Brasileira Escreve Livros Para Incentivar Garotas a Se Tornarem Cientistas
Olá leitor!
Segue abaixo um interessantíssima notícia postada dia
(16/03) no blog “LUNETA” da Revista Galileu, destacando que uma Astrofísica
Brasileira escreve livros para incentivar garotas a se tornarem cientistas.
Duda Falcão
LUNETA - ASTRONOMIA E FILOSOFIAS NEBULOSAS
Brasileira Escreve Livros Para Incentivar
Garotas a Se
Tornarem Cientistas
POR A. J. OLIVEIRA
16/03/2018 - 14H03
Foto: Divulgação
Cientista brasileira tem como objetivo incentivar
garotas
a se interessarem por carreiras científicas.
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Foi graças ao filme Contato, adaptação do
único romance escrito pelo astrônomo Carl Sagan, que a jovem Alessandra Pacini, então no
ensino médio, decidiu que queria ser cientista. “Vi aquela mulher trabalhando
inclusive aqui, em Arecibo, e aquilo de fato mudou a minha vida”, diz a física
espacial, pesquisadora visitante no Observatório de Arecibo, em Porto Rico — um
dos maiores radiotelescópios do mundo. Ela estuda o chamado clima espacial,
área que investiga como a alta atmosfera terrestre responde à atividade do Sol.
Está prestes a se tornar membro permanente da equipe.
“Isso para mim fecha um ciclo, porque tudo começou com o meu interesse por esse
telescópio”, conta. Para inspirar garotas ainda mais novas a se interessarem
por ciência e pelo espaço, criou a série Girls InSpace, destinada a
leitoras de nove a 13 anos. É nessa faixa em que muitas meninas são
desestimuladas e desistem de seguir carreiras em ciência.
Os livros começaram a ser escritos em 2010. Na época,
Pacini dava aulas no CEFET Química de Nilópolis (RJ) para preparar jovens
estudantes para a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Duas
alunas, Isabelle e Rafaela, se destacaram tanto que, além de ganharem medalhas
de ouro na OBA, foram presenteadas também pela escola com uma luneta.
A astrofísica encontrou no episódio a inspiração para o
primeiro livro da série, A Luneta e Isabelle, que introduz o método
científico e alguns tópicos de astronomia em linguagem infantil. “Todos os
personagens são crianças reais, da minha vida, que têm algumas situações que eu
associo com o espaço”, diz. Assim, as meninas se identificam ainda mais com as
histórias.
Durante cinco anos, Pacini foi também professora na
Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), onde conheceu o ilustrador Allan Max
— foi ele quem ilustrou o livro. Mas então veio o doutorado, e não havia mais
tempo livre para escrever livros infantis. “Aí eu me casei com um gringo e fui
parar nos Estados Unidos”, conta. Lá, um colega africano a convenceu não apenas
a retomar o projeto, como também a levá-lo muito mais longe.
Lançou a ideia de disponibilizar o livro a crianças
africanas cuja língua nativa também seja o português, além de publicar outros
volumes mais focados na área dela, a física espacial e solar. Surgiram, então,
mais três livros que introduzem jovens leitoras ao clima espacial e ao Sol, aos
raios cósmicos e às auroras boreais e austrais.
A vontade de publicar a obra em vários países da África e
da América Latina esbarrou em um grande empecilho: a falta de recurso para as
traduções e as ilustrações. Pacini deu início a uma campanha de financiamento
coletivo no Kickstarter e o problema foi logo resolvido: em apenas cinco dias,
a meta de US$ 5 mil já havia sido alcançada. O sucesso foi tamanho que,
faltando um mês para o fim da campanha, em 11 de abril, o Girls InSpace arrecadara
quase o dobro do valor.
Os prefácios dos livros, por exemplo, são todos escritos
por pesquisadoras da área — uma forma concreta de mostrar às garotas que é
possível, sim, ser mulher e ter uma carreira científica de sucesso. “O projeto
foi criando forma sozinho, estou bem orgulhosa do que estamos conseguindo
hoje”, diz Pacini. Com as metas alcançadas, será possível pagar não só pelas
ilustrações e pelas traduções em inglês, espanhol, francês e árabe, como também
tornar a série mais acessível graças ao formato de áudiolivros.
Mas, afinal, por que a participação feminina em carreiras
espaciais e científicas no geral é tão baixa? De acordo com a ONU, só 29% dos
cientistas no mundo são mulheres. Para a astrônoma Duília de Mello,
vice-reitora da Universidade Católica de Washington e conhecida defensora da
causa, é difícil comparar realidades tão diferentes, como o Brasil e a Europa.
Mas parece haver um motivo comum, que permeia todas as sociedades. “É essa
história de que existe coisa para menino e coisa para menina”, afirma Mello.
“Isso acaba desestimulando as meninas de seguirem certas
carreiras, elas começam a se intimidar desde crianças”, diz. É por isso que ela
acredita que Girls InSpace ajuda a reverter a lacuna de gênero
na ciência: o protagonismo feminino dos livros não só acaba com o estigma de
que as ciências exatas são para garotos, como também estimula as garotas
mostrando a elas claramente as carreiras que podem seguir. “A gente não quer
ser aquilo que não vê, vemos uma coisa e nos inspiramos para ser aquilo.”
É o tipo de livro que, nas mãos de uma menina interessada
por ciência, tem o poder de dar um rumo e um objetivo à vida dela. Amanda
Silva, astrônoma amadora de 17 anos premiada pela NASA em 2017, conta que “seria maravilhoso”
poder contar com um exemplar de Girls InSpace aos nove, quando
descobriu que sua vocação era cursar astronomia. “Na época eu não
tinha tanta inspiração, acho que um livro desses ajuda aquelas que querem
seguir desde novas nessa carreira”, diz. Prova de que basta empoderar uma
garota para que ela conquiste as estrelas — e seja o que quiser ser.
Pacini explica como adquirir os volumes da série:
"No momento, a forma mais rápida de se obter a coleção dos livros é
apoiando a campanha
Girls InSpace no Kickstarter." A partir de US$ 10, compra-se um
e-book, e por US$ 60, todos os quatro e-books e também uma cópia impressa à
escolha do apoiador. As entregas estão previstas para junho. "A campanha
ficará aberta até dia 11 de abril — os livros serão disponibilizados na Amazon
apenas depois que uma edição especial for produzida e enviada como recompensa
aos apoiadores do Kickstarter."
Fonte: Blog LUNETA da Revista Galileu - https://revistagalileu.globo.com/blogs/Luneta
Comentário: Simplesmente fantástico. Parabéns a
jovem astrofísica Alessandra Pacini por
esta grande iniciativa, muito bom mesmo. Quiçá profissionais que se preocupam com a
educação como esta jovem brasileira fossem hoje maioria em nossa sociedade,
certamente seriamos uma nação de verdade e não esta piada que infelizmente
somos. Aproveitamos para agradecer a nossa leitora Mariana Amorim Fraga pelo envio dessa notícia.
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