Brasil Tenta Há 2 Anos Encerrar Parceria Com Ucrânia Que Custou R$ 483 mi e Não Lançou Foguete
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada dia (15/02) no site “UOL
Notícias” destacando que o Brasil tenta há 2 anos encerrar parceria com Ucrânia
que custou R$ 483 mi e não lançou foguete.
Duda Falcão
UOL NOTÍCIAS – Política
Brasil Tenta Há 2 Anos Encerrar Parceria
Com Ucrânia Que
Custou R$ 483 mi
e Não Lançou Foguete
Por Aiuri Rebello
Do UOL, em São Paulo
15/02/2018 - 04h00
Foto: Lucas Lacaz Ruiz - 12.jul.2012/Agência O Globo
Torre móvel de lançamento de foguetes
da base de
Alcântara, no Maranhão.
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O governo brasileiro tenta sem sucesso, desde 2016, o
encerramento de uma empresa binacional entre Brasil e Ucrânia criada para
lançar foguetes produzidos no país do Leste Europeu a partir do
CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), no Maranhão. Os ucranianos não
concordam com o fim das atividades da binacional e prometem cobrar uma multa
que pode chegar a R$ 2 bilhões se o Brasil seguir em frente com o rompimento do
acordo de forma unilateral.
A empresa binacional ACS (Alcântara
Cyclone Space) foi criada em 2003 e custou R$ 483 milhões aos cofres
públicos brasileiros sem nunca ter lançado um foguete ao espaço -- esse era o
único objetivo da iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações supervisionada pela AEB (Agência Espacial Brasileira). A empresa
fica dentro nas instalações do CLA.
Em 2015, no governo da então presidente Dilma Rousseff
(PT), o Brasil denunciou o acordo firmado 12 anos antes à Ucrânia. No jargão
diplomático, a "denúncia" é o ato de um país informar ao outro que
não concorda com os termos de algum tratado em vigor e pede para que a parceria
em questão seja encerrada ou reformada. Após a denúncia brasileira, chegou-se a
um impasse.
"Sobre a empresa Alcântara Cyclone Space, o governo
federal procura meios para a dissolução da mesma, porém o governo ucraniano não
aceita a proposta", afirma o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio
de sua assessoria de imprensa em resposta ao UOL. "Uma vez decidido
terminar o acordo entre os dois países, a ACS deveria ser automaticamente
dissolvida", afirma a pasta --mas não foi o que aconteceu.
Uma vez que o Brasil havia comunicado que queria encerrar
a parceria, a dissolução da binacional deveria ter começado um ano depois, em
2016. Para tanto, precisava da anuência do outro sócio, no caso, o governo
ucraniano --que se recusa a aceitar o fracasso da iniciativa e insiste que ela
é viável.
A pasta da Ciência e Tecnologia afirma que as negociações
continuam e que o governo brasileiro estuda meios jurídicos de forçar o fim da
empresa --mas, na prática, ela já não funciona mais.
Procurada pelo UOL para se posicionar oficialmente acerca
da questão, por e-mail e telefone, a embaixada da Ucrânia não respondeu até a
publicação desta reportagem. Em carta publicada no jornal "Valor" em
janeiro de 2017, o embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko,
afirmou que a denúncia do tratado "causou decepção e tristeza ao governo
de seu país.
"Sem as posições transparentes e sem diálogo, sem a
disposição de cumprir as obrigações determinadas nos acordos internacionais,
quaisquer que sejam as perspectivas, expectativas e parceiros, a realização dos
projetos estratégicos dessa envergadura sempre tem o risco de
decepcionar", afirmou na ocasião o embaixador do país do Leste Europeu.
Para ele, a responsabilidade pelo malogro da parceria foi
do Brasil. "Todas essas dificuldades poderiam ser superadas, se não fosse
rejeitada a proposta da parte ucraniana de realizar as consultas e intensificar
o diálogo, na necessidade dos quais insistiam as instituições e autoridades da
Ucrânia desde quando surgiram os problemas com o projeto Cyclone-4 -
Alcântara", diz em outro trecho de sua carta.
TCU Avalia Projeto Como "Frágil e Otimista"
O TCU (Tribunal de Contas da União) estudou o projeto da
binacional. Na conclusão, o órgão avalia que o projeto de parceria entre Brasil
e Ucrânia era "frágil e otimista" e foi um "ato o de diplomacia
sem planejamento".
No acórdão, os ministros do tribunal afirmam que optaram
por não propor uma Tomada de Contas Especial no próprio órgão --o que poderia
levar à punição de gestores do projeto na esfera administrativa ou a um
inquérito junto ao MPF (Ministério Público Federal)-- por se tratar de um
projeto longo e que passou por várias gestões: surgiu no governo de Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), há 20 anos, e passou pelos mandatos de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), Dilma e Michel Temer (MDB). O órgão de controle limita-se a
recomendar "mais qualidade" e seriedade do governo federal da próxima
vez que iniciativa do gênero aparecer.
Inicialmente orçado em pouco mais de US$ 100 milhões
(cerca de R$ 330 milhões) em investimentos conjuntos dos
dois países, um ano antes do cancelamento o projeto teve seu orçamento
recalculado para pouco mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,3
bilhões).
Na época em que foi determinado o rompimento, o Brasil já
havia investido quase R$ 500 milhões na criação da empresa binacional. O
objetivo era entrar no competitivo mercado mundial de lançamento de veículos
espaciais (para a alocação de satélites em órbita, por exemplo) oferecendo
viagens com o foguete ucraniano Cyclone-4 a partir do CLA, controlado pela AEB
e pela FAB (Força Aérea Brasileira) no Maranhão, além de garantir a independência
do Brasil no lançamento de seus satélites --até hoje o país contrata os
serviços de empresas e países estrangeiros para essa finalidade.
De acordo com relatório de auditoria do Tribunal de
Contas sobre o caso, a ideia era inviável economicamente e superestimava o
horizonte de receitas. O dinheiro investido nunca seria recuperado. Além disso,
a capacidade de carga reduzida do foguete ucraniano limitava o tamanho do tipo
de equipamentos e satélites que poderiam ser levados a órbita, diminuindo o
número de potenciais clientes.
Falta de Acordo Com os EUA Prejudica
Segundo o TCU, a empresa binacional nunca poderia ter
sido criada sem antes o Brasil assinar um acordo de salvaguardas tecnológicas
com os Estados Unidos --o que não aconteceu até hoje. O instrumento jurídico
internacional serve para instituir garantias legais para proteger o acesso e
direitos sobre tecnologias de ponta de um país ou empresa em parcerias
internacionais.
Como cerca de 80% de todos os foguetes e satélites
produzidos no mundo possuem tecnologias norte-americanas --incluindo os
foguetes ucranianos--, a falta de um acordo com os norte-americanos inviabiliza
a parceria brasileira com parceria brasileira com praticamente qualquer empresa
ou governo que use tecnologia dos EUA.
Outro problema apontado pelo TCU é que o foguete
ucraniano já seria considerado ultrapassado desde a contratação do projeto. De
acordo com o órgão, o veículo usa uma tecnologia de combustível antiga e
altamente tóxica. Em caso de acidente, queda dos tanques de propulsão no mar ou
manipulação equivocada dos materiais, o risco ambiental seria grande. A base
fica próxima a áreas de conservação e, em sua área de influência, há
uma comunidade quilombola.
Agora, a área técnica do tribunal de contas vai até a
base de Alcântara para verificar de que forma foram gastos os quase R$ 500
milhões que o Brasil investiu na criação da ACS. Por meio de sua assessoria de
imprensa, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações afirma
que recebeu o relatório do TCU e "está preparando os argumentos para as
indagações feitas pelo órgão".
A reportagem procurou, por e-mail e por telefone, a AEB e
o Ministério das Relações Exteriores, por meio de suas assessorias de imprensa,
para comentar o teor da reportagem e prestar informações adicionais. Não houve
resposta.
Tragédia Marca Programa Espacial Brasileiro
Foto: Flávio Florido/Folhapress
Militar protege local de acidente em Alcântara (MA) em
2003:
21 pessoas morreram montando foguete.
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Em 2003, uma tragédia marcou o Programa Espacial
Brasileiro e, de acordo com análise dos ministros do TCU, fez com que o Brasil
abandonasse (pelo menos naquele momento) a pretensão de colocar no espaço um
foguete com capacidade de chegar à
órbita geoestacionária com tecnologia nacional.
No dia 22 de agosto daquele ano, uma explosão no
CLA destruiu o foguete brasileiro VLS e matou 21 pessoas que trabalhavam
na montagem do equipamento no local. As vítimas preparavam o veículo
experimental para seu primeiro voo, no qual levariam a bordo um satélite
geoestacionário (que fica em órbitas mais altas e que precisam de veículos mais
potentes para serem alcançadas) com tecnologia nacional.
Após a tragédia, foi assinada a criação da ACS com
os ucranianos e o Brasil nunca mais tentou lançar um foguete que fosse tão alto
no céu.
Alcântara, na região metropolitana de São Luís, fica
próximo à linha do Equador. A localização é estratégica para lançamentos
espaciais, pois oferece um caminho mais curto para os foguetes saírem da
atmosfera e serem colocados em órbita --a economia de combustível
pode chegar a 30% em relação a outros pontos de lançamento nos EUA e na Europa,
por exemplo.
Apesar disso, o Brasil nunca conseguiu aproveitar o
potencial aeroespacial do lugar. A falta do acordo de salvaguardas tecnológicas
com os Estados Unidos é apontada como principal empecilho. O esboço do acordo
original, enviado para o Congresso Nacional em 2000, quando começou a
aproximação com a Ucrânia, não havia sido aprovado até 2016, quando foi
retirado da pauta a pedido do governo.
No ano passado, o governo brasileiro enviou uma
contraproposta para o governo norte-americano. Ainda não houve resposta. Caso
os EUA aceitem a proposta, ela tem de ser aprovada pelo Congresso de lá e, depois,
ser aprovada no Congresso Nacional.
Fonte: Site UOL Notícias – https://noticias.uol.com.br
Comentário: A matéria acima comete alguns erros
grosseiros, mas serve como parâmetro. Pois é leitor, este desastre pré-anunciado
não foi por falta de aviso da Comunidade Espacial, e o Blog BRAZILIAN SPACE
chegou até a formular na época uma petição pública para a reformulação do acordo em
bases que fossem interessantes ao Brasil, e que o viesse a torná-lo realmente viável comercialmente, ou então o seu imediato cancelamento, mas que infelizmente teve pouca repercussão
e assim o resultado foi este que você leitor está vendo. Todos os problemas apontados
na matéria e outros que não foram, desde o inicio foram identificados pela
Comunidade Espacial do país, mas na contramão da história, motivado exclusivamente
pelo irresponsável “Toma Lá Da Cá” da politica feita no Brasil por esses vermes,
o ex-presidente humorista LULA (hoje envolvido com a justiça por corrupção)
assinou este acordo leonino e estupido sem qualquer chance de sucesso comercial
no que se propunha. Mas enfim, quem planta colhe, e este Território de Piratas
em que vivemos, tem o Governo que merece. Aproveitamos para agradecer ao leitor Ricardo Melo pelo envio desta notícia.
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