreira de astronauta não são inabaláveis. “Quando eu era
jovem, tinha poucas oportunidades no Brasil. Hoje em dia a internet permite
produzir a ciência em um âmbito internacional”. Além disso, Rosaly conta
que quando começou a buscar sua carreira, quase que não haviam mulheres na área
de ciências. “Hoje esse quadro mudou e o número de mulheres na ciência está
crescendo mais e mais. Está ficando cada vez mais acessível para nós”.
Rosaly acredita que essas mudanças sejam um dos motivos
para ela ser a primeira mulher a ocupar o cargo de editora-chefe da conceituada
revista Icarus. “Um cargo como esse precisa de uma pessoa com bastante
experiência, um cientista senior que conheça o ramo bem, conheça as pessoas
bem. Para adquirir essa experiência, você tem que ter muitos anos de carreira e
quando eu comecei éramos poucas mulheres. Então é uma coisa estatística, quanto
mais mulheres você tiver numa área, mais a mudança vai acontecer”.
Para o novo cargo, a astrônoma e vulcanóloga conta que
sua experiência anterior com liderança será de grande ajuda. Ela deixa um cargo
de chefia no Jet Propulsion Laboratory da NASA, que ocupou por 5 anos,
coordenando toda a área de ciências planetárias, com uma equipe de cerca de 100
pessoas. “Isso ocupava muito tempo, eu queria voltar para fazer mais pesquisa,
me dedicar a fazer ciência”.
O primeiro editor-chefe do periódico Icarus foi o famoso
astrônomo Carl Sagan e Rosaly o conheceu quando trabalhou na missão Galilleu,
da qual o cientista também fazia parte. “Uma coisa muito importante do Carl
Sagan é que ele realmente abriu o campo para o cientista não só ser um ótimo
cientista, mas também, ser um cientista que pode fazer a ciência mais popular.
Que pode ir na televisão, entusiasmar os jovens. Carl Sagan era um
ótimo comunicador público de ciência e abriu esse campo para todos nós”.
Rosaly, inclusive, ganhou a medalha Carl Sagan da American Astronomical Society
em 2005. Ela é dada para um cientista em ciências planetárias que contribua
para levar a ciência ao público em geral.
Rosaly considera que é muito importante estimular a
sociedade e, principalmente, os jovens a se interessarem pela ciência. Segundo
ela, quanto mais pessoas ingressarem na área científica e tecnológica, mais
progresso teremos. E tudo isso depende de ensino de ciência e tecnologia
Além disso, ela comenta que vários estudos mostram que as
crianças, meninos e meninas, são igualmente interessadas em ciência, porém,
quando chega a adolescência, as meninas têm a tendência de se desinteressar
pelo assunto. Ela completa: “Quem estuda o assunto diz que é cultural, e eu
acho que a cultura está mudando bastante. Uma coisa que ajuda muito é você ter
uma Role Model (alguém que inspira, um modelo a seguir): se uma menina
ver que tem mulheres em cargos altos em ciência, a menina vai pensar: bem, eu
também posso chegar lá”.
Para Rosaly, essa inspiração veio de Poppy Northcutt: “eu
vi em um jornal brasileiro na época da missão Apollo 13 uma mulher que me
inspirou muito. Nunca conheci ela pessoalmente. Essa mulher trabalhou fazendo
cálculos de órbita para a missão poder voltar à Terra. Ver o retrato da mulher
no jornal foi muito importante pra mim”.
Poppy Northcutt |
Hoje, Rosaly pode ser essa inspiração e sabe que tem essa
responsabilidade: “Uma das coisas mais importantes que você pode fazer
como cientista é inspirar a nova geração.”
Fonte: Site Periódicos de Minas - https://www.periodicosdeminas.ufmg.br
Comentário: Pois é, a Dra. Rosaly Lopes é um grande exemplo para nossos jovens. Aproveitamos para agradecer a nosso leitora Mariana Amorim Fraga pelo envio deste entrevista.
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