Pesquisadores Brasileiros Colaboram Para a Compreensão Científica da ‘Partícula de Deus’
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante notícia postada dia (23/03)
no site do Sputnik News Brasil destacando que Pesquisadores Brasileiros estão
colaborando para a compreensão científica da ‘Partícula de Deus’.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Pesquisadores Brasileiros Colaboram Para a
Compreensão Científica
da ‘Partícula de Deus’
Sputnik News Brasil
23/03/2018 - 17:36
Atualizado em 23.03.2018 - 18:34
Foto: Coppe/Divulgação
Um sistema de filtragem online de elétrons desenvolvido
por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa
em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) foi
escolhido como referência por um dos principais laboratórios do mundo que
investiga a origem do universo.
A Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN)
utiliza o sistema, denominado Neuralringer, que amplia de forma considerável o
número de choques entre prótons para aumentar os eventos físicos, essenciais à
investigação e descoberta de possíveis novas partículas. O sistema,
desenvolvido pelos pesquisadores da Coppe, permite decidir a cada 10
milissegundos quais informações reter entre os mais de 60 Terabytes de
informação geradas a cada segundo nas passagens de feixes de partículas
conduzidas no laboratório.
O Atlas, que em outubro do ano passado completou 25 anos
de existência, tem tido papel importante em descobertas científicas recentes,
como a pesquisa que detectou pela primeira vez o fenômeno da dispersão de luz
pela luz, previsto pela teoria quântica e na descoberta do bóson de Higgs, a
chamada "Partícula de Deus", que procura reproduzir a explosão de
energia do Big Bang que teria dado origem ao universo e que rendeu aos
cientistas Petter Higgs e François Englert o Prêmio Nobel de Física de 2013.
Para o professor de Engenharia Elétrica da Coppe, José
Manoel de Seixas, coordenador das pesquisas da solução brasileira que está
sendo utilizada no CERN, esse reconhecimento é importante para toda a
comunidade científica brasileira. Segundo ele, a filtragem online reduz a
demanda computacional para coletar e preservar o grande volume de informações
gerado pelos experimentos.
Seixas lembra que o Atlas é o maior conjunto de
detectores de partículas no Túnel de Colisão de Partículas (LHC na sigla em
inglês), um estrutura subterrânea com 27 quilômetros de extensão na fronteira
entre França e Suíça, dotado de uma estrutura com 22 metros de altura, 44
metros de comprimento e 7 mil toneladas, e que a parceria entre o CERN e a
Coppe já data de três décadas. À época do anúncio do projeto foi grande a
repercussão internacional e o receio de que os experimentos provocassem o
surgimento de buracos negros que destruiriam todo o planeta.
"O Atlas, experimento no qual a gente trabalha, está
no lado suíço, e a conjunção com outro experimento em 2012 confirmou a
existência dessa partícula o bóson de Higgs que estava sendo caçado há cerca de
50 anos pela comunidade científica. Temos uma espécie de charuto com vários
prótons sendo acelerados e colididos, o que permite o aparecimento de
partículas muito energéticas e com isso a gente pode ter certas previsões teóricas
de modelos para uma situação bastante próxima do que teria sido a origem do
universo", explica o professor
da Coppe. Ele confirma o temor, à época, de parte da população com o trabalho
do Atlas.
"Isso partiu a partir de pesquisadores no Havaí que
avaliaram que, com essas colisões, a gente iria produzir pequenos buracos
negros que iam destruir o mundo e, ao destruir o mundo, atrapalhar os
interesses do Havaí", brinca o especialista. “O fato chamou muita atenção
da mídia e da população em geral. Lembro uma vez de estar em uma reunião em
Genebra e quando peguei o trem para voltar para a cidade onde estava hospedado
duas senhoras perguntaram o que eu fazia. "Ah! Vocês vão destruir o
planeta'", recorda Seixas.
Com relação ao Neuralringer, a solução brasileira que
ajuda os trabalhos da pesquisa na Europa, Seixas diz que os experimentos fazem
40 milhões de colisões de prótons por segundo. O Atlas sozinho gera cerca de
100 Terabytes por segundo, número infinitamente superior à capacidade de
armazenagem de um celular, por exemplo, que tem 16 Gigabytes de memória. A
dificuldade, segundo o especialista, é que não haveria lugar físico para
armazenar essa quantidade de dados. A solução foi criar essa espécie de filtro
que reduz de duas a seis vezes a demanda por processamento. A rede neural então
toma a decisão sobre se determinada colisão particular é algo que interessa ao
experimento. "Quando começamos o experimento, fazíamos 25 colisões em
média e agora estamos chegando a 88", explica o professor.
Em dezembro último, um projeto visando ao aperfeiçoamento
do algoritmo do Neuralringer foi aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Nível Superior (Capes) e pelo Comitê Francês de Avaliação de Cooperação
Universitária com o Brasil (Cofecub), prevendo um intercâmbio de pesquisadores
da Coppe com a Université Paris VI e a Université Clermont-Ferrand (Blaise
Pascal) com duração até 2021. O professor da Coppe destaca a importância dessa
iniciativa.
"Já temos 30 anos nessa história e temos um certo
destaque em algumas áreas em que trabalhamos, notadamente na área de
instrumentação, filtragem, reconhecimento de padrões. De um lado, você tem a
possibilidade de interagir com universidades de ponta. Um dos desdobramentos
desse trabalho do Neuralringer é o de calibrar a estimação de energia, usando
os anéis e aproveitando certas simetrias que existem no feixe. Isso foi uma
proposta feita com o pessoal de Paris e agora ganhou mais consistência de
exploração. Em particular com a Clermont-Ferrand, a gente faz parte do grupo
que desenvolveu a calorimetria, que mede a caloria das partículas do
feixo", observa o especialista.
Seixas lembra que hoje a participação do Brasil no Atlas
envolve não só a Coppe e a UFRJ, como também a Universidade de São Paulo (USP),
Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal de São João Del Rey,
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal da Bahia,
entre outros.
Fonte: Site Sputniknews - http://br.sputniknews.com/
Comentário: Poxa que bom saber que apesar de tudo que
está ocorrendo neste momento com a Ciência Brasileira pelo menos temos
pesquisadores envolvidos nesta fronteira do conhecimento, e ver uma
universidade baiana envolvida com esta historia me deixa ainda mais satisfeito.
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