Uma Empresa Brasileira Para Integração de Sistemas Espaciais
Olá leitor!
Segue abaixo mais uma entrevista com o presidente da
empresa VISIONA, o Sr. Eduardo Bonini, publicada na edição de junho da “Revista
Tecnologia & Defesa” e postada ontem
(06/07) pelo companheiro André Mileski em seu Blog “Panorama Espacial”.
Duda Falcão
Uma Empresa Brasileira Para
Integração de Sistemas Espaciais
O presidente da Visiona fala à
T&D
Revista Tecnologia & Defesa
Nº 141, junho de 2015
Criada em 28 de maio de 2012, a Visiona Tecnologia
Espacial, joint-venture entre a Embraer e a
estatal de telecomunicações Telebras, nasceu com o propósito de atuar como
integradora nacional (prime contractor)
de sistemas espaciais, em linha com os preceitos do PNAE 2012-2021.
O SGDC, para o qual foi contratada pelo Governo Federal,
em dezembro de 2013, é seu grande projeto, muito embora a companhia tenha
outras ações e pretensões já bem definidas. Além de satélites de comunicações,
se propõe a exercer o papel de prime contractor em futuras missões de satélites
do PNAE e do PESE, e o SCD-Hidro, projetos que necessariamente devem envolver
um maior envolvimento industrial nacional.
A Visiona tem analisado iniciativas no campo de
tecnologias críticas para o setor espacial, como sistemas de controle de
atitude e órbita. Em audiência no Senado Federal, em novembro de 2014, seu
presidente, Eduardo Bonini, falou sobre a intenção em desenvolver algo nesse
segmento. “Nós estamos analisando a possibilidade de começar um desenvolvimento
sobre esse software, que é um sistema altamente preciso; consiste na manutenção
de órbita e controle de posição de movimento do satélite, uma tecnologia que
não é dominada pelo Brasil e é a tecnologia central para controle do satélite e
integração dos sistemas”, afirmou.
Em maio último, Bonini concedeu a seguinte entrevista à
revista:
Tecnologia & Defesa - A Visiona surgiu com o
principal propósito de atuar como integradora em missões do Programa Espacial
Brasileiro. Neste cenário, são consideradas possibilidades de aquisições de
empresas como forma de consolidar este setor industrial no País?
Eduardo Bonini - A Visiona,
antes de iniciar qualquer aquisição de empresas, pretende que, com novos
projetos e contratos, possa fortalecer a cadeia de fornecedores locais já
existentes, inclusive ajudar esses fornecedores a serem capacitados e incluídos
na rede de fornecedores internacionais de componentes e subsistemas espaciais.
No futuro, seriam identificados os processos industriais de maior sinergia com
as atividades da empresa, que poderiam ser desenvolvidos na Visiona de forma
orgânica ou por meio de aquisições.
Tecnologia & Defesa - O senhor poderia falar um pouco
sobre o status do projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações
Estratégicas (SGDC), tanto do segmento espacial quanto do terrestre?
Eduardo Bonini - O
desenvolvimento do satélite vem acontecendo exatamente dentro do prazo
planejado no início do programa, estando hoje algumas semanas adiantado em
relação à programação original, mantendo a meta do lançamento para o início da
janela programada, que é setembro de 2016.
Esta janela está relacionada
ao serviço contratado junto ao fabricante do lançador do satélite, que pode ter
uma variação de seis meses. Estamos trabalhando de forma coordenada entre a
fabricação do satélite e a disponibilidade do lançador, para lançamento no
início dessa janela. O processo de colocação do seguro de lançamento no mercado
está concluído, inclusive com a participação de seguradoras e resseguradoras
nacionais, e a contratação da apólice agora depende de decisão final da
Telebras.
Os equipamentos que comporão
os Centros de Controle do satélite estão prontos para serem embarcados para o
Brasil, aguardando a disponibilização pela Telebras das salas técnicas onde
deverão ser instalados. A contratação dos gateways e terminais de usuário está
sendo conduzida pela Telebras dentro das suas capacidades técnicas e
orçamentárias.
T&D - Quais são as perspectivas para a contratação de
um segundo satélite de comunicações? A Visiona já mantém conversações com o
governo neste sentido?
Eduardo Bonini - Esta é uma
decisão única e exclusiva de nosso cliente, que deverá avaliar a necessidade ou
não de um satélite adicional, baseado na demanda e nas capacidades deste
primeiro satélite.
T&D - Em abril deste ano, o presidente da Embraer
Defesa e Segurança, Jackson Schneider, falou sobre o interesse da empresa em
atuar no campo de lançadores, tendo citado, inclusive, o Veículo Lançador de
Microssatélites (VLM), desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço
(IAE), contando com a participação da Agência Espacial da Alemanha (DLR). O
senhor poderia comentar a respeito?
Eduardo Bonini - Este assunto
diz respeito à Embraer Defesa e Segurança, sem o envolvimento da Visiona.
T&D - Sabe-se que, além
do SGDC, a Visiona está atenta a outras oportunidades mais imediatas na área
como o projeto do SCD-HIDRO, e tecnologias de controle de satélites. Isso foi,
aliás, citado pelo senhor em audiência pública no Senado Federal em novembro de
2014. Como estão tais iniciativas e quais são as suas expectativas?
Eduardo Bonini - A Visiona
está e estará sempre atenta tanto a novas oportunidades para realização de
novos negócios, como para a necessidade de desenvolvimento de tecnologias que
ainda não sejam dominadas pelo País. Aguardamos, com todo interesse, que
apareçam novas oportunidades onde nossa empresa possa contribuir para o
desenvolvimento e entrega das necessidades satelitais demandadas pelo governo
brasileiro. Nossa expectativa é que estes projetos sejam lançados o quanto
antes, ainda neste ano de 2015.
Quanto à capacitação em
tecnologias críticas, a Visiona iniciou o projeto de desenvolvimento de um
sistema de controle de atitude para satélites de órbita baixa. Esse projeto
permitirá um elevado grau de autonomia nacional nas futuras missões de satélite
tanto para aplicações civis quanto de defesa.
T&D - O Programa Nacional de Atividades Espaciais
(PNAE), da Agência Espacial Brasileira (AEB), lista uma série de missões
futuras de satélites, como o SGDC, em desenvolvimento; observação terrestre -
incluindo tecnologia radar; meteorologia; entre outras. Como isso se inclui no
planejamento da Visiona e, após o SGDC, quais serão os próximos passos no
âmbito do PNAE?
Eduardo Bonini - O PNAE é um
programa muito bem elaborado pela AEB e apresenta detalhes que ajudam as
empresas a se prepararem para atender a essas futuras necessidades, através de
seu desenvolvimento e capacitação. Assim como todas as empresas do setor,
estamos nos preparando para esses projetos e aguardamos que o programa possa
ser implantado da maneira mais rápida possível, entendendo a situação pela qual
o País passa em relação ao ajuste fiscal.
T&D - O Programa Estratégico de Sistemas Espaciais
(PESE), do Ministério da Defesa, é outra oportunidade que tem atraído atenções
e gerado movimentações, apesar das questões orçamentárias que acabaram por
atrasar a sua implementação. Qual é a visão e a estratégia da Visiona em
relação ao assunto?
Eduardo Bonini - A estratégia
é a mesma descrita em relação ao PNAE. Inclusive, para o PESE, parte das
soluções que estão sendo estudadas para aplicações de plataformas satelitais,
poderiam ter uso dual, tanto civil como militar, para diversos tipos de
tecnologia, tais como ótico, radar, comunicação tática, etc. Estamos olhando
para os dois planos de forma integrada, buscando soluções que possam ser
aplicadas de forma conjunta, o que minimizará custos e potencializará o
envolvimento da base industrial local.
T&D - O uso crescente de nanossatélites, como
cubesats, é uma tendência mundial, havendo vários projetos sendo desenvolvidos
no Brasil, com alguns já implementados com sucesso. A Visiona tem considerado
esta tecnologia em seus planos e elaboração de propostas para o atendimento de
demandas locais?
Eduardo Bonini - Temos
acompanhado a evolução da tecnologia e concordamos que a tendência de redução
do tamanho e custo dos satélites é um fato inexorável. Especificamente em
relação aos nanossatélites, temos estudado o assunto em parceria com outras
empresas e vemos que, de forma geral, ainda há poucas aplicações maduras para
os nanossatélites, não só por limitações do “estado-da-arte” da tecnologia, mas
principalmente por restrições físicas decorrentes do tamanho, vida esperada e
capacidade de geração de energia destes satélites. Certamente existem nichos em
que este conceito pode ser aplicado, mas acreditamos que as necessidades
brasileiras requerem satélites de porte um pouco maior.
Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/
A revista só não perguntou o mais importante: quando é que o Brasil vai deixar de só "integrar", (que para mim não passa de montar tecnologias importadas) e sair da zona de conforto (para não dizer preguiça mental) e tornar-se um país de verdade, adensando a cadeia produtiva da indústria espacial.
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