Progr. Espacial Já Estava Mal das Pernas Antes do Acidente
Olá leitor!
Segue abaixo um pequeno artigo/análise publicada hoje (22/08) no site do jornal “Folha de São
Paulo” destacando que o Programa Espacial Brasileiro (PEB) já estava mal das pernas antes do acidente.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Análise: Programa
Espacial Já Estava
Mal das Pernas Antes do Acidente
SALVADOR
NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
22/08/2013 -
03h06
Uma década depois do trágico acidente que matou 21 técnicos
e engenheiros no Centro de Lançamento de Alcântara, já dá para dizer que
infelizmente suas mortes foram em vão.
Verdade que o programa espacial brasileiro já andava mal
das pernas antes disso. O Veículo Lançador de Satélites (VLS-1), protagonista
da tragédia, tinha passado por dois voos de qualificação antes do acidente, em
1997 e 1999, ambos fracassados.
Após o acidente, o então presidente Lula prometeu que uma
nova tentativa de tornar o Brasil capaz de colocar seus próprios artefatos no
espaço seria feita antes do fim de seu mandato.
Não só não aconteceu como ele ganhou mais quatro anos no
Planalto e saiu de lá sem ver o VLS-1 decolar.
O engajamento pelo programa só durou o tempo de contratar
uma consultoria russa para aprimorar o projeto original. O lançamento, que era
para ser em 2006, ficou para 2007, depois para 2010, depois para 2013, e neste
ano, ao que tudo indica, não sai mais.
Até recentemente, podia-se pôr a culpa no Tribunal de
Contas da União, diante do interminável travamento de uma licitação para
reconstruir a Torre Móvel de Integração, o prédio que prepara o VLS para voos e
que foi completamente devastado pelo incêndio de 2003.
Mas desde o ano passado a infraestrutura está em ordem para
nova tentativa. E onde está o foguete?
Detalhe: o próximo lançamento deve testar só metade do
veículo, os dois primeiros estágios. O topo do veículo será apenas peso morto.
Só depois desse e de mais um lançamento, teremos uma tentativa para valer de
colocar um satélite em órbita. Tudo isso para validar um veículo lançador
ultrapassado, projetado na década de 1970.
UCRÂNIA
Enquanto isso, na Agência Espacial Brasileira, aguarda-se a
perspectiva de realizar lançamentos comerciais com os foguetes ucranianos
Cyclone-4. O ministro Marco Antonio Raupp (Ciência, Tecnologia e Inovação) diz
que a pasta investirá R$ 1 bilhão na empresa binacional Alcântara Cyclone
Space, proposta em 2003 para fazer seu primeiro lançamento em 2007.
Os ucranianos, que herdaram o foguete da antiga União
Soviética, aguardam ansiosamente, pois por aqui falta tudo --desde
infraestrutura para lançar o Cyclone-4 de Alcântara até um website (digitando
www.alcantaracyclonespace.com, encontra-se só um "site em
manutenção").
Diz Yuri Alexeyev, presidente da agência espacial
ucraniana, que o primeiro foguete sobe de Alcântara em 2014. O governo
brasileiro fala em 2015. Será que Alexeyev apostaria dinheiro nisso?
Fonte: Site do Jornal
Folha de São Paulo - 22/08/2013
Comentário:
Interessante esse artigo do conhecidíssimo jornalista Salvador Nogueira. Na
primeira parte do artigo ele demonstra ter um bom conhecimento sobre o PEB,
apesar de que da forma que ele colocou pode dar margem para que alguns achem
que o problema está na comunidade científica envolvida com o programa, quando
na realidade está no governo. (Só fazendo um correção Sr. Salvador Nogueira, a Torre e a infraestrutura estão prontas para lançamento do VLS-1 desde o final de 2011 e não de 2012). Já na segunda parte, ele parece desconhecer o desastre
que representa esse acordo com a Ucrânia, pois aparentemente conduz seu texto
com se tivesse torcendo pela conclusão o mais breve possível do acordo. Mas
enfim...
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