Projeto Estava Certo, Diz Engenheira do VLS Destruído
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (22/08) no “Portal
TERRA” destacando que segundo engenheira do VLS o projeto estava certo.
Duda Falcão
ESPAÇO
Projeto Estava Certo, Diz Engenheira
de Foguete
Brasileiro Destruído
Para Raquel Cristina Freitas, o acidente que matou 21
técnicos
e engenheiros no Maranhão há exatos 10 anos foi uma
fatalidade
GHX Comunicação
22 de Agosto de 2013 - 09h26
Atualizado às 10h03
A engenheira química Raquel Cristina Freitas ingressou no
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) sob os auspícios da Missão Espacial
Completa Brasileira, no início da década de 1980. Entre os objetivos do programa,
estava a construção de um veículo lançador de satélites. Com formação em
propelentes sólidos, ela seria uma peça essencial no desenvolvimento dos
foguetes. Mas, trinta anos depois, Raquel ainda não viu seu “filho”, como chama
carinhosamente o VLS-1, cumprir sua missão.
Essa jornada teve um capítulo trágico há exatos 10 anos,
em 22 de agosto de 2003. Em três dias, Raquel receberia, em seu aniversário, o
maior presente que poderia pedir: a decolagem do VLS-1, o terceiro protótipo,
que ajudara a conceber. Mesmo assim, ela não se sentia bem. “Tinha algo
errado”, lembra.
No horário do almoço, ao voltar para casa, em São José
dos Campos (SP), Raquel telefonou para o seu então marido, Renato Madeira
Branco, também pesquisador sênior, hoje chefe da Usina Coronel Abner – uma
subdivisão de fabricação de propelentes da Divisão de Química do IAE. Ele
estava no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, esperando um chamado
para ir até a plataforma do VLS-1.
Após poucos minutos de diálogo, a conversa foi interrompida
por um barulho. “Se eu não soubesse que o lançamento seria só três dias depois,
pensaria que era a queima do motor”, conta Raquel. Ele largou o telefone para
ver o que acontecia. Naquele momento, encontrava-se em um prédio em frente à
torre de lançamentos, a 500 metros de distância. Para observar o que era aquele
barulho todo, abriu uma porta. A verdade estava lá, pavorosa. Era mesmo a
queima do motor. Um grande sonho consumido pelo fogo. Segundos depois, voltou
ao telefone. Gritando.
“Quem ficou perdeu o chão. Quem estava lá...
Foi um baque. Afetou todo mundo.”
Raquel Cristina Freitas
engenheira química
Raquel conta que o marido, desesperado, queria sair do
prédio e socorrer os colegas. Mas era impossível. “Fecha a porta e espera”,
apelou, com medo. Inalar aquela fumaça tóxica poderia lhe ser fatal, como foi
para 21 técnicos e engenheiros que dedicaram seus últimos instantes ao projeto
de autonomia espacial ainda hoje perseguido pelo Brasil.
Assim, o desenvolvimento do lançador, que já enfrentava
tantos obstáculos – como a verba irregular e a dificuldade de obter componentes
estrangeiros – encontrou mais um: a depressão. Equipes de psicólogos e
psiquiatras foram mobilizadas. “Quem ficou perdeu o chão. Quem estava lá...”,
lamenta Raquel. “Foi um baque. Afetou todo mundo. Tivemos dois anos de
acompanhamento psicológico. Meu marido entrou em depressão. Ficava deitado
olhando para o teto.”
Como ele, muitos pesquisadores tiveram dificuldade de
retomar o trabalho. Ainda era preciso avaliar todos os detalhes técnicos do
acidente, definir o que dera errado e reformular os processos para que as
próximas tentativas fossem bem-sucedidas. Para isso, uma reestruturação
completa na equipe foi necessária.
"Foi uma fatalidade. Não teve um erro responsável pelo
problema.
É uma área em que sempre há a possibilidade de um acidente"
Raquel Cristina Freitas
Até hoje, porém, ninguém sabe explicar por que houve um
acendimento intempestivo de um dos motores. “O projeto estava correto”, diz
Raquel. “Foi uma fatalidade. Não teve um erro responsável pelo problema. É uma
área em que sempre há a possibilidade de um acidente, como também houve nos
programas russo e americano.”
Em 2011, ela se aposentou sem ver novas tentativas de
lançamento. Manteve-se, mesmo assim, “à disposição” do IAE. “Acredito e tenho
total confiança no Programa Espacial Brasileiro”, afirma Raquel. “Mas o
lançador é um caso de soberania. Por enquanto, estamos nas mãos dos outros. A
sensação é frustrante. A Índia (que já tem seu lançador)
começou junto com a gente. A diferença é que lá, por exemplo, tinha em torno de
1,3 mil pesquisadores em 2004, e aqui, o IAE tinha em torno de 500”,
conclui.
Fonte: Portal Terra - 22/08/2013 -
http://noticias.terra.com.br/
Ótima reportagem, e bem esclarecedora. Essa sim foi a fonte e entrevistou pessoas ligadas ao programa.
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