O Brasil Aeroespacial de Amanhã
Olá leitor!
Trago agora para você um interessantíssimo artigo intitulado
“O Brasil Aeroespacial de Amanhã” escrito que foi pelo jovem Dr. Oswaldo Babosa
Loureda e enviado pelo mesmo ao recentemente criado “Comitê de Desenvolvimento
do Programa Espacial Brasileiro (CDPEB)”. Vale a pena conferir.
Duda Falcão
O Brasil Aeroespacial de Amanhã
Por Dr. Oswaldo B. Loureda*
07/03/2018
Para o céu e além, certamente foram os pensamentos do
patrono da aviação Alberto Santos Dumont, ao elevar-se nos céus de Paris com
suas máquinas voadoras. Como revelado em seus escritos, petit Santos tinha
sonhos e aspirações para sua pátria amada, sonhava com um futuro aeronáutico
para nosso país. Assim como Dumont, dificilmente os grandes pioneiros como Cel.
Ozires Silva e Brig. Montenegro Filho podiam imaginar no que suas iniciativas
iriam resultar concretamente, uma das mais reconhecidas escolas de engenharia
do mundo, e a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo. Em um país de
base agropecuária como o Brasil, com toda sorte de empecilhos ao
empreendedorismo e a inovação, é altamente improvável uma empresa como a
Embraer, no entanto, ela existe e apesar de capital aberto ainda é sim
brasileiríssima.
A engenharia aeroespacial é considerada uma das áreas do
conhecimento humano mais desafiadoras que existem, sendo geradora de spinoffs
para quase todos os campos do conhecimento humano, desde medicina á geologia.
Acredito que justamente por suas características altamente desafiadoras, os
brasileiros se envolvam de forma tão apaixonada, o que tem em comum esses
mineiro, paulista e cearense? Certamente, encontraram muitas barreiras para
usar como combustível. Mesmo com IDH de país em desenvolvimento o Brasil possui
uma das maiores frotas de aeronaves experimentais, e no campo espacial, mesmo
com orçamentos escassos e incertos, nosso país teve papel protagonista até
pouco tempo no desenvolvimento e ensaios de satélites, foguetes de sondagem e
segmentos de solo, temos inegavelmente um passado glorioso para nos orgulhar,
mas e hoje?
Na última década uma verdadeira revolução vem acontecendo
na astronáutica mundial, embalada por crescente participação e liderança do
setor privado, os programas espaciais governamentais tem gradativamente se
voltado mais para a exploração profunda, enquanto os projetos de maior
aplicação imediata tem recebido maior atenção de grupos privados, seja na forma
de jovens startups na base da pirâmide desenvolvimentista, startups mais
robustas como SpaceX, Blue Origen, Bigelow e VirgenGalatic ou mesmo as gigantes
tais como Boeing, Lockheed Martin e Arianespace, sem claro, excluir a
participação fundamental dos diversos grupos de investimento de risco, que vem
mostrando grande apetite pelo chamado “Space Risk”.
Nessa equação também entram outros fatores importantes
como a maturidade da indústria de base da nação que se aventura por esse setor,
além claro, da tolerância a risco dos grupos de investimento disponíveis nesses
países, o que de fato em ambos os casos não tem sido muito alto no Brasil dessa
década. No entanto, de forma mais generalizada, a disponibilização de
tecnologias como a manufatura aditiva e o acesso facilitado ao projeto e
fabricação de aviônicos de relativo alto desempenho e ainda COTS tem completado
a equação que tornou possível CubeSats de sensoriamento remoto avançados como
da argentina Satellogic, e lançadores como o recente bem sucedido Electron da
RocketLab.
Se abre um admirável mundo novo para a exploração
espacial da próxima década, com players dos mais variados e inclusive diversos
novatos como Irã, Coreia do Sul, Paraguai e Arábia Saudita, no entanto, no
setor espacial no Brasil utilizamos satélites ainda caros demais e com
tecnologias obsoletas, como o CBERS. Insistimos mais de 30 anos em um projeto
de veículo lançador de satélites que se transformou em microlançador, mas
mantém praticamente todos os erros estratégicos e comerciais que o defunto
anterior, no entanto com menos recursos e ainda menos força de trabalho. Em
contrapartida, existe um concorrente menor, mais eficiente e muito mais barato
de fabricar e lançar, exclusivamente operado por uma startup de pouco mais de 10
anos de mercado, falo aqui da RocketLab, que opera nos EUA e na Nova Zelândia,
inclusive com seu sítio de lançamento próprio. É difícil, porém necessário
salientar que tudo isso foi possível por meio de investimento privado em
algumas rodadas que somadas dão uma pequena fração do que foi gasto em
programas como o da Alcantara Cyclone Space – ACS aqui no Brasil, porém com
resultados reais e altamente impactantes para a empresa, seus funcionários,
investidores e os Neozelandeses impactados com a entrada de sua nação para o
cenário aeroespacial mundial.
Os erros estratégicos foram muitos, entre eles a ausência
de uma lei mais adequada e ágil para instrumentalizar compras e contratações de
desenvolvimento do PEB, do que a atual lei 8.666. Também, tráfico de influência
em projetos de grande porte tem gerado enormes prejuízos aos cofres públicos,
assim como más decisões estratégicas na gestão pública e na condução de
projetos internacionais, falta de formação de gestores e gerentes de projetos
com visão sistêmica, falta de uma meta clara que inspirasse a nação e
contribuísse pela ascensão do nível de importância da agência espacial dentro
do cenário executivo e legislativo nacional, falta de incentivos e apoio para o
crescimento de empresas de base tecnológica sérias para o setor, e não apenas
meia dúzia de empresas de lobistas, e provavelmente o maior erro de todos,
falta de apoio sério e contínuo no incentivo e formação de estudantes e mão de
obra para o setor.
A promoção da AEB ao palácio do planalto certamente
aceleraria enormemente os cronogramas das missões, assim como evitaria cortes e
permitiria uma visão mais patriótica de nosso PEB, muito menos partidária ou
pessoal, realmente como um projeto de país, necessário e rentável a nação. Está
mais que comprovado que cada real investido em tecnologia de ponta retorna a
população somas da ordem de uma casa decimal maior, e o mercado espacial não é
diferente, com cifras na ordem de US$ 300 bilhões anuais. Certamente com a
priorização de nosso programa espacial, os instrumentos serão mais facilmente
lapidados, e novos profissionais formados para a gestão de excelência poderão
atuar eficazmente, assim como nosso centro de lançamento de Alcântara poderá
finalmente ser explorado de forma rentável, seja por empresas estrangeiras ou
por nossos próprios lançadores. Outro ponto fundamental esta na recuperação e
incentivo a programas como AEB Escola, Jornada Espacial e Escola do Espaço
nascidos na AEB/INPE/DCTA e programas independentes como os das engenharias aeroespaciais
brasil a fora, Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, Associação
Aeroespacial Brasileira, Brazilian Association of Rocketry e Space Camp Brasil
que poderiam ser fortemente ampliados mediante ao fomento sério e contínuo da
AEB.
Apesar de todos os entraves e limitações que o nosso país
ainda deve superar, o nosso futuro certamente será espacial, o sucesso da
Embraer nos céus de todo o mundo mostra muito do talento do brasileiro, e a
aproximação da gigante Boeing vem confirmar esse prestígio, trazendo consigo
novos horizontes para o desenvolvimento aeroespacial brasileiro. Independente
do suporte ou não as startups espaciais no Brasil, elas surgirão em solo
nacional, tarde ou mais tarde ainda o brasileiro é persistente demais para
permanecer as margens desse processo. Nos últimos anos o Brasil vem perdendo
inúmeros profissionais desse setor, seja para organismos governamentais como
ESA e NASA, ou para empresas privadas, e até mesmo empresários levando suas
empresas para fora do pais, como no caso da Airvantis. No entanto o número de
egressos dos 7 cursos de engenharia aeroespacial vem aumentando, juntamente com
o surgimento de um movimento nacional de grupos de espaçomodelismo espalhados pelas diversas faculdades e universidades nacionais, o
que tem gerado o interesse e capacitação de centenas de jovens profissionais
para o campo espacial.
O atual cenário de disponibilização de microeletrônica
avançada, insumos até pouco tempo inacessíveis como ligas de Titânio e Fibras
de Carbono e processos de manufatura mais avançados e enxutos como sinterização
a laser, também o surgimento de jovens profissionais motivados e capacitados,
aliados a crescente maturação do mercado de investimento de risco trará um
celeiro bastante propício ao desenvolvimento de startups ágeis no campo de
microssatélites e plataformas, suas infra estruturas de solo, e provavelmente
no campo de Microlançadores também, no entanto, certamente uma política de
incentivo e apoio a esses empreendimentos por parte da AEB, FINEP, FAPs e BNDES
poderá acelerar muito esse desenvolvimento.
Visando esse cenário, um novo curso de Engenharia
Aeroespacial irá iniciar suas atividades em 2018, na tríplice fronteira do
Brasil com Paraguai e Argentina, a instituição sede vem se transformando
gradativamente em um polo de referência no ensino de engenharia com as
metodologias mais inovadoras. O curriculum é integral, voltado para a plena
capacitação do aluno no campo da engenharia aeroespacial, preservando e
estimulando a especialização do egresso para o campo da pesquisa de ponta, a
gestão de programas aeroespaciais complexos ou mesmo o empreendedorismo
espacial. De forma a dotar os estudantes de visão internacional e confiança,
dezenas de profissionais de excelência e renome serão professores convidados
durante o curso, além do estágio final de conclusão de curso que é estimulado a
ser no exterior.
Outro ponto diferencial no curso é a metodologia ativa e
a inserção de projetos integradores de engenharia em todos os semestres do
curso, incentivando os estudantes a projetarem, gerenciarem, testarem, fabricarem
e operarem sistemas aeroespacial em grupos desde o início do curso, gerando
assim egressos com considerável experiência profissional no setor e boa
capacidade de trabalho em equipe e pró ativismo.
* Dr. Oswaldo Barbosa Loureda: Coordenador da Engenharia Aeroespacial da UNIAMÉRICA e Fundador e CEO da startup espacial brasileira "Acrux Aerospace Technologies" - www.uniamerica.br/aeroespacial
" A ciência nos da o conhecimento, por isso tenho fé em Deus! e na minha religião, que me dá o sentido e, o discernimento. Parabéns Engº Oswaldo Loureda, pela suas sábias palavras. Ambas, a ciência e a religião, são pré-requisitos para uma existência decente.
ResponderExcluirConstantemente eu me questiono, como as pessoas educadas e cultas, podem ser tão limitadas de visão, para não ver que a ciência não faz nada além de expor a criação divina.
Segundo Stepham W. Hawking, proferi-o em em reunião, dizendo: - " Eu acredito no Possível,... ( para mim, segundo as palavras do Engº Oswaldo: Em um Brasil Aeroespacial do Amanhã),...Acredito que, por menor que sejamos, e por mais insignificantes,... ( no momento que nos brasileiros estamos passando),...que venhamos a ser; podemos alcançar o entendimento do universo. ( Nos, devido ao caos que se instalou no Brasil, aparentemente, nos sentimos pequenos;...ao olhar para o céu, e não podermos conquistá-los com as nossas próprias mãos, ofertadas pela ciência). Será que somo muito pequeno, muitos pequenos, diante ( a tantas esperas e lutas),...Mas uma coisa eu sei!!! Somos profundamentes capazes de coisas muito, muito GRANDES. O Grupo CEFAB, parabeniza o Mestre, Engº e professor: Oswaldo Loureda. !!!!!!!! Sucesso Mano Veio!!!!!!
O Brasil vai chegar na "vanguarda" da corrida espacial, brasileiro é persistente, criativo e certamente a iniciativa privada vai no Brasil e no mundo estar à frente dos programas espaciais mais importantes!
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